20 de junho de 2021

Uma conquista de todos nós!


Passadas que estão três semanas sobre a data que marcou o regresso do Futebol Clube de Arouca à I Liga Portuguesa uma reflexão que procure não ser influenciada pela emoção do momento e do feito histórico impõe-se.

“Uma conquista de todos nós” foi uma frase que o FCA colocou nas suas redes sociais aquando a efetivação da subida e que me fez pensar no “todos nós”.

Nós, somos Armando Evangelista e a sua equipa técnica, uma aposta acertada para almejar objetivo. Não sei se o objetivo no início da época seria a subida, talvez nos melhores sonhos, mas a verdade é que ao longo da temporada este treinador veio demonstrando e cimentando a qualidade que já lhe era reconhecida nas lides do futebol e que aguardava somente o momento certo.

Nós, somos o conjunto de jogadores, alguns já com alguns anos de casa e com a escola do Arouca que acredito  tenham já em si; aquele sentimento tantas vezes apregoado a entrada de cada jogo “o orgulho Arouquense”.

Nós, somos, acima de tudo e antes de tudo, a equipa diretiva liderada por Carlos Pinho. Os feitos desportivos alcançados por este presidente na história do FCA são inacreditáveis e incomparáveis se narrados na lógica do futebol de milhões e de massas de hoje. Passamos de um clube de distrital a jogar num campo pelado, há pouco mais de uma dúzia de anos, para um clube que consegue uma classificação para a liga Europa e que vai jogar a Atenas contra o Olympiacos ou um clube que vai ganhar ao estádio do Dragão só para citar dois exemplos.  E quando tudo parecia estar a desmoronar-se com duas descidas de divisão, com uma crise financeira, com um plano de insolvência e um PER eis que, como Fénix, liderado novamente por Carlos Pinho, o FCA volta a ribalta e aos grandes do futebol português. Anacrónico que na mesma temporada em que a “existência” do FCA enquanto clube e associação desportiva se vê ameaçada consiga voltar a surpreender tudo e todos e voltar ao topo do futebol nacional. Sendo o futebol um negócio, muito dificilmente uma empresa que estaria para falir conseguiria no mesmo ano apresentar os melhores resultados de sempre. Mas o futebol é isto mesmo, acima de tudo muito acreditar e muita paixão.

Carlos Pinho e a sua gestão não são unânimes entre os arouquenses e na suas relações com outras entidades locais como é sabido e público. Por vezes estas relações têm sido discordantes mas, para o bem ou para o mal, é ele que temos como principal figura de tudo o que tem decorrido na história mais recente do clube.

Nós, temos que voltar a ser também todos os sócios e arouquenses, que se viram afastados do clube nos últimos dois anos. A pandemia veio agravar muito este afastamento que já vinha ocorrendo. Temos de voltar a estar com o clube e o clube tem de voltar a conquistar todos os sócios. O clube tem que saber também cativar os seus adeptos pois só assim fará sentido: um clube , uma terra , uma população unida para que os feitos sejam ainda mais grandiosos.

Somos uma vila pequena que se fez grande, não só, mas também, à custa do seu clube e da sua direção. A expressão todos seremos poucos faz agora e mais do que nunca todo sentido.

Vamos! Orgulho Arouquense. 

5 de junho de 2021

A Pensar Alto! Penso, logo existo...

