10 de janeiro de 2019

Sobre o eventual fecho das restantes antigas escolas primárias

Na última sessão da Assembleia Municipal, Carlos Alves, do PCP Arouca, questionou a senhora Presidente da Câmara sobre o eventual fecho da Escola EB1 de Moldes no final deste ano lectivo. Fê-lo com a coerência, empenho, responsabilidade e oportunidade com que o PCP Arouca nos tem habituado nos últimos anos. E na sequência do interessante trabalho que realizaram em 2010 sobre o tema em apreço, epigrafado “O Reordenamento do Parque Escolar do 1.º Ciclo e o Mundo Rural – Da Escola Primária ao Centro Escolar”, que, tirando a forte carga ideológica e partidária, vale a pena conhecer.

Foto da Escola EB1 de Paços, Moldes. PCP Arouca
Não percebi e não conheço ainda qual terá sido a resposta da senhora Presidente da Câmara. Conheço, no entanto, a posição do PCP Arouca, de que, com o devido respeito, discordo. Sou a favor das “escolas EB1 sobredimensionadas” e da criação dos Pólos ou Centros Escolares que forem necessários para substituir as restantes e velhinhas escolas primárias ainda em funcionamento. Tendo em conta o passo que já foi dado relativamente à maior parte das freguesias do concelho, não podemos, agora, por muito mais tempo, ter duas realidades, freguesias e crianças de primeira e de segunda, com condições distintas. Por mais idílicas e bucólicas que possam parecer, não se queiram as nossas crianças, por muito mais tempo, nas condições que a foto evidencia.

A Escola Primária antiga, no entanto, não deve ser apagada da nossa memória individual e colectiva como um passar do apagador sobre o velho quadro de ardósia. As crianças dos novos Pólos Escolares, mas também os adultos, devem ter presente e poder recordar essa outra realidade, dos tempos em que as acessibilidades e os transportes, apesar de tudo, não eram o que são hoje. Dos tempos em que não havia sequer acessibilidades e transportes e, por isso, era imperioso o serviço público de proximidade. É, pois, muito importante reservar uma dessas antigas e mais características escolas para núcleo museológico do ensino no concelho e não permitir que, independentemente da utilização que lhes seja dada, se descaracterizem os imóveis das demais.

Por outro lado, respeitando muito opinião diversa, não é o facto das crianças, em idade de frequentar o agora dito 1.º Ciclo, correrem pelos recreios das pequenas escolas primárias, pelos caminhos, borda das levadas e orla dos campos, que as agarra à terra, nem deve haver qualquer interesse nisso em fase tão incipiente. O que agarra as crianças, mas também os adultos, à terra, são as condições e qualidade de vida para nela se viver. Dêem-se-lhes antes condições, as melhores condições possíveis, para que elas possam sonhar, voar, competir e singrar, e depois, sem necessidade de ir ao longe e ao largo, voltar com condições, desenvoltura, arrojo e empreendedorismo, para impulsionar a terra e nela viver com qualidade.