31 de janeiro de 2019

Apontamentos sobre a história recente do apoio social em Arouca (II) - o Padre Adriano e o seu projecto para o Salão Paroquial do Burgo

Enquanto pároco de Arouca e do Burgo, o Padre Adriano procurou desenvolver projetos de âmbito coletivo em ambas as freguesias, de modo a que, em particular a população mais jovem, tivesse condições para evoluir culturalmente e socialmente, numa época em que a comunicação se fazia de forma direta e presencial (como parecem longínquos esses tempos...).

No início da década de oitenta, num artigo publicado no Jornal "Defesa de Arouca" o Padre Adriano apresentava o projeto para a construção de um Salão Paroquial no Burgo, mencionando as deliciosas razões que, em seu entender, justificavam tal construção. 

Deixo ao caro leitor a imagem desse artigo, para que possa, por si mesmo, recordar o modo altruísta e generoso como este pároco procurava desenvolver os seus projetos.


30 de janeiro de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (V)

1860.I.28 - É criada a Companhia Arouquense de Exploração Carbonífera.

1912.I.28 - Tem inicio a curta publicação do Jornal Político-Noticioso "O Arouquense", dirigido pelo Pe. António Brandão e editado por José Luís de Sousa.

1926.I.28 - A Câmara Municipal autoriza a Junta de Freguesia de Arouca a realizar as suas Sessões no Salão da «Porta Nobre» do extinto Mosteiro, dando-lhe ainda autorização para manter o asseio do claustro e cozinha.

1928.I.29 - Realiza-se o concurso público para arrematação da construção de duas casas contíguas destinadas à habitação dos Magistrados Judiciais a servir em Arouca, a edificar à entrada da vila.

1967.I.29 - O Reverendo Pe. Domingos de Pinho Brandão, natural da freguesia de Rossas, Bispo Auxiliar de Filaca desde Dezembro de 1966, é ordenado Bispo.

1979.I.28 - Realiza-se, na igreja do Mosteiro, o I Encontro de Corais Religiosos das Comunidades Católicas de Arouca.

1981.I.29 - É inaugurada a Escola Primária da Boavista, na freguesia de Santa Eulália.

1982.I.28 - É inaugurada a estrada e respectiva luz pública para o lugar da Regadas, na freguesia de Rossas.

1984.I.29 - Dá-se o falecimento de Afonso Pinto de Magalhães, natural da freguesia do Burgo, figura muito conhecida dos meios comerciais, industriais, bancários, desportivos e culturais, que deixou bem vincada a sua personalidade e dinamismo em Arouca.

2001.I.30 - É publicada no Diário da República a ordenação heráldica do brasão e bandeira da freguesia de Urrô.

2005.I.28 - A Assembleia Metropolitana do Porto aprova a adesão do concelho de Arouca àquela circunscrição administrativa, denominada GAMP - Grande Área Metropolitana do Porto.

2005.I.29 - São inauguradas as novas instalações sociais e desportivas do Centro Cultural, Recreativo e Desportivo do Burgo, então presidido pelo empresário Carlos Manuel Gonçalves Teixeira.

26 de janeiro de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (IV)

1847.I.24 - É constituída a Companhia dos Voluntários Cartistas do Concelho de Arouca.

1901.I.22 - Têm início as obras de estabelecimento de um Chafariz no centro da Praça Brandão de Vasconcelos, que acabava de se compor no centro da vila.

1913.I.23 - Por proposta de António Brandão de Vasconcelos, de Alhavaite, freguesia do Burgo, é deliberado propor a passagem administrativa da freguesia de Covelo de Paivó, do concelho e comarca de S. Pedro do Sul, para o concelho e comarca de Arouca.

1919.I.26 - Dá-se o falecimento de Inácio Teixeira Brandão de Vasconcelos, de Alhavaite, freguesia do Burgo, fundador e benemérito da Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda de Arouca, que se notabilizou, entre outras coisas, pela argumentação junto da Comissão da Fazenda Nacional, que levou à extinção dos foros pagos ao Mosteiro de Arouca.

1930.I.22 - O Governo da República, pelo Ministro da Justiça e dos Cultos, manda entregar, em uso e administração, à Corporação encarregue do culto católico na freguesia de São Bartolomeu de Arouca, a igreja paroquial, com o claustro de cima, o dormitório da Rainha Santa, a denominada Casa do Bacalhau e quintal junto, e todas as capelas da freguesia, bens que haviam sido arrolados em virtude da Lei da Separação do Estado da Igreja, de 20 de Abril de 1911.

1951.I.26 - O Director Geral do Ministério das Finanças anula a autorização de cedência de uma dependência do Mosteiro de Arouca à Filarmónica local.

1978.I.21 - É constituída a SICOMAR - Sociedade Industrial e Comercial de Madeiras, Limitada, com sede no lugar da Mata, freguesia de Arouca.

1989.I.23 - É constituída a Associação do Rancho Folclórico "As Lavradeiras de Canelas".

1990.I.26 - É fundada a FAJDA - Federação das Associações Juvenis do Distrito de Aveiro, com sede em Arouca. Victor Mendes, presidente da Direcção da Associação Cutural Jornal Jovem de Alvarenga, foi seu fundador e primeiro presidente.

1991.I.22 - Por deliberação da Câmara Municipal, aquela que foi a Rua 5 de Outubro, Avenida da República, Avenida Dr. Oliveira Salazar, Avenida Movimento das Forças Armadas e Avenida das Descobertas, passa a denominar-se Avenida 25 de Abril.

2000.I.23 - É inaugurada a Casa da Cultura e a Sede da Academia de Música, no edifício da antiga Casa dos Magistrados.

2008.I.22 - O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, visita o Mosteiro de Arouca, num itinerário pela divulgação, defesa e promoção do património nacional.

25 de janeiro de 2019

Reforçar, cada vez mais, a forte ligação do concelho de Arouca ao Porto e ao Grande Porto

 O concelho de Arouca está muito bem enquadrado e inserido na nova NUTS III da Área Metropolitana do Porto (AMPorto). Muito bem mesmo. A cidade do Porto e espaço circundante (capital da Área Metropolitana do Porto (NUTS III) e da Região Norte de Portugal (NUTS II) ) sempre foram o espaço urbano principal de referência de Arouca e dos Arouquenses. É um facto óbvio, real e concreto, com validade ontológica. É um território onde moram milhares de Arouquenses e seus descendentes e sempre foi o local da sua «mobilidade espontânea e natural». Na parte noroeste, o concelho de Arouca dista, em linha recta, apenas cerca de 22Km da cidade do Porto. Com a conclusão da variante à EN326, a deslocação, da vila de Arouca ao centro da cidade do Porto, demorará cerca de 35 a 40 minutos, por essa nova estrada.
 Os Arouquenses e as instituições de Arouca devem reforçar, cada vez mais, essa ligação muito forte, muito antiga, muito consolidada e empática de Arouca e dos Arouquenses em relação ao Porto e ao denominado 'Grande Porto' (que são uma parte considerável da AMPorto) e "abandonar", de vez, sem hesitar, Aveiro e o distrito de Aveiro, visto que Arouca foi integrada, de modo arbitrário e sem nexo, desde 1835, no distrito de Aveiro, à semelhança daquilo que aconteceu, de modo errado, com Espinho ou Santa Maria da Feira, para dar mais dois exemplos de outros concelhos do extremo norte do distrito de Aveiro. Os elementos autóctones de Arouca nada têm que ver com Aveiro e com a Região Centro, para além de Arouca nunca ter pertencido à Região Centro nem estar localizada num hipotético 'Centro-Norte' ou num ainda mais fantasioso 'Aveiro-Norte', que são localizações que não existem e que, só por si, a priori, são muitíssimo imprecisas e muitíssimo arbitrárias como delimitações do território.
 Os Arouquenses são, como sempre foram, desde que Portugal é Portugal, nortenhos. Os Arouquenses sempre foram, 'até à medula', pessoas autóctones da Região Norte de Portugal e Arouca localiza-se em pleno e típico território nortenho.
A cidade do Porto, capital da Área Metropolitana do Porto e da Região Norte, sempre foi o espaço urbano principal de referência dos Arouquenses
 Muito tempo antes de pertencer ao distrito de Aveiro, Arouca pertenceu, durante cerca de sete séculos, desde a formação da nacionalidade de Portugal, de modo muito consolidado, à Região do Entre-Douro-e-Minho e à Região Norte. Repito: sete séculos. O Entre-Douro-e-Minho e a Região Norte são, de facto, na realidade, o verdadeiro território autóctone onde a identidade do concelho de Arouca se insere, que têm, como cidade principal e como cidade central, o Porto. E, no século XX, a província do Douro Litoral, que é uma espécie de 'suavização identitária' do Minho, é a divisão territorial onde Arouca melhor se enquadra, protagonizada pela cidade do Porto e que corresponde à quase totalidade do actual distrito do Porto.
 Não se podem cometer mais erros históricos, irracionais e irresponsáveis, a partir das instituições, que podem ser irreversíveis e muitíssimo perniciosos, em relação ao presente e futuro rumo histórico de Arouca e dos Arouquenses. O "caminho" de Arouca e dos Arouquenses, em termos de enquadramento e de pertença territorial e institucional, é só um, à escala nacional: Porto, Área Metropolitana do Porto e Região Norte. E à escala europeia: Euro-região 'Galiza-Norte de Portugal'.
 Para bem de Arouca e dos Arouquenses. Para bem do seu enquadramento territorial, institucional e identitário.

