9 de outubro de 2018

O avô Abel da Diáspora Arouquense

Abel Gomes de Pinho, nascido em Arouca em 1907, decide viajar para o Brasil por volta do ano de 1927, acompanhando muitos conterrâneos que, naquela altura, procuravam na antiga colónia o desafogo financeiro que não encontravam num país exausto, atrofiado e traumatizado por sucessivos eventos políticos e sociais que promoviam um ambiente absolutamente desestabilizador junto da classe trabalhadora, cuja realidade do dia-a-dia consistia, apenas, em lutar para conseguir sobreviver a mais uma jornada de fome.

Tal como em muitos outros casos, seus pais, Manoel Gomes de Pinho e Carolina de Jesus, não concordam com tamanha aventura, pois desde o século anterior eram já inúmeros os relatos de casos mal sucedidos, acabados em maior desgraça do que aquela que os infortunados aventureiros viviam no seu país.

Apesar da discordância e falta de consentimento de seus pais, Abel Gomes de Pinho decide galhardamente avançar e iniciar o caminho que confiava vir a mudar a sua vida.

Da viagem e dos primeiros tempos, não há relatos. Tempos difíceis, por certo, que uma nova vida numa terra tão distante, demora a alicerçar! Sabe-se apenas que cerca de 3/4 anos após a sua chegada, corria o ano de 1930 ou 1931, casa-se em São Paulo com Maria Leopoldina Nunes, que passa então a chamar-se Maria Leopoldina Gomes.

Acaba por morrer cedo, com apenas 36 anos de idade, no dia 12 de Junho de 1943, não resistindo a uma febre tifóide, de acordo com a informação na sua certidão de óbito. Deixa cinco filhos em idade muito tenra: Abel, de 12 anos; Maria de Lourdes, com 9 anos; Ercília, com 7 anos; Alzira, com 4 anos; Maria Estela, de apenas 2 anos.

Em 2017, os seus descendentes realizam o primeiro encontro da família Gomes e dessa reunião nasce o desejo de conhecer a origem da família, onde tudo começou. Este encontro, deixou nos seus filhos, netos e bisnetos a saudade e nostalgia em relação ao avô que nunca conheceram fisicamente.

Por mera casualidade, no passado dia 15 de Agosto de 2018 alguns dos seus descendentes, em visita a Arouca, acabam por contactar comigo. Desse contacto surge a minha disponibilidade em ajudar a encontrar a família arouquense do avô Abel que, muito embora nunca mais tenha regressado a Arouca, foi capaz de deixar nos seus descendentes este sentimento tão nosso de apego à nossa terra.

Que bom seria encontrar a família do avô Abel...