7 de outubro de 2018

Arouqu[é]nses ou arouqu[ê]nses?


   Como se pronuncia “arouquense”? É Arouqu[é]nse, com o “e” aberto, ou arouqu[ê]nse, com o “e” anasalado? As duas formas soam de modo bastante distinto e, espero não errar no que digo, tradicionalmente são usadas, a primeira pelos nados e criados nas freguesias mais a este e centrais do concelho, enquanto a segunda pelos nados e criados nas freguesias mais a oeste.
   Quem diz “arouquense”, diz “contente”, “cento”, “vento”… Eu, como sou dos nados e criados em Mansores, s[ê]mpre me intrigou esta questão, a que não sei responder.
   Como explicam isto os linguistas e especialistas nos padrões e na fonética da língua? Ignoro, mas atrevo-me a adiantar uma hipótese de explicação da origem de tão clara distinção de fonéticas usadas dentro de um mesmo concelho de extensão relativamente pequena. Não terá a ver com a distinção histórica, secular, do ponto de vista de organização territorial e enquadramento administrativo, entre as terras de Arouca e aquelas a que pertenciam os territórios de Mansores, Escariz, São Miguel do Mato e Fermedo? É que estas quatro freguesias só em meados do século XIX integraram Arouca.
   Não se tratará de determinar qual das alternativas é a melhor. Suponho serem ambas igualmente válidas. Eventualmente, no português falado em Portugal uma delas poderá ser mais comum do que a outra. A primeira delas é a que usou Adriano Correia de Oliveira, quando gravou a “Trova do Vento que Passa”, de Manuel Alegre. Reparei nisso quando há dias a ouvi na rádio:
   “Pergunto ao vento que passa
   notícias do meu país
   e o vento cala a desgraça
   o vento nada me diz…
   (…)"