31 de março de 2021

Sobre a polémica em torno dos prémios do turismo

Depois do presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve ter sugerido que os prémios do turismo são comprados, os World Travel Awards e, nomeadamente, os prémios repetidamente atribuídos aos Passadiços do Paiva naquele evento, têm estado a ser questionados e até desacreditados, por algumas pessoas de Arouca e mesmo por forasteiros.

A alegada compra dos prémios prende-se com o facto dos interessados em colocar locais ou equipamentos de atração turística a concurso, terem de pagar uma inscrição e depois terem que pagar também o respetivo troféu e diploma, bem como suportar os custos da presença na respetiva gala.

E, ao que julgo saber, é isto que tem causado estranheza, estupefação e indignação a algumas pessoas, que, por isso, estão empenhadas em questionar, desacreditar e, também assim, desmerecer os prémios que o Município tem repetidamente alcançado com aquele equipamento turístico ou, simplesmente, como convém à época de concurso ao poder, apenas ver o "circo a arder". Assim, como se fosse a cereja no topo do bolo de todos quantos regressam dos Passadiços do Paiva, com o sentimento de que não valeu a pena ou de que foram enganados. Só que não!

Abstendo-me de comentar o funcionamento desse tipo de eventos e prémios, pois é o que mais para aí há, mesmo entre nós, como, por exemplo, as também bem pagas "7 Maravilhas de Portugal"; em minha opinião, "levantada a lebre", quando muito, poderá questionar-se (em órgão próprio) o custo/benefício "da compra" para o município e para os arouquenses, tal como se faria com o investimento num qualquer tipo de publicidade. Mais do que isso, é pura demagogia e populismo e, em alguns casos, mero oportunismo eleitoralista, que não beneficia ninguém.

Pessoalmente, acho plenamente justificado o investimento (que não conheço, mas que também nunca vi questionado por deputados municipais e vereadores, pelo que não será de grande monta), pois, para além de efetivamente existir um concurso, "comprado" ou "por comprar", com mais participantes (alguns dos quais até ficarão aquém do prémio pretendido, apesar do investimento, imagine-se...),  tem sido evidente a publicidade e retorno para Arouca e para os Arouquenses, nomeadamente para a hotelaria e restauração.

30 de março de 2021

Planta rara e em perigo de extinção foi encontrada no Arouca Geopark

Uma planta rara e em perigo de extinção - a Potentilha-dos-Montes (Potentilla Montana) - foi encontrada no Arouca Geopark, segundo informa o site oficial, referindo que "Carminda Santos, naturalista do projeto ciência-cidadã ‘Biodiversidade do Arouca Geopark’, observou e registou esta planta neste território, pela primeira vez, e acrescentou uma nova localização no mapa nacional de distribuição da espécie. Com distribuição restrita a Portugal, esta planta habita em locais rochosos, taludes, prados e orlas, sendo apenas conhecidos, até ao momento, três núcleos populacionais."

Potentilha-dos-Montes (Potentilla Montana)
Foto: Arouca Geopark

Alguém me perguntou, há um tempo, qual é o pior problema que o mundo hoje enfrenta. Não creio que seja a crise económica, mas sim a destruição do meio-ambiente. Milhares de espécies são destruídas todos os anos, desaparecem simplesmente e não as podemos reproduzir. 
Palavras do Professor Doutor Robert Aumann, Catedrático da Universidade Hebraica de Jerusalém - Israel, economista e Prémio Nobel da Economia de 2005, numa entrevista publicada no semanário Expresso de 29 de Novembro de 2008, concedida ao jornalista portuense Henrique Cymerman.

26 de março de 2021

A Pensar Alto! Vamos todos ficar bem... O arco-íris de cores carregadas.

