31 de dezembro de 2020

Mais uma importante descoberta em Escariz

O Roda Viva Jornal dá-nos hoje notícia de mais uma importante descoberta em Escariz, freguesia conhecida pela existência de vários vestígios e sítios arqueológicos. Desta feita, trata-se de um belíssimo lajeado, descoberto em sequência da movimentação de terras para construção da Variante entre Escariz e Milheirós de Poiares.

Ainda não se saberá ao certo o período histórico a que remonta a descoberta, mas, pela sua aparência, parece-me muito provável tratar-se do troço de uma antiga via romana, muito possivelmente do hipotético eixo viário secundário que ligava Santa Maria da Feira a Arouca, cruzando as então duas principais vias que atravessavam esta região: a Via Cale-Olisipo (Porto-Lisboa) e a Via Cale-Vissaium (Porto - Viseu). 

Ou até mesmo da própria Via Cale-Vissaium, que, no seu percurso inicial liga o Porto à denominada serra de Arouca e desta segue por São Pedro do Sul até Viseu, cujo troço, apesar de incerto, por não se ter confirmado ainda o ponto de derivação (se junto ao Castro do Monte Murado (Carvalhos), se mais à frente no castro de Monte Redondo (Fiães), mas que, em qualquer dos casos, atravessa a atual freguesia de Escariz.

De resto, nesta mesma freguesia, no sítio do Alto do Coruto, terá mesmo existido um castelo roqueiro associado ao controle da via Porto-Viseu, onde esta cruzava com uma via proveniente do castro de Arouca rumo ao litoral, passando junto ao castro de Romariz e por Santa Maria da Feira, até ao mar.

De Escariz a Arouca, aquele referido primeiro hipotético eixo viário romano, seguiria até ao cruzamento da Urreira, depois pela estrada velha de Ver, passando por Barrosas, até ao lugar da Estrada, freguesia de Mansores, continuando depois por Agras e Abitureira, até à travessia do rio Arda na ponte de Fontão Longo, freguesia de Tropeço, passando junto ao casal de Malafaia, na freguesia de Várzea, pela capela de São Lourenço, freguesia de Urrô, por Minhãos e Moção, freguesia de Santa Eulália, e desta a Arouca. 

Curiosamente, o traçado que há cerca de vinte anos apontei como mais indicado para a Via Estruturante de Arouca ao Litoral.

Não deixa também de ser muito curioso, ainda que previsível, dado o conhecimento da sua existência, que a tão almejada moderna ligação de Arouca à Feira, traga a descoberto troços da muito provável e antiga ligação romana da Feira a Arouca. Os quais, em todo o caso, pela sua inegável importância arqueológica, vale muito a pena estudar, classificar e preservar.

23 de dezembro de 2020


20 de dezembro de 2020

SIM! É NATAL!


Sim, já é Natal! Já as luzes se acendem na cidade,
Que se banqueteia em seu faustoso brilho;
Já as gentes se afadigam em loucas correrias,
Empurrando todos, no seu apressado trilho.
 
Sim, já é Natal! Mas a Terra continua chorando
A dor imensa dos seus filhos que sofrem:
A infância que não é, no coração das crianças
Sem pão, sem lar, sem ter quem as amem…
A velhice ao desamparo em profunda solidão,
Na falta de aconchego que só o amor impede…
A guerra que lá longe faz ribombar corações,
Sufocados pela dor que a ambição não mede…
As florestas queimadas, sem vida, desolação…
Humanidade tonta, destrói tudo num repente,
Animal enraivecido, que de tudo se acha dono,
Devastando o Lar que o acolhe em seu ventre.
 
Mas…sim!! É Natal!! Já outras mãos se abrem em Amor!!
Enquanto uns correm, se apressam loucamente,
Trabalham tantos outros, minorando sofrimentos,
Doando vida a outras vidas que acalentam, docemente
Em seus braços, abrigando, servindo, amando,
Trilhando ruas sem brilho, onde a solidão chora,
Onde o frio gela a alma e a fome embrutece,
Onde só o Amor resgatará a tristeza que ali mora.
 
Sim, é Natal!! Enquanto alguém se “esquecer” de si
E se doar a outro alguém, olhando-o como igual,
A Terra, grata, rejubila, enxuga o pranto e bendiz:
Cresça a Paz, em borbotões de Luz! SIM!! É NATAL!!