 -Área Metropolitana do Porto (NUTS III)

-Região Norte de Portugal (NUTS II)


-Euro-região da Galiza-Norte de Portugal

24 de janeiro de 2019

Vêm aí novas competências para as autarquias locais e entidades intermunicipais

E com elas, a necessidade de mais recursos financeiros, humanos e patrimoniais. O tema já não é novidade, mas começou já a fase de concretização de transferências e a batata quente está agora nas mãos de cada uma das autarquias locais e entidades intermunicipais. Em Arouca, o tema será tratado já amanhã, dia 25 de Janeiro, em Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal convocada para o efeito.

Em sequência da Lei-quadro da transferência de competências para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais, aprovada em 18 de Julho e publicada em 16 de Agosto de 2018, foram já publicados os respectivos diplomas sectoriais e os municípios e entidades intermunicipais têm agora que concretizar, ainda que gradualmente, a transferência das novas competências até 1 de Janeiro de 2021.

Para além das competências que já decorriam da Lei n.º 75/2013, de 12 de Setembro, com as suas sucessivas alterações, os municípios passarão a ter novas competências nas seguintes áreas: Educação, Acção Social, Saúde, Protecção Civil, Cultura, Património, Habitação, Áreas portuário-marítimas e áreas urbanas de desenvolvimento turístico e económico não afectas à actividade portuária, Praias marítimas, fluviais e lacustres, Informação cadastral, gestão florestal e áreas protegidas, Transportes e vias de comunicação, Estruturas de atendimento ao cidadão, Policiamento de proximidade, Protecção e saúde animal, Segurança dos alimentos, Segurança contra incêndios, Estacionamento público e modalidades afins de jogos de fortuna e azar.

De acordo com a referida Lei-quadro, os órgãos dos municípios podem, através de contrato interadministrativo, delegar competências nos órgãos das freguesias em todos os domínios dos interesses próprios das populações das freguesias. No entanto, essa delegação, que, por regra, abarcará todo o mandato autárquico, terá de ser efectuada de forma a que todas as freguesias do município beneficiem das mesmas competências e, em termos proporcionais, de recursos equivalentes.

Para além das competências que já tinham e das que poderão agora ser delegadas pelo município, os órgãos das freguesias passarão a ter ainda as seguintes competências próprias, transferidas pelo Estado: Instalar e gerir os espaços do cidadão, em articulação com a rede nacional de lojas de cidadão e com os municípios. E as seguintes competências próprias, transferidas pelos municípios: a) Gestão e manutenção de espaços verdes; b) Limpeza das vias e espaços públicos, sarjetas e sumidouros; c) Manutenção, reparação e substituição do mobiliário urbano instalado no espaço público, com excepção daquele que seja objecto de concessão; d) Gestão e manutenção corrente de feiras e mercados; e) Realização de pequenas reparações nos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo e ensino básico; f) Manutenção dos espaços envolventes dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico; g) Utilização e ocupação da via pública; h) Afixação de publicidade de natureza comercial; i) Autorizar a actividade de exploração de máquinas de diversão; j) Autorizar a colocação de recintos improvisados; k) Autorizar a realização de espectáculos desportivos e divertimentos na via pública, jardins e outros lugares públicos ao ar livre, desde que estes se realizem exclusivamente na sua área de jurisdição; l) Autorizar a realização de acampamentos ocasionais; m) Autorizar a realização de fogueiras, queimadas, lançamento e queima de artigos pirotécnicos, designadamente foguetes e balonas.

A transferência de competências será, naturalmente, diferenciada em função da natureza e dimensão das freguesias, considerando a sua população e capacidade de execução. Os recursos financeiros afectos à transferência de novas competências pelo Estado, provirá do Orçamento de Estado e os recursos financeiros afectos à transferência de novas competências pelo Município, provirá do Orçamento Municipal, após deliberação das respectivas entidades e assembleias nesse sentido.

As entidades intermunicipais (no caso que nos interessa, e de acordo com a referida Lei-quadro, «até à criação de outra forma de organização territorial autárquica», a Área Metropolitana do Porto), passarão também a ter novas competências, nas seguintes áreas: Educação, ensino e formação profissional, Acção Social, Saúde, Protecção Civil, Justiça, Promoção Turística, e ainda: participar na gestão dos portos de âmbito regional, designar os vogais representantes dos municípios nos conselhos de região hidrográfica, gerir projectos financiados com fundos europeus, e programas de captação de investimento.

Apontamentos sobre a história recente do apoio social em Arouca - o Padre Adriano

Foto: "Do meu mirante"
No ano em que se comemora o septuagésimo aniversário de uma das instituições mais respeitadas em Arouca, onde inúmeras crianças se fizeram adultas, aprendendo diferentes artes e desenvolvendo diversas competências que, ainda hoje, marcam a sua personalidade, é da mais elementar justiça falar no nome que lhe deu origem e que deu boa parte da sua vida ao engrandecimento de uma obra que, como muitas outras, começou rodeada de incertezas e fragilidades, mas que com o passar do tempo e com a sua abnegação, resultou naquilo que hoje se vê - uma instituição com diferentes valências e respostas sociais que conta com mais de duas centenas de utentes a usufruir das excelentes condições e infra-estruturas de que dispõe. O Padre Adriano

Nascido em São Paio da Portela, Penafiel, em 10 de Abril de 1910, foi ordenado padre em 1933 e logo nesse ano foi nomeado vigário ecónomo das freguesias de Espiunca e Canelas. Ali se manteve até ao ano de 1944 quando, por morte do padre Joaquim Carneiro Leão, veio ocupar o lugar deste na paróquia de São Bartolomeu de Arouca.

Foi nesta paróquia que, ao longo de sessenta e sete anos, exerceu a sua vocação e acabaria por dar corpo ao projecto que o acompanhou para o resto dos seus dias. No dia 1 de Dezembro de 1949, nas atuais instalações da Junta de freguesia de Arouca, o Padre Adriano inaugurava um espaço para ocupação de tempos livres e escola de costura, para crianças mais necessitadas. A partir de 1960 as instalações passam a localizar-se na atual biblioteca municipal de Arouca e só a partir de 1975 se mudam para a atual localização, na Rua Dr. Figueiredo Sobrinho (Rua D´arca).

Desde a sua criação, foi preocupação do padre Adriano percorrer um caminho de qualidade, alicerçado em valores de verdade e justiça, que permitisse aos arouquenses acreditar no trabalho desenvolvido e confiar nos serviços prestados por uma instituição que, à época, assumia um papel único na vida de todas as crianças que, sem ambiente ou estrutura familiar, não encontravam outro caminho que lhes garantisse um crescimento pessoal efetivo e fora de riscos.

Ainda hoje, graças a todo o trabalho desenvolvido nas primeiras décadas, também pela Da. Mafalda, cujo papel foi igualmente importante e sem o qual, muito provavelmente, esta instituição não teria o nível de confiança dos arouquenses que tem no presente, o Patronato é um exemplo para outras instituições, que entretanto surgiram, e veem no seu funcionamento um modelo a seguir.

Foto: Jornal "Roda Viva"
Todos aqueles que, presentemente, dão o seu melhor para manter vivo o legado deixado pelos seus fundadores, merecem o nosso respeito e consideração. Que continuem a perpetuar o nome do Padre Adriano e da Da. Mafalda, com o seu trabalho e altruísmo. Que continuem a credibilizar o papel desta instituição na resposta a todas as crianças que, ainda hoje, se veem em situações de risco.

23 de janeiro de 2019

Limpeza de terrenos prioritária na maior parte das freguesias de Arouca, mas atenção às queimadas, que necessitam agora de autorização.

No passado dia 17 de Janeiro foi publicado em Diário da República,  o Despacho n.º 744/2019, contendo a lista das freguesias classificadas de 1.ª e 2.ª prioridade no que respeita à limpeza de matas, terrenos e florestas, que se traduz num apelo do Governo ao reforço da atitude preventiva, consolidando os trabalhos de gestão de combustíveis que já começou a ser feito no ano passado.

Listagem das Freguesias prioritárias no concelho de Arouca
Assim, de acordo com o referido Despacho, são áreas prioritárias para a fiscalização da gestão de combustível: as freguesias de 1.ª e 2.ª prioridade.