Um ano. Passou um ano que de repente sem grandes discussões, experimentamos pela primeira vez o confinamento, uma espécie de prisão dourada, quase todos nos domicílios sem contactos ,o mínimo de  companhias, com receios a substituir as conversas e futuros negros nos pensamentos. Num instante, lá foi a vida que julgávamos nunca sofreria tais alterações, nunca na pior das hipóteses e logo da maneira que foi. Assustados, intimidados com as notícias e mais, cada um se fechou num casulo de aparente segurança, e esperou que os dias passassem com muita rapidez, para numa qualquer manhã quando os olhos se abrem mais, com sol mais quente e pensamentos mais brilhantes, tudo tivesse terminado e lá íamos de novo para o costume, aquelas rotinas de que temos saudades. Sem abraços, sem beijos, muitos sem família, sós com os receios que podíamos ser os escolhidos pelo vírus invisível e mais assustador, presente em todo o lado, até nos sorrisos de uma inocente criança. Raio de doença, e logo nesta altura, como se houvesse data escolhida para mal de tal dimensão. Como conforto à medida do passar dos dias, os arco-íris com coloridos a apagar o negro da situação, e muitas esperanças que no fim, sim, porque isto ia ter um fim, íamos ficar todos bem. Mas não era só isso, no final o mundo ia ficar diferente, passe de mágica que o tal estranho vírus ia conseguir. Nunca mais se repetiriam erros tão habituais, de ganância a atropelar homens e natureza, o ambiente ia ficar um brinco, as sociedades iam cair em si e alterar as produções, a poluição reduzida a quase zero, enfim cada respiro só com ar do mais puro, tudo embrulhado naquela solidariedade de oportunidades que muitos já nem se lembravam que existia e que finalmente iria permitir um mundo mais solidário e igual. Passou um ano, um ano e mais alguns dias. Alguns, muitos, não conseguiram terminá-lo porque as coisas foram ficando mais complicadas, ora melhor ora menos pior, sempre os receios presentes, a esperança a ter dias, os desânimos a aparecer cada vez mais como aquelas visitas que nem precisam que se abra a porta principal e vão entrando nem que seja pelos fundos mais escondidos.  Mais um dia, de repente outro, mais um mês e é verdade mais um ano, um instantinho. Agora sei que não vamos ficar todos bem, pelo contrário, muitos vão ficar bem piores, outros além de se esconderem do horrível diário, ensaiam já a indiferença que foi sempre o rumo que mais os orienta. Não está para contemplações como dizia o meu pai quando jogava o Porto. Salve-se quem puder, ou cada um por si e logo se vê. Afinal está tudo na mesma e não vamos ficar todos bem, uns melhores que outros, o costume sem novidades. As vacinas chegaram. Primeiro passo ou último, para que regressem os abraços e o estalar dos dedos num aperto de mão a que temos que nos habituar de novo antes que isto se prolongue tanto tempo que já nem nos iremos lembrar do calor de coisas tão banais. Critérios sempre a deixar dúvidas, “porque ele e não eu??” Casos a aparecer em catadupa, “sou eu o prioritário”, “e eu?” “ainda mais prioritário que todos os outros”, “estou em contato com muita gente,” “foi para aproveitar pois iam para o lixo”, em resumo, “eu é que devo ser o primeiro, perguntem ao meu médico,” “logo vão ver que a minha intenção era a melhor.”  Tudo na mesma, bastou caírem os primeiros raios de sol de uma possível melhoria que tudo voltou, o pior voltou. Fraco sinal para o que ainda nos aguarda. Agora são as marcas, entendidos em marcas de vacinas aparecem como cogumelos, “só tomo a tal, as outras não me servem”, “não inspiram confiança”, organismos diferenciados neste retorno que não aparenta ser definitivo. Tudo igual. Com a cabeça mais enfeudada às tristes e longuíssimas horas de televisão com a acefalia no máximo, estão de regresso. Pelo menos não enganam, durou pouco a esperança de melhores dias e melhores tempos. Vai ficar tudo pior ou é impressão minha? Aguardemos para ver. Foi bonito enquanto durou e é pena mudar as cores ao arco-íris da esperança para um arco-íris de cores quase negras que perpetuem a falta de esperança. Isto sou eu a pensar, porque estou num momento de pessimismo e as luzes ao fundo do túnel estão a ficar raras e muito caras para quem começa a ficar sem grandes alternativas. Estamos a ficar assim a modos de esgotados, nervosos e os dias passam e as soluções de tanto procuradas parecem querer brincar ao esconde, esconde, aparecendo num dia e desaparecendo no outro. De resto a vida prossegue cavando ainda mais as diferenças e isso não há arco-íris capaz de esconder, isso será mais uma coisa que irá depender de todos, de nós, de si em particular. Não contribuamos para ser culpados neste retrocesso que se aproxima na vida de muita gente, por omissão ou comodismo. Da mesma forma que acreditamos nas vacinas e no esforço que muitos fazem para a nossa saúde, devemos acreditar que ninguém vai ser abandonado e mesmo com dificuldades o indispensável não está perdido. Temos que acreditar no bom senso e em que vale a pena acreditar nos desenhos das crianças porque estas os fazem com o coração pequenino, mas os sentimentos muito grandes.