Torrão Natal


Guardado por alterosas montanhas
Nas suas faldas roçadas encaixado
Este vale de qualidades tamanhas
P'los caprichos orográficos afagado

P'los caprichos orográficos afagado
Pela intercessão Mariana protegido
Um destino sempre muito desejado
Por quem nele se viu à vida trazido

Por quem nele se viu à vida trazido
Nos seus campos desenvencilhado
Nunca será deste vale desaparecido
Pois a ele estará sempre destinado

Pois a ele estará sempre destinado
Quem vai com o aperto da saudade
Para realização do sonho desejado
De nele vir completar a felicidade

16 de dezembro de 2020

Apesar do ultra-centralismo, Hospital de Santo António, no Porto, é o melhor hospital pelo sexto ano consecutivo

O Hospital de Santo António (que diz muito a Arouca e aos Arouquenses) foi distinguido, pelo sexto ano consecutivo, como o melhor hospital de Portugal, na área da excelência clínica, numa avaliação da consultora multinacional IASIST, segundo os critérios de classificação das unidades de saúde definidos pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). No grupo E, dos maiores e mais complexos hospitais, o vencedor foi o Centro Hospitalar Universitário do Porto, EPE. Também outros hospitais da Região Norte (de Braga, de Barcelos e a Unidade Local de Saúde do Alto Minho) foram, noutros grupos, os vencedores.

Confirma-se, mais uma vez, aquilo que referiu o prestigiado investigador 'portuense e arouquense' Professor Doutor Manuel Sobrinho Simões, Catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e director do IPATIMUP, de que, apesar de existir o ultra-centralismo ultra-parasita de Lisboa e arredores no campo da Saúde, os hospitais do Porto são os melhores hospitais de Portugal (tradição que já é muito antiga e enraízada e que tem a ver com a idiossincrasia identitária das gentes do Porto e do Norte),  estando, habitualmente, no topo do 'ranking' dos melhores hospitais portugueses, apesar de terem menos fundos e financiamento que os hospitais de Lisboa e arredores, devido a esse pernicioso e viciado ultra-centralismo ultra-parasita lisboeta, que tem de ser extinto, de vez, com muita urgência, com a concretização real do processo de Regionalização:


Certamente que estes resultados dessa avaliação são, mais uma vez, motivo de satistação para os habitantes e para os profissionais de Saúde da Área de Metropolitana do Porto e da Região Norte, relativamente aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que, como é óbvio, deve ser, cada vez mais, reforçado e expandido, porque existem, na realidade e na verdade, muitos fundos para o SNS ser sempre sustentável e ser, progressivamente, aperfeiçoado. Esses fundos têm é que deixar, de vez, de ser, maioritariamente, canalizados e aplicados em Lisboa e arredores, tal como tem vindo, infelizmente, a acontecer, de modo muito injusto e imerecido...Assim, a concretização lúcida e racional do processo de Regionalização é uma das reformas estruturais mais urgentes e mais necessárias para bem de Portugal como um todo e para bem de todos os Portugueses, em todos os campos do seu sistema social...   

Hospital de Santo António - Porto
foto: JN

14 de dezembro de 2020

Aqui no alto…


Ergueram-se aos Céus por Fé e devoção
A capelinha, a casa da ceia e o Cruzeiro
Neste monte entre a Freita e o Gamarão
Onde se fez lenda o cristão prisioneiro

Onde se fez lenda o cristão prisioneiro
dentro de uma arca segura por uma mó
por fazer preces neste monte altaneiro
Viu-se molestado sem piedade nem dó

Viu-se molestado sem piedade nem dó
Sem nunca ceder à sua Fé e devoção
Ficou para sempre da Senhora da Mó
Este monte entre a Freita e o Gamarão

Este monte entre a Freita e o Gamarão
Que do vale se levanta sobranceiro
Encimado pela Cruz acesa na escuridão
Onde se fez lenda o cristão prisioneiro