Apresse-se a limpar, mas muita atenção às queimas e queimadas! Pois no passado dia 21 de Janeiro foi publicado o Decreto-Lei n.º 14/2019, com entrada em vigor no dia seguinte ao da publicação, que vem clarificar aspectos do Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, de acordo com o qual a realização de queimadas (uso do fogo para renovação de pastagens e eliminação de restolho) só é permitida após comunicação e autorização prévia pela autarquia local.
Em período crítico ou quando o perigo de incêndio seja elevado, a queima de matos cortados e amontoados e qualquer tipo de sobrantes de exploração, bem como a que decorra de exigências fitossanitárias de cumprimento obrigatório, está agora também sujeita a autorização da autarquia local, que definirá o acompanhamento necessário para a sua concretização, tendo em conta o risco do período e da zona em causa. Fora do período crítico é apenas necessária comunicação prévia à autarquia local.
De acordo com aquele diploma legal, a comunicação poderá ser efectuada através de contacto telefónico, em termos que ainda não se encontram regulamentados, sendo que a resposta será dada ao interessado através de correio electrónico ou mensagem telefónica. Pelo que, entretanto, deve contactar-se a Câmara Municipal. De contrário, a realização de queimadas sem comunicação e/ou autorização e sem o acompanhamento definido no referido Decreto-Lei, será considerada uso de fogo intencional e ficará sujeita às consequências decorrentes da lei.

Entretanto, com data de 18 de Janeiro de 2019, também a Câmara Municipal fez divulgar e afixar nos locais habituais o Edital n.º 5/2019, relativo à limpeza de terrenos.
De acordo com o referido Edital, cujo teor corresponde ao disposto na legislação actualmente em vigor, os proprietários, arrendatários, usufrutuários, ou entidades que, a qualquer título, detenham terrenos confinantes a edifícios inseridos em espaços rurais, são obrigados a proceder à limpeza desses terrenos, fazendo a gestão do combustível numa faixa com a largura mínima de 50m em torno dos referidos edifícios, bem como se detiverem terrenos dentro da faixa exterior dos aglomerados populacionais inseridos ou confinantes com espaços florestais numa largura mínima de 100m em redor dos mesmos. O prazo de limpeza decorre até dia 15 de Março e a infracção ao disposto nas normas legais aplicáveis constitui uma contraordenação punível com coima de 10.000€ a 120,000€.

22 de janeiro de 2019

Matéria Prima - um exemplo positivo

Os anos de 2016 e 2017 não são de boas memórias para Arouca e para os Arouquenses no que toca à floresta. O nosso concelho a ser assolado por grandes incêndios que queimaram mais de 60% do território florestal.
Quase todo o perímetro de floresta concelhio foi afectado e queimado incluindo uma grande parte da encosta da Serra da Freita.

Ali para os lados da Ameixieira na freguesia de Santa Eulália um grupo de pessoas procuraram no ano de 2016 travar as chamas que desciam a encosta. Além da sua grande vontade e enorme esforço físico as muitas pessoas que por ali se juntaram num esforço conjunto pouco mais puderam fazer que minimizar os estragos das chamas. Não conseguiram suster o fogo mas ali logo surgiu uma vontade de fazer diferente. Extintas as chamas deitaram mãos às enxadas no sentido literal com o intuito de voltar a reflorestar uma parte razoável da área ardida. Os terrenos baldios da Ameixieira, Currais e Cales seriam o campo de trabalho que estes apaixonados pela natureza teriam nos meses e anos seguintes. Primeiramente organizados como um simples movimento cívico que depois evolui naturalmente para uma associação a Matéria Prima - Associação para a Reabilitação da Serra da Freita -  está aí para mostrar como devemos bem agir enquanto parte integrante de uma sociedade que se quer e deseja consciente para a problemática e soluções ambientais.

Tive oportunidade de por uma ou duas vezes poder contribuir para este seu meritório trabalho. Este pequeno texto fica como um reconhecimento pessoal pelo esforço e trabalho que vêm desenvolvendo desejando que o prolonguem por muitos e bons anos. Parabéns a todos os envolvidos!

21 de janeiro de 2019

Sou o Zé das Quintas...- Memórias de emigrante (1/3)

Lembrança de uma época passada e de percursos de vida comuns a muitos dos nossos conterrâneos.
O Zé das Quintas é o meu pai.
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Deilão, 2 de fevereiro de 1967,

Sou o Zé das quintas. Tenho apenas 16 anos. Nascido e criado em Deilão. Pequena aldeia de pouco mais vinte almas perdida algures entre Covas do Rio e Janarde.

Minha vida é uma rotina diária. Desde do amanhecer, trabalho no campo e trato do gado. Raras diversões a não ser apanhar bogas no rio e disfrutar das poucas romarias em redor.

Não vivemos bem ou mal. É assim. Vivemos apenas. Sem realmente sofrer de nossa condição porque não conhecemos outras.

Chega-nos, no entanto, um ruído, cada mais forte, notícias de um ultramar que deveríamos defender. Defender algo do outro lado da terra enquanto o meu mundo vivido limita-se a um raio de 20 km ao redor de Deilão? Eu que apenas vou a «Bila» 2 ou 3 vezes por ano.

Meu pai não quer que eu participe numa guerra que não considera a dele. Já enviou meu irmão para o Brasil há alguns anos por esse motivo. Chegou a minha vez. Vou partir. Já contatou e pagou o passador. Vou para a França. Saio hoje. Pela noite dentro para o mundo obscuro.

Sinto-me dividido entre o entusiasmo de descobrir novos universos e a ansiedade de me confrontar a eles. Tenho medo. Sei que a viagem, «O Salto», será difícil. Será longa. Estou ansioso também de não saber quando voltarei. Triste de deixar os meus pais e amigos. Serà a última vez que vejo a minha avó por quem eu tenho um carinho especial?

Mas não me pergunto se é a escolha certa porque não tenho alternativa. Trata-se de sobrevivência. Saio daqui ou potencialmente morro! Como tantos otros que não voltarão do Ultramar.

Sou o Zé das quintas, com apenas 16 anos, e hoje vou a caminho do mundo desconhecido!

Darei-lhes conta, uma proxima vez, da minha viagem. Do meu salto. Da minha chegada em França.

Até Breve.
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"Porque quem deixa o seu torrão natal,
E fora dos seus caminhos põe os pés,
Quando troca o certo pelo incerto.
Motivos há-de ter."
Adriano Correia de Oliveira – Emigração

O valor dos rios, ribeiros, riachos e cursos de água de Arouca

 Os Passadiços do Paiva revelaram-se, em pouco tempo, como um bom exemplo de como os rios podem ser uma fonte de rendimento para Arouca e para os Arouquenses, mantendo vivo, de modo dinâmico, esse património natural e ambiental. Contudo, os Passadiços do Paiva, já bem reconhecidos, ainda terão de se desenvolver muito melhor, numa direcção em que a sua área territorial se rejuvenesça cada vez mais, ao se repor (entre muitos outros aspectos e acções que são necessárias realizar) a sua fauna e flora autóctones envolventes, com eficácia e consistência.
 Mas, para além do rio Paiva, o concelho de Arouca, situado na Bacia Hidrográfica do rio Douro, tem inúmeros rios, ribeiros, riachos e cursos de água que, devidamente, aproveitados, poderiam ter um valor considerável, que muito poderia contribuir para consolidar a «intencionalidade identitária» do 'Arouca Geopark'.
 Seria um indicador de avanço civilizacional e teria, de certeza, muito sucesso, quer à escala nacional, quer à escala europeia, quer à escala mundial, se os Arouquenses e várias instituições de Arouca se mobilizassem no intuito de despoluir, por completo, integralmente, todos os rios, ribeiros, riachos e cursos de água de Arouca, configurando, do melhor modo possível, o seu caudal, com métodos avançados e técnicas, recorrendo a verdadeiros especialistas no assunto, em colaboração com os municípios vizinhos, onde alguns desses rios, ribeiros, riachos e cursos de água nascem e de onde se direccionam para o concelho de Arouca, etc.
O rio Urtigosa, em Rôssas-Arouca
 
 Uma das consequências estruturais seria o restabelecimento da fauna e da flora autóctones próprias dos rios, sendo claro que uma das acções a serem praticadas seria o repovoamento dos rios com as espécies piscícolas que lhes são típicas, das quais a mais relevante é a Truta Fário, que tem muito valor gastronómico e vários usos culinários apreciados, para além de ser objecto de um tipo de pesca que é das mais estimulantes. Também faria todo o sentido, no âmbito do 'Arouca Geopark', criar um viveiro científico de Trutas Fário, coordenado por especialistas no assunto, provenientes, por exemplo, da Universidade do Porto ou de instituições que tenham competências para tal, que teriam, entre outras funções científicas e técnicas, de efectuar, precisamente, a coordenação e a supervisão do repovoamento piscícola dos rios, etc.
 Mas os rios, os ribeiros, os riachos e os cursos de água de Arouca têm muitas, muitas, muitas mais potencialidades, em muitos e variados aspectos, pelo que o seu aproveitamento e a sua dinamização teriam, de certeza, sucesso garantido e acrescentariam mais valor e reconhecimento ao território arouquense, localizado apenas a 35Km da cidade do Porto, no âmbito do 'Arouca Geopark', tal como os Passadiços do Paiva já bem o demonstraram.

