28 de julho de 2020

A Pensar Alto! Olhares...


Conheci o não me lembro há quantos anos,sei que foi no verão, durante o mês de Julho,aí pelo meio do mês.Finalmente conheci aquela casa que tinha sempre visto vazia, encher se de gargalhadas e suspiros de quem por momentos mesmo que poucos, esquecia as agruras de uma vida longe e fazia destes breves regressos uns dias de festas sem fim, como se o tempo se escoasse mais depressa e nada pudesse ficar por comemorar.A apresentação foi breve,era o vizinho mais próximo, e logo recebi um abraço bem apertado, e só nessa primeira vez veio sem a garrafa com aqueles líquidos repletos de fama  que se identificam com o sucesso,e que  desde esse dia passou a fazer parte do ritual do reencontro. E sempre a acompanhar, as conversas, e alguns desabafos, de quem não vive só  coisas boas por terras distantes de outras gentes e hábitos diferentes.Lembro me bem dos abraços,depois talvez porque os filhos cresciam sempre um bom bocado e se comentava a beleza desse crescimento,passei a receber beijos de companhia,dois, três e até quatro porque era sempre bom mostrar as modernidades dos encontros  e as novidades importadas .E sempre muita conversa com olhos de felicidade e ideias  amontoadas o ano inteiro.E ano após ano foi sempre assim.Não havia pretexto para alterar o que bem estava, e lá vai abraço,beijos,conversas, e umas palmadinhas que sem elas parece que não se mostra bem a alegria, uma espécie de café forte com belas colheradas de açúcar.Somos criaturas de afetos acompanhados, onde o tato é um sentido que muito contribui para os momentos mais efusivos e por incrivel que pareça para os mais tristes também.Vale mais um abraço que mil palavras,ouvia por aí.Nunca foi preciso imaginar tudo isto sem a proximidade que demonstra e complementa.E sabe bem, porque fomos ensinados  a saber transmitir assim as emoções mais fortes,  silenciosas ou não, muitas vezes a substituir palavras que por muito que se procurem não são as adequadas e têm um som que incomoda . E de repente,nem  5 meses passaram,  as nossas vidas deram uma volta e tiveram alterações inimagináveis até há  bem pouco tempo. Estamos todos fartos destas vidas sem contatos, de higienização em higienização e de encolheres de ombros á distância que os regulamentos e os cuidados,sei lá a sobrevivência, impõem.No meio deste novo mundo,lá veio de novo meados de Julho e deu se de novo o reencontro,mas tão diferente foi.Passamos a substituir o tato pela visão.Agora os olhos saõ o mais importante,abraçam,confortam, envolvem em abraços o mais apertados possiveis,os amigos e toda a gente que disso necessite,choram até de outra maneira, e aproveitam misturar ansiedades e angústias com outros sentimentos acumulados,calam se, enganam e duplicam as funções,tanto festejam com regressos como se embaciam com despedidas.Os olhos entendo eu finalmente são o espelho da alma, são o nosso espelho, falam, o mais alto possivel.Já tive dessa maneira tão estranha de despedir me de amigos próximos,de confortar filhos e viúvas,de enganar até a mim próprio, com indiferença fingida para me  manter liberto, apesar da sensação de bicho encurralado.Já beijei até com muitas ganas familia próxima sem qualquer toque,á distância possivel.No meio disto tudo, foi assim o reencontro deste Julho de 2020 .Como a conversa tinha pedaços maiores de tristezas e novidades muito incómodas,falou se pouco e justificou se com a distância de segurança.Passou se a garrafa de mãos com alguns receios á mistura,será que ...apesar de tudo não se esqueceram na totalidade os sorrisos e os desejos foram ainda mais sinceros.Para o ano havemos de dar aqueles abraços e esquecer o pesadelo,para o ano....vivemos agora a agarrar o futuro sem braços,a reprimir impulsos tão naturais, mas como o naúfrago, a  tentar salvar se sem olhar a quem o segura firme.Para o ano,prometo já, vou abraçá-los,vou beijá los todos e até dançar se fôr possivel. Nesse momento vou fechar os olhos cansados de tantas canseiras pelos trabalhos antigos e mais os novos, e pelo menos continuar a sonhar.Pelo menos isso, os sonhos nada os impede.Respeitemos todos as regras que a isso nos irão conduzir.Vamos todos ficar bem.Abraço apertado,dos tais....A contrariar a pandemia!

7 de julho de 2020

A Pensar Alto! O colégio de Santo António ( ao meu amigo e primo Joaquim Arouca de quem tenho imensas saudades e a quem não pude agradecer a amizade que me dedicava).