11 de dezembro de 2020

A Pensar Alto! Os Velhos

Há dias quando lia o jornal diário dei por mim a tentar assimilar o que representavam os números que iam surgindo, todos tendo por base a velhice em Portugal. Era uma descrição verdadeira mas não deixa de ser surpreendente como chegamos a este ponto. Os velhos agora tratados por idosos como se esta mudança de designação fosse como acrescentar açúcar a um café muito azedo e difícil de tomar, são cada vez mais, e ao longo destes últimos anos, foram se refinando as diversas  maneiras de ir tapando o sol com a peneira, mas o raio do vírus acaba por obrigar toda a gente a olhar bem de frente para a questão. Temos uma população com idade avançada e com este mediatismo passou a ser assunto diário.
Encontravam-se abandonados nos hospitais do nosso País, alguns há anos, mais de 1500 velhos, sem quaisquer perspetivas de solução, deitados, à espera que a burocracia instalada, principalmente quando se é pobre há sempre muita, arranjasse uma solução ou os dias trouxessem uma doença mais grave das que não perdoam. De repente tudo se mexeu e lá se esvaziaram as camas para a emergência dos dias de hoje sempre com o desenrascanço tradicional. Temos perto de 7500 lares, centros de dia e serviços de apoio domiciliário, uns legais outros ilegais uns a pagar muito, outros a pagar menos numa panóplia de tabelas que ninguém entende mas em muitos espera se pela morte muito em conta. Uns pagam o que tem e o que não tem, outros pagam muito menos com critérios de olho clínico para as questões, cada caso é um caso.  Temos 40000 velhos a viver sozinhos e só 20%  o fazem na própria casa, a maioria das vezes sem condições para novos quanto mais para gente com mais de 70 e 80 anos. Já nem quero escrever sobre os mais de 1500 velhos que têm mais de 90 anos. Não é difícil imaginar como muitos Portugueses terminam a sua vida. Agora com esta situação de crise pandémica tenta se recuperar o desleixo com que se olhou para esta situação ao longo dos anos. Afinal a malta dos lares tão estimada quando de eleições, tem muitos problemas, muitas carências, acumula muitas indignidades, e o Estado que tantos anos viveu à custa deles, vai arranjando umas soluções económicas porque o dinheiro é pouco e a malta do capital precisa de todas as migalhas. Onde já se viu investir num negócio sem solução à vista?
O nosso serviço Nacional de saúde está a passar algumas dificuldades desde que surgiu a pandemia. As consultas para os doentes crónicos diminuíram tanto que há doentes que acreditam ser algum santo que ainda os mantém vivos. As consultas ao médico de família, num centro de saúde, por exemplo no nosso, passaram a ser tipo raspadinhas, pode ser que sim pode ser que não. Quem inicia a saga de uma consulta, se telefonar não é atendido, se lá vai, mandam telefonar, o médico não aceita consultas, se está lá não atende, nem o Kafka conseguia um enredo destes. Cada dia é um dia e vai se vivendo assim. Já agora num dos últimos dias de Novembro não havia no nosso Centro de Saúde gel para higienizar as mãos, a resposta que obtive quando alertei a questão foi simples, não há. Num centro de saúde não se conseguia cumprir um dos novos  quatro mandamentos, a solução é levar as mãos limpas. Não está fácil ser velho, doente e ter poucas possibilidades económicas. Para quem tem algum ainda se vai remediando nos privados e mais não digo. Está tudo muito ligado e uma coisa é certa, se não vais de novo, de velho não escapas, é com essa fé que muitos se vão deixando ficar cada vez mais isolados e sozinhos. Ou se calhar sou eu que com tanto confinamento, recolhimento e tratamento  vou tendo umas alucinações de que é muito difícil acreditar no melhor, agora comer e calar isso não. Siga.

6 de dezembro de 2020

Devaneios - a estrada para Alvarenga

Conduzir tendo por companhia apenas os meus pensamentos, ou a ausência deles, é um dos prazeres que tenho, sobretudo se a condução acontecer sem pressa e se for pelas estradas sinuosas de Arouca.  Estas entregam-se voluptuosamente, caem aos nossos pés e guiam-nos por entre a respiração verde, húmida e sussurrante, em letargia, presa no mesmo lugar, entre o antes e o depois, entre o que já passou e o que está por vir, sem tempo, sem cronómetro nem relógio, alheia a qualquer pensamento, vontade ou emoção do visitante, um ponto efémero e ao mesmo tempo eterno, como efémeras e eternas são as manifestações da natureza que ciclicamente e sistematicamente existem e se repetem, em monotonia perfeita, pacífica, inexplicável…


Envolta em suaves brisas que teimosamente empurram a neblina diáfana, sepulcral e mística, observo e contemplo as montanhas, os sobreiros, os carvalhos, os socalcos construídos com os despojos das pedras esventradas pelo Homem...

A estrada está vazia.

Não há mais carros.

Desligo o rádio para ouvir melhor o silêncio.

Sinto-me a percorrer ritmadamente e a deambular no corpo das montanhas. 

Sinto as suas concavidades, subo os altos, desço os desfiladeiros, conquisto as encostas mais íngremes e as zonas mais encrespadas…

Perco-me no tempo.

Devaneio.

Não penso, só sinto.

Não sei o quê.

Invade-me uma paz messiânica (ou sebastiânica?).


Chego ao destino.

5 de dezembro de 2020

A nutricionista Ana Bravo visitou os Passadiços do Paiva, em Arouca

No passado mês de Novembro, a nutricionista Ana Bravo visitou os Passadiços do Paiva e publicitou esse facto no Instagram, com três 'posts', três fotografias e quatro vídeos...
Aprecio muitíssimo a defesa e a promoção que esta célebre nutricionista portuense e transmontana faz da Dieta Mediterrânica (onde se insere a gastronomia de Arouca): tipo de dieta que é, cada vez mais, reconhecida pela sua excelência frugal e pelos seus benefícios para a saúde humana...