O rio dos Passadiços, em Arouca, é um rio da Área Metropolitana do Porto

O rio dos Passadiços, em Arouca, é um rio da Área Metropolitana do Porto, sendo um dos principais afluentes do rio Douro.

Volfrâmio - Memória e Património Físico em Arouca

Mina da Fiveda ou "Gola" em Alvarenga
Volvidos quase 6 anos desde a notícia divulgada pelo Jornal “As Beiras”, a Câmara Municipal e a Associação Geoparque Arouca, com o apoio da Adrimag, têm desenvolvido alguns esforços no sentido de dotar as minas de volfrâmio de Regoufe e Rio de Frades de melhores condições de visitabilidade e de promover esta oferta no âmbito do turismo cultural e histórico.
De facto, algum deste património está promovido do ponto de vista turístico e integra a “Rota da Água e da Pedra”.

Contudo, apesar do trabalho que vem sendo desenvolvido nesta matéria, ainda não foi possível constituir efectivamente a almejada Rota do Volfrâmio na Europa com reais benefícios/investimentos para Arouca, tão necessários à recuperação de algumas minas e edifícios, em ruína, e à constituição de um museu ou centro interpretativo ou, por que não, da constituição de uma rota do volfrâmio no concelho de Arouca, garantindo ao visitante uma experiência global, histórica e cultural do fenómeno no nosso concelho que, desde a primeira grande guerra (recorde-se que a primeira concessão mineira ocorreu em 1911, na Chieira, Alvarenga) suscitou grandes mudanças económicas, sociais e culturais, sem esquecer a construção de importantes redes rodoviárias, a electrificação e a colocação de telefones.

Arouca, muito mais que o concelho vizinho de Sever do Vouga (que possui e expõe um acervo importante, bem organizado e definido no Museu Municipal sobre a temática do volfrâmio ), tem história, infraestruturas, documentos/registos da época, notáveis estudos como “Volfro!” e “O Volfrâmio de Arouca”, documentários, fazendo com que seja possível reconstituir núcleos museológicos em torno da exploração do volfrâmio, evitando que este património se perca no tempo e se dilua em intenções/projectos que vão surgindo aqui e ali, estanques, descontextualizados, ficando muito aquém do que é necessário e merecido.

Arouca tem complexos mineiros em Rio de Frades, em Regoufe; a mina da Gola (ou da Fiveda), em Alvarenga, freguesia onde ainda existem antigos donos de mina vivos (Sr. Fernando Pinto, do lugar de Miudal); tem ainda o edifício onde estivera instalada a Separadora de Minério da Espinheira, no lugar da Vila, ocupado pelo Hotel “Quinta da Vila”; tem uma das casas onde eram alojados operários vindos de fora para trabalhar como jornaleiros nas minas, no lugar da Travessa, em Alvarenga; tem com certeza importantes acervos particulares das famílias Peres, Noronha e Pereira Pinto (arouquenses donos de minas, ao contrário do que acontecia em Rio de Frades e Regoufe que eram de propriedade alemã e inglesa, respectivamente.

De facto, temos património de raridade excepcional, de âmbito concelhio, que permitiria criar um núcleo museológico do volfrâmio, complementado pela rota do volfrâmio em Arouca, com pelo menos 3 ou 4 pontos ou spots de visitação que deverão incluir a freguesia de Alvarenga, praticamente ignorada neste contexto.

O nosso património é mais que reconhecido externamente, tendo sido transportado para a área da literatura, da televisão, do cinema e do teatro, basta recordarmos o romance histórico “Da outra margem” do autor arouquense José Nuno Pereira Pinto, “Volfrâmio” do célebre Aquilino Ribeiro, “O Rei do Volfrâmio” de Miguel Miranda, a série televisiva “A febre do ouro negro” e o filme “Volfrâmio” de Joel Sá Pinto, além de várias peças de teatro.

Conforme facilmente se constata, perante tamanho Património, é inegável a enorme responsabilidade e urgência na sua preservação que poderá passar por iniciativa privada, além da pública, como o que já acontece com o centro de interpretação geológica de Canelas, de índole do empresário Manuel Valério, pelo que internamente merece um olhar mais atento, quer da autarquia, quer da população local.

O reconhecimento e a valorização externa são evidentes. E a população local, será que valoriza e confere grau de prioridade à preservação e promoção deste património?

Na minha opinião, há muito a fazer: é urgente a localização, inventariação e (se possível) a aquisição de máquinas, utensílios e equipamentos associados à actividade mineira em Arouca, por forma a “rechear” um futuro museu ou Núcleo museológico e a preservar a memória e o património físico que ainda existe.

Tenho consciência que o nosso Município, pelo património diversificado que possui, tem muito onde investir, mas não deve ignorar as oportunidades, pois como diz o ditado, “não se deve por os ovos todos no mesmo cesto”, e cestos é o que não falta a Arouca!

Fonte: Diário As Beiras

20 de janeiro de 2019

Maria Rosalina, a “santinha” de Tropeço

(Maria Rosalina. Imagem em Manuel Dias - Milagres e crendices populares..., p.157)

   Maria Rosalina Vieira de Sousa nasceu em 1964 em Tropeço. Teria 8 a 10 anos quando uma doença a paralisou, ficando desde então recolhida na cama. Pouco depois, em 1975, correu o anúncio de que, por “milagre”, Maria Rosalina passara a viver sem ter necessidade de se alimentar.
   Progressivamente, consolidou-se um movimento devocional popular em torno desta menina, considerada "santinha", e enquadrável no conceito de "santas vivas", no qual se enquadra também o caso de Alexandrina de Balazar. Este movimento gerou alguns episódios de resistência dignos de registo. E registos há: na imprensa local, em processos judiciais, em arquivos e no livro de Manuel Dias – Milagres e crendices populares: visões, aparições, revelações (Porto: Brasília Editora, imp. 1985), que lhe dedica, entre as páginas 151 e 182, o capítulo mais extenso. Também Moisés Espírito Santo refere o caso de Maria Rosalina na sua conhecida obra “A religião popular portuguesa”.
   Visitei Maria Rosalina em 2006. Naquele dia estavam aí três autocarros em peregrinação. Havia, sobrevivia, ali um sistema de culto: o horário das visitas era limitado, só se realizava aos sábados e domingos das 9h às 11h da manhã, não valia a pena lá ir noutro horário; as pessoas entravam na casa em silêncio por uma salinha onde havia um quadro de Jesus Misericordioso; passavam depois ao quarto, bastante despido, onde estava deitada Maria Rosalina, coberta com uma colcha branca; aos pés da cama estava a mãe, outra senhora e um senhor; os visitantes aproximavam-se de Maria Rosalina, limitavam-se a beijar o crucifixo que esta erguia entre as mãos, a deixar as ofertas sobre a colcha e a sair. O silêncio imperava, embora algumas pessoas se ajoelhassem e lhe verbalizassem pedidos de graças a que, em poucas palavras, e a adivinhar pela expressão, diria consentir; à saída era oferecido a todas as pessoas um livrinho de distribuição gratuita intitulado “Guia prático para o sacramento da confissão”, editado por uma associação, “Mater Dei”, sediada em Elvas.
   Não sei se Maria Rosalina é viva e se, sendo, o culto se mantém. Fica este registo.

O Primeiro


Foi-me proposto pelo coordenador deste Blog, o Dr.º Paulo Teixeira, fazer com alguma regularidade textos sobre temas atuais e mais próximos do interesse local, o que tentarei corresponder.

Observando o nome Defesa de Arouca penso que os artigos/comentários a publicar deverão ir ao encontro do interesse local e deverão contribuir no proveito de Arouca e dos Arouquenses tal, como se apresenta o desígnio deste Blog.

Não nasci em Arouca mas já vivo (n)esta terra há mais de vinte anos, tendo desde há 15 trabalhado diariamente no desenvolvimento desta Vila e seu município. Este tempo passado acumulou reflexões sobre Ela nos mais diversos campos e temáticas que procurarei reproduzir.

Assim, espero de alguma forma contribuir para os objetivos desta página bem como despertar curiosidades e reflexões a quem leia os artigos.

19 de janeiro de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (III)

1249.I.20 - Sua Santidade o Papa Inocêncio IV autoriza Dona Mafalda Sanches a fundar livremente o Mosteiro de Bouças.

1630.I.18 - Inicia-se em Rossas, comenda da Ordem de Malta, a demarcação dos limites da mesma. Foram então colocados e abertos 46 marcos e hábitos de Malta com a respectiva cruz oitavada e a data de 1629.

1716.I.14 - É constituída a Irmandade das Almas de Arouca.

1869.I.14 - A Comissão Distrital de Viação Municipal dá acordo à deliberação da Câmara Municipal de Arouca sobre a construção do lanço da futura estrada Rossas-Cabeçais, compreendido entre os lugares da Barroca e Zendo, da freguesia de Rossas.

