13 de outubro de 2018

Arouca, um bom exemplo para a valorização do interior.


No passado dia 6 de Outubro, realizou-se, em Mondim de Basto, a conferência “Despovoamento e Desenvolvimento”, sob a organização, entre outros, da Associação Portuguesa de Geógrafos. Nesta conferência foram discutidas questões relacionadas com a perda de população e o desenvolvimento do interior do país, na convicção de que esta vasta região afastada do litoral não irá conseguir atrair mais habitantes nas próximas décadas.

Teresa Sá Marques, coordenadora científica do Programa Nacional da Política do Ordenamento do Território defendeu que o caminho que os municípios que sofrem da interioridade devem seguir passa por se unirem “para ganharem escala” e haver “mais cooperação entre o urbano e o rural”. Caso tal não aconteça, estes concelhos “dificilmente vão conseguir igualdade de oportunidades”. João Paulo Catarino, coordenador da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, defendeu que as comunidades intermunicipais “são o futuro”.

Arouca, apesar de próxima do litoral e vizinha de uma comunidade urbana com grande dinâmica económica, habituou-se desde há muitos anos a ter que lutar contra o fenómeno da interioridade. E talvez o maior problema da nossa vila seja mesmo a sua localização. Demasiado próxima de uma malha urbana litoral com grande dinamismo industrial, que foi absorvendo, ao longo dos anos, a atenção e o investimento de uma política feita a partir da capital, com foco predominante num setor secundário que teimosamente não se instalava em Arouca. Demasiado distante de um interior, olhado por Lisboa como um recurso para a obtenção de fundos europeus e, por isso, brindado com obras que promoviam o tão falado e eleitoralmente interessante “equilíbrio territorial”.

Ainda assim, os arouquenses, orgulhosos de si mesmos e com a certeza do tanto que a sua terra tinha para dar, nunca desistiram. Acompanhados por uma resiliência extrema, foram lutando e criando dinâmicas internas fortes, transportando-as para territórios vizinhos, e assim fazendo-se notar. Arouca passou a ser vista como um exemplo a seguir.

Os territórios do Arouca Geopark e das Montanhas Mágicas, geridos por duas associações sedeadas em Arouca – Associação Geoparque Arouca e ADRIMAG - que diariamente trabalham no desenvolvimento dinâmico, sustentado e integrado das regiões que promovem, são nos dias que correm dois exemplos paradigmáticos daquilo que foi defendido no dia 6 de Outubro em Mondim de Basto.  É, por isso, importante reconhecer o trabalho que se faz a partir do nosso concelho, desde há cerca de uma década, e reconhecer igualmente o papel de cada uma das pessoas que, trabalhando nestas associações, deram e continuam a dar o melhor de si no sentido de superar os problemas a que uma interioridade forçada obriga. Porque não há organizações dinâmicas sem colaboradores dinâmicos.

Sem este caminho iniciado há cerca de dez anos, muito daquilo que se tem conseguido para o nosso concelho, talvez não tivesse sido possível. Que Arouca continue a ser um bom exemplo.