O interior do nosso País está repleto de pequenos lugares de nomes variados, alguns dão até a impressão de largo futuro, outros nem por isso. Mas uns e outros tirando o pormenor dos nomes são semelhantes, as mesmas queixas repetidas vezes sem conta, a esperança resignada de que até o fácil é absurdamente difícil e o mesmo olhar para os dias futuros, sem brilhos e a esconder a tristeza. Arouca não foge à regra e tem também alguns desses exemplos que de tanto nos entrarem pelos olhos já nem exemplos são. Um destes dias, se calhar hoje, por acaso fui até Penso. Penso é um lugar que todos os habitantes da Vila ou arredores, se não conhecem já ouviram falar porque é muito próximo da Vila. É um pequeno lugar com uma mão cheia de casas e talvez a mesma mão cheia de moradores, deitado numa pequena encosta entre a zona industrial e Figueiredo, pertinho da Vila, mas não lhe consegue deitar a vista, parece escondido entre o arvoredo e recebe apesar disso o sol bem de frente. Penso, nome algo estranho, tem uma estradinha estreita que, e disso pode gabar se, entra por um lado e sai pelo outro, qual variante de uma importante zona urbana. Terrenos de cultivo agrícola apertados pela floresta, mas a imporem a diferença. Tem os seus terrenos agrícolas bem cultivados, tem árvores de fruto com boa cara e muitos sabores, todo o tipo de novidades que as saladas não dispensam, o gado de criação que qualquer zona agrícola tem que mostrar a todos, tem tudo o que os moradores que por lá vivem conseguem rentabilizar com o mesmo trabalho dos seus pais e outros antepassados. Uns já foram fora olhar para outros Países e melhorar a vida, e agora regressaram, outros conseguiram ficar e pelo muito trabalho ter êxito, outros vão lá dormir e descansar de ocupações diferentes, mas que merecem também o conforto do descanso num local tão tranquilo. Gentes que não desistem. Penso, tão pertinho da Vila que serve de referência, não tem saneamento, verdade, pela estradinha não pode passar nem sei porquê, e pelos campos agrícolas a máquina que perfura os solos não passa, de água, da que salta tratada pelas nossas torneiras, cada um tem a sua, de mina ou poço, O estranho disto é que serve de leito para as condutas que a levam para os que a podem ter canalizada pelo vale e outras terras, mas por estranho que pareça fica por aí este pequeno luxo que para muitos de tão banal nem isso é. Tão perto e tão longe. A pequena e apertada estrada é invadida pela abundante vegetação e tem momentos que até parece andar mos por longe numa floresta das que vão desaparecendo. Tem carências que muitos lugares podem gritar também como suas, tem imensas reclamações a cair em saco rôto, mas os seus habitantes vão mantendo o mesmo amor pela terra que é o seu lar, que nos deixa surpreendidos com a paciência e as expetativas de muitos Portugueses. Recebemos dos nossos passados um País e uma terra muito diferente da que vamos deixar ficar para os futuros, e como os dias vão continuando é impossível emendar o muito que se estragou e deixou estragar, sem ter uma justificação coerente e digna. O que será da nossa terra sem estes pequenos lugares com gentes que nos enchem as dispensas, gentes que não perdem tempos em engarrafamentos, gentes sem horários, gentes que decidiram continuar a lutar cada vez mais quixotescamente para não perder aquele espírito que nos fez há muito tempo já, sermos conquistadores do Mundo e olhar orgulhosamente para todo o lado. Que será de um País e de uma terra em que todos viverão empilhados, abraçados por shoppings e com o lazer num ecrã de tamanho a escolher. Temos que lutar por todos estes pequenos lugares pelo menos para que nos ativem a consciência que apesar de tudo continuamos a percorrer maus caminhos, sei lá que mais. O Interior do nosso País não pode continuar a servir para acumular casas que ninguém habita ou paisagens de silvados imensos atravessados de longe a longe por auto estradas sem destino. O poder político deve assumir de vez as suas responsabilidades e nós eleitores não podemos esquecer e até decidir de uma vez por todas o que queremos para o futuro. De resto é falar para o boneco, e desculpas é o mais fácil de arranjar, o problema é que o tempo não pára e cada dia sem soluções e sem vontade para as admitir é menos um. Apesar de tudo continuo otimista e a aguardar que estes tempos de pós confinamentos que tanto possibilitaram muitas horas de imensos pensamentos e olhares para os lugares mais isolados, terminem os problemas com soluções diferentes do costume. Queremos uma terra saudável e feliz, lutemos por isso. Queremos uma vida como a vida deve ser vivida, por todos, com respeito pelas raízes e ansiosos pelo futuro que só pode ser melhor. Que todos os Pensos deste País sintam que estamos com eles.

A regressar de um pequeno passeio pelo lugar de Penso na freguesia de Arouca, ali pertinho da nossa Vila. E nem é muito distante do tal litoral. Pelo menos desta vez serviu como representante de muitos outros.