1890.I.19 - A Repartição da Fazenda de Arouca oficia o Inspector da Fazenda de Aveiro sobre os termos de entrega à Junta de Paróquia de São Bartolomeu e Irmandade da Misericórdia do que lhe foi cedido.

1922.I.15 - Dá-se a estreia do Grupo Dramático de Rossas, primeira organização formal da arte teatral nesta freguesia. A apresentação esteve a cargo de António de Almeida Brandão, de Telarda.

1926.I.17 - É criada a Liga dos Amigos do Convento de Arouca, sendo eleita uma comissão presidida pelo doutor Manuel Rodrigues Simões Júnior.

1939.I.16 - O Grémio dos Industriais de Transportes em Automóveis pede à Câmara Municipal para dar o seu parecer sobre a concessão requerida pela Auto-Viação Feirense, Limitada, para carreira-automóvel de passageiros entre São Pedro de Arouca e Lourosa da Feira.

1977.I.20 - É publicado o primeiro número do JORNAL DE AROUCA - Jornal Independente, ao serviço do Povo e do Concelho.

1986.I.16 - Dá-se o falecimento de António de Almeida Brandão, do lugar de Eidim, freguesia de Rossas, antigo presidente e gerente do Grémio da Lavoura Arouquense, mesário da Santa Casa da Misericórdia, director do semanário Defesa de Arouca, e presidente da Câmara Municipal de Arouca.

2008.I.18 - O semanário Defesa de Arouca suspende a sua publicação.

2008.I.20 - Jorge Gabriel, conhecido apresentador de televisão, deixa o comando técnico do Futebol Clube de Arouca.

15 de janeiro de 2019

A Pensar Alto... Cantar as Janeiras.

Grupo de Janeiras da Academia Sénior de Arouca
Foto: Prof. Cerca 
Cantar as Janeiras é um exercício coletivo que implica muito convívio, muitas risadas, muitas conversas, muita boa disposição e gosto em estar lado a lado com muita gente, espantando a solidão que às vezes sem querer-mos vai aparecendo, mesmo quando não estamos sozinhos.
Quando nos tempos atuais as relações pessoais quase só se concretizam através de olhares para um ecrã de 6 por 12 cm e por agilidade de dedos para teclar de dia e de noite o aparelho mágico que ninguém dispensa, andar a manter tradições que exigem o canto, a deslocação, as reuniões com muita conversa, o contato permanente com muita gente, tudo isto são quase atos revolucionários. Mas só dessa forma se mantêm as tradições. Cantar as janeiras é uma tradição que existe no nosso País e consiste em grupos organizados de pessoas andar pelas ruas a cantar músicas muito simples que anunciam o nascimento de Jesus e desejam ao mesmo tempo um feliz ano novo. Alguns grupos vão até de porta em porta e são presenteados por isso. Em Arouca existe desde sempre essa tradição, e uns anos mais outros menos, sempre se vão encontrando pelos lugares e pela vila esses grupos de pessoas que com enorme alegria, imunes ao frio da época, cantam e tocam com entusiasmo essas singelas canções. A Câmara, muito bem, organiza um encontro de grupos de Janeiras e apesar de não aparecer muita quantidade, encontram se grupos de qualidade de todo o Concelho, que com espírito de festa, espalham solidariedade, votos de felicidades e contentamentos, pelas ruas e alguns estabelecimentos da Vila, assim como habitualmente o S. Pedro  espalha o frio e aquela brisa que nem um bom bagaço com mel aquece. Os que cantam e tocam fazem-no com prazer bem visível e os que ouvem aceitam de bom grado os votos e os pedidos feitos e se não houver outra maneira fica tudo bem com os sorrisos de parte a parte. A enorme fogueira que nunca se esquecem de convidar dá também uma ajuda, e vivam as tradições. A nossa vida vai se inventando e alterando sem tempos para espantos,tal a quantidade de transformações e descobertas, mas os hábitos e ensinamentos passados com este espírito, devem ser respeitados e mantidos para usufruto de várias gerações. Isto é, respeitar o que é genuíno, e não deixar esquecer o que nos une e nos forma como povo com caraterísticas próprias e independentes. E cantar, e transmitir boas noticias, desejar que o futuro seja bom, vivendo ao mesmo tempo momentos de muitos contatos, é muito gratificante, e só nos pode deixar mais felizes. E estamos a dar um exemplo para que as nossas crianças e os mais jovens saibam que existe vida para além da TV, dos jogos on-line e das vidas virtuais. Cantemos as Janeiras, ouçamos os cantadores, não deixemos esquecer aquelas quadras tão bem intencionadas...

"Boas festas, boas festas, Cantamos em alta voz, 
Lá no céu cantam os Anjos, na terra cantamos nós."
       
E tenham mais um ano muito feliz.

13 de janeiro de 2019

Arouca na net

   “Está tudo na Net”, usa dizer-se. Também Arouca lá está, inevitavelmente. Felizmente. Hoje, googla-se “Arouca”, e obtém-se algo como “Cerca de 7 210 000 resultados (0,69 segundos)”. Nem sempre foi assim.
   No tempo, hoje arqueológico, em que não imperavam na internet as ditas redes sociais (e, para o caso, o Facebook, que embora seja rede e reúna, enreda e dispersa mais do que o que reúne) houve algumas tentativas de criar na internet espaços de informação e conhecimento estruturado sobre Arouca. Evoco dois deles: os portais Aroucanet (http://www.aroucanet.com) e Arouca.biz (http://www.arouca.biz).
   O primeiro ainda paira na net, congelado. Do segundo, sobrevive a inscrição tumular “O Portal Arouca.biz teve um papel de relevância na dinamização da internet e na criação de uma comunidade online sobre o concelho de Arouca. Contudo, face ao contexto e à falta de disponibilidade dos promotores verificada nos últimos anos, o Portal foi desligado.”
   Hoje sobrevivem e vão emergindo alguns espelhos digitais de periódicos impressos, blogues pessoais e coletivos (como este “Defesa de Arouca”), e abundam as páginas do Facebook, que não visito por inabilidade e falta de tempo, mas a que reconheço utilidade. Até porque no meio disto tudo, é por aí que sobrevivem tesourinhos deprimentes como este: https://www.facebook.com/aroucaportugal/videos/1328071077753/.

Da necessidade de um verdadeiro auditório municipal

Arouca não tem nos dias de hoje um verdadeiro auditório municipal do qual nos orgulhemos e possamos usufruir.
Tem um auditório que é ao mesmo tempo loja interactiva de turismo e que já foi e continua a ser a espaços sala de cinema. Tem um auditório que como sala para público tem condições e dimensões que considero suficientes e boas mas em que o palco e todas infraestruturas de "back stage"  são muito insuficientes e medíocres. Basta ouvir ou falar com os muitíssimos grupos e pessoas que por lá já actuaram das mais variadíssimas áreas para percebermos e confirmarmos esta realidade. Não possui cais de carga e descarga de material, não possui profundidade de palco, não possui camarins dignos, etc... o nosso actual auditório municipal foi uma adaptação de um antigo cinema que depois também se adaptou a loja interactiva que veio ocupar o Hall e o tornar  minguo para algumas actividades que lá se desenrolam.
Sendo Arouca felizmente um concelho com uma dinâmica cultural e artística forte e com um bem vivo movimento associativo na área das artes penso que é chegada a altura de voltar a pensar num auditório/teatro municipal "à séria". Digo voltar a pensar pois num passado já longínquo já se pensou e inclusive projectou um verdadeiro auditório municipal, chegando mesmo a equacionar-se locais e propostas. Entretanto veio a crise e ficou tudo na gaveta.
Temos outros pequenos auditórios como o dos bombeiros voluntários de Arouca, da Escola Secundária de Arouca para referir somente outros dois. Iremos ter no futuro o auditório projectado para a a academia de música de Arouca. Tivemos e foi assumido que o pavilhão de desportos da Escola Secundária poderia ser adaptado para eventos e concertos de grande dimensão. Essa opção foi por exemplo testada aquando a conferência europeia de Geoparks que decorreu em Arouca. A verdade é que "desenrascou" mas não deixou nem deixa de ser uma adaptação provisória. Uma estrutura que foi e está pensada para ser um pavilhão desportivo e não um auditório e muito menos um teatro.
O teatro, a música, a cultura, as palestras e conferências e acima de tudo os Arouquenses merecem um teatro municipal. Comecemos a pensar nisso.

12 de janeiro de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (II)

1296.I.13 - Sua Santidade o Papa Bonifácio III solicita ao Bispo do Porto que convoque a Abadessa do Mosteiro de Arouca e o Abade do Mosteiro de Paço de Sousa e os leve a estabelecer a concórdia.

1794.I.10 - Sua Santidade o Papa Pio VI autoriza o culto público a Dona Mafalda Sanches, concedendo que a 2 de Maio se celebre a sua festa.

1912.I.10 - O Administrador do Concelho, Dr. Ângelo Pereira de Miranda, dirige uma missiva à Real Irmandade Rainha Santa Mafalda, advertindo para a necessidade da alteração dos Estatutos para conformidade com a Lei da Separação do Estado da Igreja de 20 de Fevereiro de 1911.