23 de março de 2021

Silveiras - fragmentos quotidianos de uma aldeia beirã

O filme é de 1981 , a produção do Clube Cinematográfico de São João da Madeira.  Um raro filme documentário sobre as vivências daquelas gentes serranas há 40 anos atrás. Dos poucos filmes a cores onde podemos por exemplo ver o complexo mineiro da Poça da cadela em Regoufe antes de ser vandalizado e muito, muito mais...



18 de março de 2021

O Plano de Recuperação e Resiliência e a conclusão da 3.ª fase da Variante à EN326 de Arouca

Com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), parece mesmo ser a GRANDE OPORTUNIDADE para, no futuro próximo, se concluir a terceira fase da variante à EN326 de Arouca, entre a localidade da Abelheira (Escariz) e a Ponte da Cela / Ribeira (Tropêço)...Portugal, nos próximos anos, vai receber mesmo muito dinheiro de fundos europeus...
Segundo informa a imprensa arouquense, relativamente à presente 2.ª fase"a empreitada de ligação do Parque de Negócios de Escariz à A32 prossegue a bom ritmo. Neste momento, decorrem obras de arte corrente, obras de arte especiais, obras de contenção, bem como trabalhos de drenagem, terraplanagens e levantamentos arqueológicos. Prevê-se que até final do mês de março, se construam os pilares dos diferentes viadutos", referindo que "o Executivo Municipal já sinalizou junto do Governo a imperiosa necessidade de este (o PRR) contemplar a 3.ª fase da variante".
Portanto, mais do que nunca e em ano de eleições autárquicas, as instituições de Arouca e os Arouquenses têm que se fazer ouvir e reivindicar aquilo a que, há muito tempo, têm, impreterivelmente, direito: a conclusão da Variante à EN326. Sobretudo essa 3.ª fase, o mais rápido possível, que é mesmo urgente e que vai tornar muito mais rápido e muito mais funcional a tradicional, enraízada, empática e muita antiga mobilidade dos Arouquenses para o território do Porto e do denominado Grande Porto, no actual contexto da Área Metropolitana do Porto.
obras na actual 2ªfase da Variante à EN326 de Arouca
foto: jornal Discurso Directo