E a nutricionista Ana Bravo, sem hesitações, constata: " A descrição dos PASSADIÇOS DO PAIVA é simples: são lindos! 🧡🧡Conhecem? "
Como sigo o Instagram da Ana, de imediato fiz-lhe o seguinte comentário, que ela agradeceu: " Está no meu concelho natal: Arouca. Tantas vezes que percorri o rio Paiva! É lindo! Penso que também deve visitar a vila de Arouca, que é linda! Os restaurantes e a gastronomia são excelentes. 👏"
Foi, sobretudo, no tempo da infância e da adolescência que percorri, muitas vezes, o rio Paiva, na altura em que acompanhava, frequentemente, alguns familiares meus, na pesca desportiva de truta fário no rio Ardena, afluente do rio Paiva, perto de Espiunca. Desde Rôssas ao rio Ardena, quando passávamos por Canelas durante a viagem, os meus familiares, no automóvel, referiam-me sempre que a mãe de meu avô, senhor António de Almeida Brandão, minha bisavó, Maria Soares de Figueiredo (que foi morar para a Casa de Telarda, em Rôssas, por se ter casado com o meu bisavô da Casa de Telarda) era da Família Soares de Figueiredo, da Quinta do Toural - Canelas. Como se sabe, os 'de Almeida Brandão' (da Casa de Telarda - Rôssas) e os 'Soares de Figueiredo' (da Quinta do Toural - Canelas), meus familiares directos pela linha paterna, são, como bem descreve este blogue, duas das famílias tradicionais mais emblemáticas de Arouca.    


A presença da nutricionista Ana Bravo em Arouca, nos Passadiços do Paiva, devido à sua defesa e promoção da Dieta Mediterrânica, é muito simbólica, sobretudo no sentido em que nos remete para a ideia que se deve, cada vez mais, reforçar e associar a gastronomia e a doçaria de Arouca aos Passadiços do Paiva e à Ponte 516 Arouca.
Porque as pessoas que nos visitam, nesse local identitário maravilhoso de Arouca, também ficam a conhecer, simultaneamente, dois dos elementos identitários melhores e mais valiosos de Arouca e dos Arouquenses, que são a sua gastronomia e a sua doçaria.      

1 de dezembro de 2020

ONLocal - está ON?

Foi hoje, 1 Dezembro, apresentada uma campanha do Município de Arouca que procura  promover as vendas no comércio tradicional e local. Após consulta do site da Câmara ficamos a saber que a campanha consiste  na distribuição de "sacos pelas lojas cuja a mensagem apela à compra em Arouca" e "um catálogo com vários produtos das lojas locais que inclui vouchers de oferta/desconto" e uma loja online. 

Não consegui destrinçar em que é que esta segunda parte da campanha se traduzirá, mas será certamente esta a que mais poderá fazer pelos comerciantes arouquenses. No global parece-me que é possível e obrigatório fazer mais.

Segundo o site, a campanha decorrerá durante este mês e ao longo do próximo ano. Tendo em conta as condições que vivemos de pandemia e as dificuldades gigantescas que os comerciantes atravessam, a que acrescem as consequentes dificuldades das suas famílias combinando esta dicotomia temporal vendedor/cliente e tendo  também em consideração que a autarquia deixou de gastar/investir muitos milhares de euros em actividades que foram adiadas ou canceladas pela covid19 ao longo do corrente ano, penso que seria esta a altura para "investir" de forma muito mais forte neste incentivo à compra no comércio concelhio.

Uma boa ideia seria a de criar uma dinâmica de economia circular através da entrega de vouchers aos clientes  nas compras realizadas em lojas de Arouca que poderiam ser trocados por dinheiro num valor de 10% da compra, mediante apresentação da factura com contribuinte na entidade coordenadora, com um limite mínimo de 25 Euros e máximo de 1000 por factura. Esta dinâmica poderia ser realizada durante o mês de Dezembro de 2020, como sabemos um dos meses mais fortes em termos de  comércio. 

Ao longo do ano 2021 esses vouchers poderiam dar direito a inscrição em concursos que semanalmente ou mensalmente atribuiriam novos vouchers de desconto no comércio local, promovendo assim a economia circular e local.

São duas sugestões que apesar de acarretarem um investimento grande por parte da autarquia me parecem importantes e necessárias.

Importante, independentemente de campanhas, será uma consciencialização que na possibilidade de opção, opte por comprar cá, no que é nosso. Compre no comércio Arouquense!