1920.I.09 - Nasce, na freguesia de Rossas, o futuro Bispo Auxiliar das Dioceses de Leiria e do Porto, D. Domingos de Pinho Brandão.

1943.I.07 - É concedida autorização à Companhia Alemã, a explorar volfrâmio na região de Arouca, para instalar nas celas da Ala Poente do Mosteiro um internato hospitalar com vista a acolher os acidentados da Companhia, bem como os portadores de disenteria bacilar que alastra entre a população mineira.

1979.I.09 - É constituída a sociedade «Vieira da Silva & Irmãos, Lda», com sede na Lameira, freguesia de Urrô, destinada à serração e comércio de madeiras.

1990.I.12 - É constituída a «Associação Cultural e Recreativa de Saril», com sede na freguesia de Rossas.

1993.I.12 - A Associação Agrícola de Criadores de Gado de Cinfães, fundada em 1986, passa a denominar-se «ANCRA - Associação Nacional de Criadores da Raça Arouquesa».

2000.I.08 - A pedido de um grupo de cidadãos, Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, desloca-se à freguesia de Rossas, para se inteirar da polémica gerada a propósito do traçado da futura Via Estruturante Arouca-Feira.

2000.I.12 - A «C&J Clark», a laborar em Arouca desde 1986, anuncia a intenção de despedir 368 trabalhadores.

2002.I.10 - É publicado o primeiro número do Jornal das Associações, editado pela FAMA - Federação das Associações do Município de Arouca.

2006.I.07 - Depois de morosa empreitada de remodelação e ampliação, é reinaugurado o Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Arouca.

10 de janeiro de 2019

A nação de Portugal nasceu no Entre-Douro-e-Minho, que é o território onde Arouca se insere e de onde se formou o Estado português...

    A nação de Portugal nasceu no Entre-Douro-e-Minho, de onde se formou o Estado português e o antigo Império Português, em termos estruturais e estruturantes...A idiossincrasia identitária milenar de Portugal, o seu 'core' identitário, sempre esteve no Entre-Douro-e-Minho, como continua a estar...Não o contrário...O Entre-Douro-e-Minho é também o território onde a identidade endógena e autóctone de Arouca se insere...Este 'território-berço' está "esmagado", de muitas e variadas formas, há muito tempo, pelo ultra-centralismo e pelo ultra-parasitismo de Lisboa e arredores, que, se fosse uma suposta boa capital administrativa, para o país como um todo, faria com o que o país se desenvolvesse de modo lúcido e harmonioso, de Norte a Sul, bem como os Açores e a Madeira, sem grandes assimetrias e sem grandes problemas, com um sério e responsável sentido de Estado...Mas não é isso que acontece, infelizmente...Aquilo que acontece é que o ultra-centralismo e o ultra-parasitismo de Lisboa e arredores continuam a ser dos graves problemas estruturais que impedem o desenvolvimento frugal do Estado português, para além da cidade 'latinista-romanista-berbere-moura-saloia' de Lisboa (são essas as civilizações que configuraram, em termos estruturais, Lisboa, que nem sempre foi capital: Guimarães, Coimbra, Rio de Janeiro e Angra do Heroísmo também já foram capital de Portugal...), não ter, desde o seu início como suposta capital de Portugal (para onde se deslocou, no século XIII, a Corte, mas sem ter, nessa altura, instituições estruturadas, próprias de uma suposta capital, bem como nos períodos históricos sequentes), a consistência de uma «verdadeira suposta capital europeia de topo»...
    Até porque (ao contrário do que a maioria das pessoas pensa) Coimbra, na realidade, continua a ser a  capital oficial de Portugal. No ano de 1255, D. Afonso III e a Corte mudaram-se de Coimbra para Lisboa. Mas nenhum governante, ao longo dos séculos e até ao presente, assinou qualquer documento que oficializasse Lisboa como capital oficial de Portugal, pelo que, devido a esse facto, Coimbra continua a ser a capital oficial de Portugal.
O Entre-Douro-e-Minho
    Tal como se pode verificar num comentário, na Wikipédia, a propósito de uma célebre frase de um dos principais romances de Eça de Queirós, que sempre foi mal interpretada pelos Portugueses...:
" Uma das frases recorrentes que, na contemporaneidade, em Portugal, é, de modo errado, frequentemente, atribuída a Eça de Queirós, tendo-se tornado um estereótipo português, para afirmar uma suposta vanguarda portuguesa da cidade de Lisboa, actual capital administrativa de Portugal, é " Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. "
  Nunca Eça de Queirós, escritor da Região do Norte e um admirador da cultura urbana centro-europeia e que não se identificava com Lisboa, escreveu esta frase e nunca perfilhou essa noção, visto que, na realidade, sentia um certo desprezo por Lisboa, actual capital portuguesa, localizada na Estremadura, no Sul do país. Na realidade, a origem da frase onde, de modo impreciso e errado, se deduziu essa frase " Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. ", que Eça de Queiros nunca escreveu, reporta-se à passagem da obra Os Maias (1888), que se refere a uma fala de Ega:
  «– Lisboa é Portugal – gritou o outro. – Fora de Lisboa não há nada. O país está todo entre a Arcada e S. Bento!...» (Os Maias, cap. VI). A passagem pretende apenas realçar o centralismo administrativo e político da cidade de Lisboa e criticar esse centralismo. Daí a expressão "O país está todo entre a Arcada e S. Bento!..." , ou seja, entre o Terreiro do Paço e o Palácio de São Bento, edifícios do poder central, político e administrativo. Essa passagem da obra Os Maias (1888) não exalta a cidade de Lisboa e não pretende, de modo algum, defender uma suposta vanguarda da cidade de Lisboa, que Eça de Queirós (escritor com origens familiares nas velhas famílias troncais do Entre-Douro-e-Minho, muito influenciado por essa região berço de Portugal, enquadrada na sua região mais antiga e populosa que é a Região do Norte ), nunca perfilhou, para além de considerar Lisboa uma cidade provinciana e uma má capital, como se pode deduzir a partir da obra A Capital (1925, póstumo).
  Os Maias (1888) são, precisamente, uma crítica de costumes que nos mostra uma capital, Lisboa, que se dissolve, incapaz de se regenerar. Assim, essa passagem do capítulo VI d'Os Maias pretende apenas realçar o centralismo político e administrativo do poder central de Portugal, localizado na cidade de Lisboa, sendo uma crítica a esse centralismo excessivo por parte de Eça de Queirós. Cá está o exemplo de uma noção errada, visto que Eça de Queirós nunca escreveu a frase: “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.” Mas essa frase, que Eça não escreveu, passou, para o quotidiano dos portugueses e da sociedade portuguesa, como verdadeira."
   Algumas das características 'não-benéficas' que, em parte, em termos gerais, definem Lisboa e arredores (localizada na província da Estremadura e na região saloia) são o seu provincianismo auto-referente, uma certa mediania pretensiosa, uma certa ausência de uma identidade autóctone de qualidade ética e estética que tenha forte coerência identitária e habitantes enraízados e onde o custo de vida é completamente irrealista e desfasado em relação à pouca qualidade ou à qualidade muito mediana que o território lisboeta e as suas instituições proporcionam, bem como uma certa ausência geral de requinte e de sofisticação próprios de uma capital europeia (Lisboa e arredores são um espaço com muitas partes sub-urbanizadas e degradadas e alienantes, com graves problemas sociais, infelizmente...), que são alguns dos seus principais defeitos (apesar de, como é óbvio, também ter boas características e bons elementos...), que, depois, são impostos e propagandeados, ao resto do país, sobretudo através dos «mass media»...É comum exaltar-se e propagandear-se Lisboa de modo excessivo, atribuindo-lhe um estatuto que não corresponde à sua realidade concreta e quotidiana, etc...Nesse sentido, recordo sempre a célebre descrição da poetisa portuense Sophia de Mello Breyner Andresen, que viveu, em Lisboa, uma parte considerável da sua vida: "Porque nasci no Porto / Sei de cor o nome das flores e das árvores / E não escapo a um certo bairrismo / Mas escapei ao provincianismo da capital".
    E já agora, apelando às estatísticas (que revelam, sobretudo, quantidades), que os lisboetas e os lisboetados tanto gostam de divulgar nos mass media, para se gabar, a dizer que a Área Metropolitana de Lisboa é a região mais rica do País, ainda que seja à custa de parasitar sobretudo a Região Norte...: Convém saber que, no contexto da União Europeia, para o PIB per capita, a Área Metropolitana de Lisboa encontra-se no 97.º lugar. Se considerarmos outros indicadores, como a qualidade das infraestruturas, saúde, educação, emprego, inovação ou governação, a Área Metropolitana de Lisboa cai para o 128.º lugar. Isto apenas no espaço da União Europeia. Se fosse no espaço mais vasto de todo continente europeu, a Área Metropolitana de Lisboa descia ainda muito mais nessa escala e, se fosse no contexto mundial, aí descia muito, muito, muito mais...como que a revelar a péssima cidade e a péssima suposta capital que, na realidade, Lisboa é, como sempre foi.
    Uma capital de um Estado deve ter sempre qualidade e requinte territorial e deve ser sempre onde se localiza o seu 'core' identitário e onde esse Estado surgiu e de onde ele se formou. Uma capital de um país tem sempre de funcionar bem, afim de concretizar, de modo permanente, o desenvolvimento justo e equilibrado de todas as regiões desse Estado, ao serviço dos seus cidadãos e das suas instituições, num movimento real de descentralização e de justiça social. Uma capital de um país deve sempre gerar consensos num contexto nacional e não oposições e conflitos. Como é óbvio, na sequência daquilo que foi descrito, a capital de Portugal devia ser ou em Guimarães ou no Porto: seriam essas as cidades centrais do Entre-Douro-e-Minho e da Região Norte que melhor corresponderiam à idiossincrasia identitária, autóctone e endógena, de Portugal e dos Portugueses, residentes ou espalhados pelo Mundo, sem nunca derivar, de novo, nesse novo local, para a situação perniciosa do ultra-centralismo, que auto-destrói qualquer Estado de qualquer parte do Mundo e que nunca é bom para os seus habitantes.