E há muito boas notícias para a «nossa área metropolitana», com a expansão, nos próximos anos, das linhas do Metro do Porto e com a construção de uma nova ponte sobre o rio Douro para o Metro do Porto, com uma componente de ciclovia e com uma componente pedonal. 
Contudo, como descreveu o chefe de redacção do JN, "não se celebre, ainda, o fim do centralismo. Feitas as contas ao investimento nos transportes para as duas grandes áreas metropolitanas, Lisboa receberá quase o dobro (2300 milhões) do Porto (1350 milhões). Há coisas que nunca mudam. Nem a tiro de bazuca." Ou seja, este ano (mais uma vez num muitíssimo injusto acto do ultra-pernicioso ultra-centralismo ultra-parasita lisboeta do Orçamento do Estado e do Poder Central lisboeta), na área dos transportes, a Área Metropolitana de Lisboa recebe mais 950 milhões de euros do que a Área Metropolitana do Porto. 
Bastava a aplicação desse dinheiro adicional de 950 milhões de euros da Área Metropolitana de Lisboa em relação à Área Metropolitana do Porto para que o Metro do Porto chegasse até Arouca, numa linha que continuaria a de Vila Nova de Gaia, pelo «Fundo do Concelho», até à Vila de Arouca, traçada, de modo estratégico, no território, pelas localidades mais centrais desse percurso. E, depois, noutro percurso, com aplicação de mais fundos, partiria da Vila de Arouca para Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis, São João da Madeira, Santa Maria da Feira, Espinho e, de novo, Vila Nova de Gaia e Porto. Ou vice-versa, na ordem cronológica da construção dessas duas linhas do Metro do Porto.
Repito o que escrevi neste blogue: a Área Metropolitana do Porto e os seus habitantes bem merecem que isso se concretize, pois está-se, aqui, a descrever alguns dos municípios mais industrializados e que mais produzem, sendo dos mais dinâmicos, em termos económicos, de todo o país e que mais contribuem para o Orçamento do Estado, inseridos na Região Norte, que é a região mais populosa de Portugal, a que mais produz, a mais industrializada, a que mais contribui para o PIB e a que mais exporta, entre outros e variados bons e benévolos aspectos... Portanto, é necessário que se inverta mesmo, de vez, o ultra-centralismo e o ultra-parasitismo lisboeta do Orçamento do Estado, bem como o ultra-centralismo e o ultra-parasitismo lisboeta de captação dos fundos europeus e da sua aplicação ultra-centralista em Lisboa e arredores. Se o Metro de Lisboa se expande com pujança, porque é que o Metro do Porto não se há-de expandir também?!...Visto que o Metro do Porto é mesmo muito necessário para os municípios industrializados das partes centro-sul e sul da Área Metropolitana do Porto.
O Metro do Porto em Arouca não é uma situação utópica, irrealista ou não concretizável...Se o Metro do Porto, hoje, chega até à Póvoa de Varzim, porque é que não poderia chegar até Arouca?!...Poderia, perfeitamente, chegar a Arouca. E bastavam apenas aqueles referidos 950 milhões de euros deste ano para isso se concretizar. O custo médio de construção do Metro do Porto é de 16 milhões de euros por Km. 950 milhões correspondem a cerca de 60Km.

12 de março de 2021

Poema publicado há precisamente 100 anos!

Completa hoje, 12 de março de 2021, precisamente, uma centena de anos que José Pereira Pinto publicou o poema "Junto a um berço", na Gazeta de Arouca e que abaixo se transcreve:

Junto a um berço

Oh! Quanto é bela, ó Sol, a tua luz calma

E lindo o teu sorrir - beleza estranha! -

Que arroubos que prazer se sente n'alma

Quando despontas no alto da montanha!


Mas mais belo que tu, Sol cristalino

Que vejo despontar no Oriente,

É o fulgor que do berço pequenino

Esparge uma criança, um inocente.


escrito em março de 1917 por José Pereira Pinto, 

publicado na Gazeta de Arouca, a 12 de março de 1921


José Pereira Pinto é um ilustre arouquense, nascido na freguesia de Alvarenga a 16 de janeiro de 1898, que concluiu o curso da Escola Normal do Porto, em 12 de agosto de 1920, com 17 valores.

Iniciou a carreira docente em Nespereira, concelho de Cinfães, em dezembro de 1920. Transitou para a escola do Paço, em Alvarenga, onde tomou posse como professor efetivo em 1926, ainda a escola não estava concluída. Entre 1926 e 1945 José Pereira Pinto deu aulas em Alvarenga e viveu na escola onde estava instalada a "casa do professor". Em 1945, muda-se para o Porto com a esposa e com os seis filhos, para que estes pudessem prosseguir os seus estudos.

Em 1949 foi nomeado professor de Didáctica Especial e Legislação e Administração Escolar na Escola do Magistério Primário do Porto. Aposentou-se em 1966, após 42 anos de lecionação.

Além de professor, José Pereira Pinto foi autarca, assumindo o pelouro de Vereador da Câmara Municipal do Porto no quadriénio de 1969-1972, presidindo à Comissão Municipal das Construções Escolares, sendo Vogal do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Gás e Eletricidade, foi Vereador Delegado à Junta Distrital do Porto, etc.

É reconhecido o seu mérito no Porto pelo seu trabalho em prol da Educação e da Cultura e por ter constituído uma família ilustre, com numerosa prole, todos dedicados ao ensino.