Local de encontro de muitos dos nossos estudantes masculinos nos anos cinquenta e sessenta, o colégio de santo António desapareceu sozinho, e em pouco tempo discretamente se vão apagando as lembranças de um local que possibilitou a muitos jovens rapazes frequentarem aulas, e dar os passos que lhes permitiram abandonar a vida triste e sem grandes expetativas que o anterior regime vendia. Foi a porta que se abriu ou entreabriu para muitos jovens rapazes do nosso Vale e de todo o Concelho, que apesar de difíceis deslocações, e outro tipo de sacrifícios, aí encontraram um local onde aprenderam as primeiras letras, e prosseguiram por caminhos muito pouco usados num caminho pleno de descobertas. Foi também aí que tiveram os primeiros amigos, encontraram os primeiros heróis e começaram a aperceber se que por muito que se amedrontem as pessoas com fronteiras e mordaças, o espirito e a ânsia por conhecimentos permite fugir de todas as prisões. Era um prédio sem conforto como eram a grande maioria da altura. Um rés do chão com secretaria, duas ou três salas, um pequeno ginásio, e um primeiro andar quase igual enriquecido com um inicio de biblioteca e laboratório muito rudimentar. Nem aquecimentos nem arrefecimentos, carteiras quanto bastassem, quadros pretos sempre prontos a receber o branco dos pedaços de giz, quase só o indispensável. As aulas eram sempre de manhã e de tarde, não existia cantina e os alunos que não podiam ir almoçar a casa ou traziam logo de manhã ou almoçavam em casas de particulares amigos ou de família ali próximas. Se não me engano havia uma turma por ano de ensino e a quantidade de alunos não era muito grande. Era um ensino dirigido por um padre muito conhecido, o padre de S. Miguel e um professor de Sta. Eulália o Prof. Brito. Se me falta alguém as minhas desculpas, não me lembro de mais. Como alternativa para quem queria estudar, só o Colégio Salesiano na Vila onde todos entravam com a perspetiva de serem futuros Padres mesmo que a vocação fosse pequena mas grande a vontade de aproveitar novas oportunidades. A memória recorda bem os meus queridos e primeiros profs. o Prof. Fernando Justo figura famosa por acontecimentos posteriores, a quem estavam entregue as matemáticas e a Prof. Irene Brandão Rios, pessoa de família que sempre me acompanhou e tão carinhosamente me acolheu. A ela estavam entregue as letras e recebi dela o primeiro elogio pela facilidade na escrita. Estudar naqueles tempos era para privilegiados e imagino agora o que a maior parte dos pais sofreu para pagar a pequena mensalidade que poderia abrir grandes portas que todos queriam ultrapassar. Era um colégio só masculino, as raparigas andavam na Vila no Santa Mafalda, sabíamos que existiam pela bata especial e por algum encontro nos caminhos para casa, onde um simples e desprendido olhar era sinal de grande interesse. Não existiam transportes escolares, muito poucos alunos tinham bicicleta, motorizada eram exceções, e as deslocações eram a pé, umas mais longas, pois os alunos vinham desde Chave, Cabreiros e Moldes até aos lugares mais próximos. Era provável que um ou outro pai tivesse meio de transporte e de longe em longe desse uma boleiazita que sempre ajudava ao descanso. E os profs tinham as mesmas dificuldades. Automóveis um ou dois. E lá vinham invernos rigorosos, caminhos difíceis, sol a queimar, mas transformavam se os esforços em brincadeiras e muitos convívios que nos ensinaram a gostar de ter amigos, a gostar de respirar ar puro, a gostar de fazer poeira pelos caminhos inventados, e ouvir e ver como a natureza se transforma todos os dias e generosa se oferece aos nossos olhos, assim queiramos aproveitar. O ensino era muito diferente do de hoje. O instrumento mais utilizado para relembrar que eramos estudantes e tínhamos que aproveitar o tempo, era uma cana que na mão do Padre era meio cega e caía onde menos se esperava. Se fosse preciso avivar mais as memórias uma palmatória, que muitos nem sabem o que é mas prefiro mantê-los na ignorância. O local para o recreio era um pequeno espaço ao lado do prédio, em terra batida que todas as turmas transformavam para o adequado, tanto era campo de futebol, como ringue de hóquei ou pavilhão para correrias, e até um imaginário campeonato do mundo se lá disputou. E todos aproveitavam aquele espaço de tempo, tudo misturado desde os mais pequenos da primária aos homens do 5º ano, atual 9º.Conheci lá muitos rapazes que por muitas razões nunca mais esqueci, uns amigos ainda, outros já o foram, mas aquela estranha cumplicidade com que enfrentamos tempos tão diferentes nunca mais se perdeu. É isso mesmo, tempos muito diferentes. Tempos diferentes de uma vida muito diferente para todos e que esta rapidez repleta de mudanças  com que fomos vivendo, quase nos fez esquecer. Não me recordo em que ano encerrou as portas, e terminadas as funções até o prédio foi demolido ou reconvertido como é habitual. Ficaram as memórias, e os amigos, só por isso valeu a pena. Há portas que se abrem em locais escuros mas conduzem à luz, foi o caso. E muito mais havia a dizer, mas fico por aqui, deixei a lembrança. Abraço Quim.
(Fotografia da coleção de Adílio Silva a quem agradeço a disponibilidade)