Sobre o eventual fecho das restantes antigas escolas primárias

Na última sessão da Assembleia Municipal, Carlos Alves, do PCP Arouca, questionou a senhora Presidente da Câmara sobre o eventual fecho da Escola EB1 de Moldes no final deste ano lectivo. Fê-lo com a coerência, empenho, responsabilidade e oportunidade com que o PCP Arouca nos tem habituado nos últimos anos. E na sequência do interessante trabalho que realizaram em 2010 sobre o tema em apreço, epigrafado “O Reordenamento do Parque Escolar do 1.º Ciclo e o Mundo Rural – Da Escola Primária ao Centro Escolar”, que, tirando a forte carga ideológica e partidária, vale a pena conhecer.

Foto da Escola EB1 de Paços, Moldes. PCP Arouca
Não percebi e não conheço ainda qual terá sido a resposta da senhora Presidente da Câmara. Conheço, no entanto, a posição do PCP Arouca, de que, com o devido respeito, discordo. Sou a favor das “escolas EB1 sobredimensionadas” e da criação dos Pólos ou Centros Escolares que forem necessários para substituir as restantes e velhinhas escolas primárias ainda em funcionamento. Tendo em conta o passo que já foi dado relativamente à maior parte das freguesias do concelho, não podemos, agora, por muito mais tempo, ter duas realidades, freguesias e crianças de primeira e de segunda, com condições distintas. Por mais idílicas e bucólicas que possam parecer, não se queiram as nossas crianças, por muito mais tempo, nas condições que a foto evidencia.

A Escola Primária antiga, no entanto, não deve ser apagada da nossa memória individual e colectiva como um passar do apagador sobre o velho quadro de ardósia. As crianças dos novos Pólos Escolares, mas também os adultos, devem ter presente e poder recordar essa outra realidade, dos tempos em que as acessibilidades e os transportes, apesar de tudo, não eram o que são hoje. Dos tempos em que não havia sequer acessibilidades e transportes e, por isso, era imperioso o serviço público de proximidade. É, pois, muito importante reservar uma dessas antigas e mais características escolas para núcleo museológico do ensino no concelho e não permitir que, independentemente da utilização que lhes seja dada, se descaracterizem os imóveis das demais.

Por outro lado, respeitando muito opinião diversa, não é o facto das crianças, em idade de frequentar o agora dito 1.º Ciclo, correrem pelos recreios das pequenas escolas primárias, pelos caminhos, borda das levadas e orla dos campos, que as agarra à terra, nem deve haver qualquer interesse nisso em fase tão incipiente. O que agarra as crianças, mas também os adultos, à terra, são as condições e qualidade de vida para nela se viver. Dêem-se-lhes antes condições, as melhores condições possíveis, para que elas possam sonhar, voar, competir e singrar, e depois, sem necessidade de ir ao longe e ao largo, voltar com condições, desenvoltura, arrojo e empreendedorismo, para impulsionar a terra e nela viver com qualidade.

8 de janeiro de 2019

A Pensar Alto... Concerto de Natal.

Quando se esgotam as palmas, que são sempre imensas, quando já não se ouvem os acordes musicais nem os cantos que tanto nos agradam, olhamos mais uma vez em redor para não esquecer-mos nenhum pormenor e ao mesmo tempo que as pessoas se retiram, os músicos guardam os instrumentos e as despedidas, e os parabéns vão se ouvindo aqui e ali, a igreja regressa ao seu ambiente de silencio e orações, aquele friozinho que se tinha ausentado ocupa de novo aqueles espaços, respira-se fundo e sentimos que vamos preparados para enfrentar o novo ano que se aproxima.
O concerto de Natal que todos os anos se vai repetindo na igreja do Convento, pode não ser o melhor, o maior ou o mais perfeito, mas é feito por gente nossa que ama a música, o canto, e se realiza nestas atividades tão belas. Arouca é um Concelho diferente por ter tal gente, que merece quem os gosta de ouvir e não se cansa de os elogiar. O gosto pela musica vai passando entre gerações, a nossa Banda, a que leva o nome do Concelho, está cada vez melhor, os coros tem uma qualidade muito razoável, penso eu, e o espetáculo que em conjunto nos oferecem como prenda de Natal e despedida do ano, tem cada vez mais apoiantes e interessados em compartilhar esses momentos de alegria, paz, tranquilidade, momentos em família como a data merece. Este ano foi mais um grande momento, num grande sítio, o local próprio, repleto de quem quer  ver com os seus próprios olhos como quando trabalhamos em conjunto podemos ser criativos e transformar uma hora e pico num momento para não esquecer. E sentimos que esse encantamento do que é belo, vai ajudar-nos a enfrentar um novo ano, com o espírito liberto, o coração satisfeito e a velha alma disposta a ser mais corajosa e otimista apesar de tudo. O concerto de Natal no ano de 2018, na igreja do Convento teve a banda, dois coros, dois solistas, e muita gente a prepará-lo, transmiti-lo e divulga-lo. Estão todos de parabéns. Arouca termina o ano com muita emoção, e prepara já  o próximo. Apesar de ao longo do ano ter-mos muitos outros momentos que merecem todos os elogios, este momento continua a ser diferente e mais sentido. O Natal é a festa da família, e nesses momentos pertencemos-lhe todos. Obrigado e bom ano.

Sobre o ultra-centralismo e o ultra-parasitismo de Lisboa e arredores em relação à Região Norte

  Relativamente a um dos fenómeno descritos no meu texto anterior: o fenómeno do ultra-centralismo e do ultra-parasitismo de Lisboa e arredores em relação à Região Norte de Portugal (Arouca insere-se de modo identitário e pertence à Área Metropolitana do Porto e à Região Norte), há um texto na internet, embora contenha algumas imprecisões, que descreve bem este fenómeno, onde se pode ler, entre outras passagens, o seguinte:

" Mas, paradoxo dos paradoxos: É MESMO O MAIOR PARADOXO INJUSTO DE PORTUGAL, apesar da Região do Norte ser a mais industrializada, a que mais exporta e a que tem uma balança comercial ‘superavitária’, com uma taxa de cobertura de exportações de 140%, continua na cauda dos rendimentos, em termos estatísticos, continuando a ser, em termos estatísticos, a região mais pobre de Portugal e uma das mais pobres da União Europeia, de acordo com o mais recente estudo do Eurostat, que analisou o PIB per capita de 276 regiões de 28 países, concluindo que a Região do Norte tem uma riqueza per capita de 13 900 euros, ou seja, 35% menos do que a média europeia. Apesar de, nos últimos cinco anos, a Região Norte quase duplicou o seu saldo positivo, em bens transaccionáveis, agora acima dos cinco mil milhões de euros, enquanto que há, contudo, uma região com saldo negativo: a Área Metropolitana de Lisboa, que assegura mais de 15 mil milhões de euros de “prejuízo” na balança comercial de bens transaccionáveis.
Região Norte de Portugal

  E PORQUE É QUE É ASSIM?! QUAIS AS CAUSAS REAIS DESTA GRANDE INJUSTIÇA SOCIAL? As respostas concretas e científicas são as seguintes – Esta situação deve-se ao secular centralismo excessivo da cidade de Lisboa e do território que envolve a actual capital administrativa de Portugal, onde estão localizados os vários tipos de instituições do poder central do Estado, bem como as sedes de vários tipos de instituições privadas. Esse centralismo excessivo radicalizou-se, nos últimos tempos. Os vários serviços centrais do Estado de natureza económica, tributária e fiscal, sediados em Lisboa e no território envolvente, através de vários tipos de impostos, do IRS, do IRC, de vários tipos de emolumentos e de vários tipos de taxas económicas e fiscais, vêm buscar esses fundos, sobretudo, à Região do Norte, que é a mais populosa e a mais exportadora e a que mais contribui para o PIB, e, depois injectam esses fundos gerados na Região do Norte, nas várias instituições e em obras públicas do território de Lisboa e da Área Metropolitana de Lisboa, condensados, em parte, no Orçamento Anual do Estado, que costuma ser altamente centralista.
  O centralismo de Lisboa dá também externalidades à economia privada, enquanto que o spillover effect”, o famoso efeito de dispersão, que é um mecanismo inventado para desviar, para Lisboa, fundos comunitários destinados a outras regiões, aliados à hiperconcentração do Estado central, contribuem para que Lisboa e território envolvente seja, em termos estatísticos, o território mais rico, enquanto que a Região do Norte, que é a mais populosa, a que mais produz e que mais gera riqueza e a que mais exporta, continua, em termos estatísticos, a ser a mais pobre. É MESMO O MAIOR PARADOXO INJUSTO DE PORTUGAL. "

  E esta situação injusta não pode mesmo continuar mais assim...

Ver, pf, aqui, o texto integral: Região Norte de Portugal

Ver também, pf, este texto recente publicado no JN

7 de janeiro de 2019

Sopa dos Pobres

- “Srª empregada o que é o comer na cantina?” 
- “Hoje é peixe…queres tirar a senha?” 
- “Não…não gosto de peixe…”
Ouço repetidamente esta conversa entre miúdos na escola e eu que, por acaso, prefiro peixe a carne interrogo-me, num misto de curiosidade e estupefação, o que comerão estes miúdos nas suas próprias casas… 
E porque do existente se pode sempre fazer sobressair o bom e o mau, este pequeno diálogo transporta-me aos tempos idos da minha infância escolar vivida na bonita e envidraçada escola do Cerco do Porto.
Na década de 60 frequentava eu a referida escola e notava que a meio da manhã chegava um camião com panelas gigantes que envolvia um cheirinho apetecível de uma sopa que eu pensava ser universal.
Com efeito, uma simples sopa que, por vezes, é rejeitada e pouco apetecida por nós, tornava-se naquela época um pequeno obstáculo entre os meus sentires de criança e a escola do qual eu sempre gostei de forma desmesurada.
Num dos primeiros dias que me apercebi da distribuição da sopa, coloquei-me ingenuamente na fila quando, à entrada da cantina, a funcionária com tom austero me disse: “A sopa não é para ti…”
Nesse dia regressei da escola a chorar… lembro bem a tristeza que senti por não me deixarem participar de um “meio almoço” que também eu desejava partilhar com os meninos da Escola do Cerco.
A minha mãe, sempre atenta ao modo como eu encarava a escola e àquilo que eu aprendia., lá ía consolando as minhas lágrimas de menina mais emotiva e menos racional e… …num determinado dia foi falar mesmo com a professora D. Isolina (chegada ao Porto vinda de Cinfães para acompanhar o marido, médico num dos hospitais da cidade) para que esta possibilitasse a minha inserção no grupo dos meninos contemplados pela sopa, ainda que tivesse que “pagar alguma coisa”. Soube nesse mesmo dia que a sopa tinha um nome - “Sopa dos Pobres” - e que era apenas destinada aos meninos pobres que não tinham de comer em casa. No fim da sopa, era distribuído um molete que eu alegremente trazia para casa com uma satisfação que ainda hoje me faz pensar demora e sorridentemente.
Volvidos cerca de cinco décadas eu olho a escola com outras preocupações mas com a mesma emoção. Já não há a “Sopa dos Pobres” mas não são raros os casos em que a escola se coloca na retaguarda de fornecer refeições (para casa) a alguns alunos muito carenciados. Já não há a discriminatória e infeliz divisão nas salas em três filas de alunos: os bons, os médios e os burros…mas há meninos a quem a escola não lhes diz absolutamente nada e que é difícil aceitarem que esta é um trampolim para a vida que está lá fora. Já não há brincadeiras e correrias saudáveis mas sim olhares pregados num telemóvel que os transporta a um mundo que eu, sinceramente, desconheço, mas que, de forma alguma, invejo… Hoje, tenho de, por vezes, desdobrar-me entre os conteúdos de um programa com os quais nem sempre concordo e o apoio ao aluno que sofre de ansiedade, à aluna que foi deixada pelo namorado e chora copiosamente  ou mesmo àqueles alunos que ninguém quer integrar em trabalhos de grupo… 
Hoje os desafios são múltiplos e complexos. Mas é muito bom recebê-los cada manhã… sentir a sua mundividência… o seu lado divertido e descomprometido com a vida!
Sou orgulhosamente Professora… 
Professora de Filosofia… 
Professora de Filosofia de um Agrupamento de Escolas onde se constroem futuros (que eu acredito serem) de Esperança!!

Chegou ao limite dos limites do absurdo: a (não) conclusão da Variante à EN326!...

  Na sequência daquilo que é descrito num texto anterior, publicado neste blogue, da autoria de Paulo Teixeira, aquilo que se pode constatar é que há uma grande irresponsabilidade e negligência, por parte de todos os responsáveis, sem excepção, neste impasse absurdo, que parece não ter fim, da não conclusão de um pequeno troço de uma estrada que, à escala nacional, é um minúsculo troço de estrada e corresponde, em termos de despesa económica, a uma 'migalha' no Orçamento do Estado e também a uma 'migalha' em qualquer fundo estrutural, com origem nacional e/ou origem europeia. Este impasse absurdo também surge do ultra-centralismo político e administrativo do Poder Central, localizado em Lisboa e arredores, que, por ser provinciano e não ter, como devia, verdadeiro sentido de Estado, conhece muito mal (ao contrário daquilo que deveria acontecer) a realidade concreta do país. E, infelizmente,  salvo uma ou outra excepção, as influências dos protagonistas sociais de Arouca, da Área Metropolitana do Porto e da Região Norte, junto ao Poder Central, estão, no presente, esmorecidas, o que contribui também para este adiamento absurdo. 
  Apesar de ser uma obra pequena, a conclusão da Variante à EN326 é MUITO URGENTE e MUITO NECESSÁRIA, para os Arouquenses, porque vai corresponder à modernização dos acessos da tendência secular (senão milenar) de mobilidade dos Arouquenses para o litoral, em particular para o Porto e para a área do denominado Grande Porto, que são um prolongamento do território de Arouca e vice-versa, área onde moram milhares de Arouquenses e seus descendentes, de modo enraízado e empático, com a estruturação moderna, em termos rodoviários, da parte sudeste da Área Metropolitana do Porto.
Variante à EN326
  A prioridade das prioridades é, assim, fazer a estruturação de acessos modernos e funcionais aos locais de «mobilidade natural» dos Arouquenses, que são o Porto e o Grande Porto. E não, como é óbvio, para outras partes do território de Portugal, onde o contacto dos Arouquenses sempre foi escasso ou fugaz, como a Região Centro, Aveiro ou localidades afins, em relação às quais Arouca e os Arouquenses não têm relações constantes de pertença, de interacção ou de empatia, para além de Arouca não se inserir na identidade territorial dessas localidades. Isto é referido porque os Portugueses não primam, muitas vezes, pelo ordenamento racional e lúcido, com cariz científico, a longo prazo, do território que habitam!  Os acessos modernos têm que se estruturar sempre de modo científico e racional e num contexto prospectivo de longo prazo e de muito longo prazo, a pensar nas futuras gerações sucessivas e no futuro sadio e ético do território, reforçando, cada vez mais, a sua identidade territorial endógena e autóctone. Esta estrada corresponde (apesar de já ter alguns erros gravíssimos e irreversíveis, como a construção daquele viaduto monstruoso e evitável na freguesia de Rôssas), precisamente, à modernização muito necessária e acertada dos acessos ao território de «mobilidade natural de sempre» dos Arouquenses: o Porto e o Grande Porto. A sua conclusão é uma prioridade de prioridades, urgentes e imprescindíveis.
  Para isso, mais do que nunca, os Arouquenses e várias instituições fundamentais de Arouca, da Área Metropolitana do Porto e da Região Norte têm que congregar, de modo muitíssimo mais intenso e reivindicativo, os seus esforços e as suas vontades para que, finalmente, se conclua uma estrada a que os Arouquenses têm direito e que já, há muito tempo, deveria estar concluída. Presumo, conhecendo bem eu Lisboa e arredores como conheço, que, se fosse em Oeiras ou em Cascais, uma estrada similar a esta, estaria concluída apenas em meses e não em largos anos, como está a acontecer, infelizmente, com esta de Arouca, que é um município da Área Metropolitana do Porto e da Região Norte, que é, como se sabe, a região mais populosa do país e o «motor económico» de Portugal, apesar do logro de uma parte das estatísticas oficiais indicar o contrário.
  E isso acontece devido ao facto dessas estatísticas oficiais serem apuradas a partir do «mecanismo ultra-centralista» do Poder Central e do modo ultra-centralista como funciona o Estado português há muito tempo, localizado em Lisboa e arredores, que ultra-parasita a Região Norte de Portugal. E esta situação injusta não pode continuar mais assim...