José Pereira Pinto, professor, poeta, músico, pai e amante das árvores e da natureza, desde novo publicou nos jornais da sua terra natal poemas como o que agora se relembra e livros de sua autoria, em vida e póstumos, pela mão do seu filho José Nuno Pereira Pinto.

Bibliografia:

Pinto, José Pereira, Esparsos. Arouca: edição de José Nuno Pereira Pinto, maio de 2019

11 de março de 2021

"Mas eu li um estudo que dizia..."


Não poucas vezes damos por nós, numa qualquer conversa, a ouvir ou a dizer, como forma de argumentar uma opinião, o seguinte: "Mas eu li um estudo que dizia..."

A verdade é que, realmente, existem estudos para tudo e mais alguma coisa, sobre qualquer tema ou assunto e com as mais diversas conclusões. Somos capazes, inclusive, sobre uma mesma matéria, de encontrarmos não só conclusões diferentes como contraditórias. E porquê? Como hei-de saber se aquilo que estou a ler é ou não fiável? Por que o "meu" estudo é melhor que "teu"?

A minha ideia não é, de todo, dar uma aula de epidemiologia. Não pretendo, tão pouco, maçar o leitor com uma explicação demasiado exaustiva sobre o tema. Aliás, para que saibam, a área é tão complexa que há teses de mestrado e doutoramento dedicadas ao estudo de estudos.

Ainda assim, acho necessário fazer uma explicação um pouco mais técnica para tornar o assunto mais perceptível. 

De forma bem simples, existem 3 grandes tipos de estudos: os Observacionais (descritivos e analíticos), os Experimentais (randomizados) e os Quase experimentais (não randomizados). Ainda existem as meta análises.

Nos primeiros não existe intervenção de quem faz o estudo, enquanto que nos outros, sim. Ou seja, nos estudos observacionais, o investigador apenas descreve o que se propõe a investigar (tira uma espécie de fotografia da realidade) enquanto que nos experimentais e quase experimentais o investigador cria as condições para realizar uma determinada experiência. Intervém, objectivamente, na mesma. E chega. Para o meu objectivo, esta explicação simples e sucinta, serve perfeitamente. 

Muito importante, então, para sabermos interpretar as conclusões que nos entram pelos olhos, é sabermos que existe uma hierarquia no que à fiabilidade diz respeito. Em teoria, uma conclusão dum estudo experimental randomizado será a mais fiável. A seguir são os quase experimentais e, só depois, os Observacionais. Ainda pudemos apertar mais o crivo e escolher as chamadas  meta análises (análise das conclusões de vários estudos sobre um mesmo tema e perceber para onde tende as diversas teorias). 

Por exemplo, se alguém me disser que viu num estudo observacional que o bagaço com mel cura a constipação e se eu, num estudo experimental, randomizado, duplamente cego e estatisticamente significativo verificar que não faz rigorosamente nada, em teoria, serei eu a ter razão. 

Para complicar isto tudo, mesmo dentro da categoria dos estudos mais fiáveis, existem inúmeros pouco recomendados. Por diversos motivos mas, essencialmente, por serem feitos de forma enviesada. São tendenciosos ou servem determinada agenda. Cheios de conflitos de interesse. E isso sabe-se. Isso está estudado e identificado. A título de exemplo, perceba o leitor que, uma conclusão dum estudo sobre cafés que tenha sido pago por uma determinada marca desse produto, não será muito rigoroso.

Embora este processo de análise pareça complexo, nós, os comuns cidadãos, temos a vida facilitada. Todo este crivo já foi feito por alguém. Apenas precisamos de consultar as melhores revistas e os melhores sites. Lá estarão, em teoria, os melhores estudos e os mais bem feitos. As conclusões mais fidedignas estarão, por exemplo, numa The Lancet, numa Nature ou numa Cell (no que à ciência diz respeito). Pouco me importa, honestamente, o que diz a Men's Health ou a revista Maria.

Para concluir,  gostava apenas de reforçar que não tenho a pretensão de ensinar absolutamente  nada. Trata-se, apenas, dum complemento ao artigo que aqui (link) escrevi anteriormente na esperança, humilde, em aumentar um pouquinho a literacia em ciência e, com isso, ajudar na selecção de boa informação. 

João Pedro Ferreira