Carlos S. Sousa

6 de julho de 2020

Feiras das Colheitas 2020

A Feira das Colheitas decorre ininterruptamente desde o ano de 1944, ano em que o seu ideólogo António de Almeida Brandão, fundou uma efeméride que celebrasse a lavoura e Arouca enquanto terra agrícola.
Certamente este ano, por causas que são sobejamente conhecidas e relacionadas com a pandemia Covid 19, a feira das colheitas não poderá decorrer nos moldes que a conhecemos . 
Os arouquenses ver-se-ão privados da sua Festa em que a vila se engalana para receber todos os arouquenses e forasteiros. São milhares os que habitualmente vivem e sentem a Feira. 
Não teremos a nossa Feira das Colheitas, como o Porto não teve São João, Matosinhos o Senhor de Matosinhos, como Ponte de Lima não terá Feiras Novas ou Viana do Castelo a romaria da Senhora da Agonia, só para citar algumas das mais pitorescas e conhecidas festas do Norte de Portugal.
O motivo de cancelamento é o mesmo e penso estarmos todos de acordo no que toca à exigência da saúde pública como bem maior primordial.

A minha questão é a seguinte : não poderemos criar um plano alternativo, SEMPRE DENTRO DAS NORMAS LEGAIS E PERMITIDAS PELAS AUTORIDADES DE SAÚDE  e tendo sempre em linha de conta a evolução da situação pandémica?

A sugestão passaria, como já tive oportunidade de apresentar noutro local, pela organização de micro e pequenos eventos que ao invés de se concentrarem numa única semana e todos no mesmo local como vem habitualmente sendo realizados, realizar várias  pequenas "Feiras das Colheitas " em datas distintas e nas diversas freguesias do concelho.


A título de exemplo ficam algumas sugestões:
Feira dos Produtos Agrícolas em Rossas
Concurso Pecuário em Alvarenga
Concertos de Bandas Filarmónicas  com cada banda dar um concerto na sua freguesia
Concurso de Vinho Verde em Santa Eulália
Concurso de Broa em Urrô
Exposição de produtos Agrícolas em Chave
Exposição de actividades empresariais em Escariz
Cito somente alguns eventos e algumas freguesias somente para exemplificar a ideia. Todas as freguesias poderiam e deveriam ser envolvidas.

Fica a sugestão

2 de julho de 2020

A variante à EN326 não tem mãe nem pai, nem é uma «obra-mãe»...

Na realidade, o primeiro troço da variante à EN326 não termina em plena localidade da Ribeira, mas sim na parte mais próxima da Ponte da Cela. Com mais precisão: termina entre a parte de baixo da Ribeira e a Ponte da Cela, que são localidades da freguesia de Tropêço, no concelho de Arouca. Será a partir desse sítio que tem de se construir, com muitíssima urgência, o terceiro troço até à Abelheira, em Escariz. 

Esta estrada já devia estar concluída, de uma só vez, há muitos anos e tem, como é óbvio, de ser uma estrada directa, funcional e eficaz de acesso a Arouca, no contexto da Área Metropolitana do Porto. É uma estrada de Arouca e dos Arouquenses. Não é uma obra que partiu de uma só pessoa em Arouca: não tem mãe nem pai, nem é uma «obra-mãe». É apenas uma estrada, ainda que seja uma estrada muitíssimo relevante para Arouca…

O viaduto de Rôssas é um atentado estético e ambiental imperdoável e irreversível 
Se partiu da acção do Executivo Municipal da altura, o Executivo Municipal é um órgão eleito pelos Arouquenses que representa a vontade colectiva e de cidadania dos Arouquenses e está apenas a cumprir o seu dever e a sua função. Mesmo assim, infelizmente, o Executivo Municipal da altura não o cumpriu como devia, foi irresponsável e ignorante, já que a obra, passadas décadas, ainda não está concluída, para não falar daquele viaduto monstruoso que esventrou o vale de Rôssas e que nunca, mas nunca, deveria ter sido construído. O viaduto de Rôssas é um atentado estético e ambiental imperdoável e irreversível e revela, de facto, infelizmente, a irresponsabilidade e a teimosia ignorante do Executivo Municipal da altura, num acto que foi contestado por milhares de Arouquenses

Ler, por favor: