10 de janeiro de 2019

A nação de Portugal nasceu no Entre-Douro-e-Minho, que é o território onde Arouca se insere e de onde se formou o Estado português...

    A nação de Portugal nasceu no Entre-Douro-e-Minho, de onde se formou o Estado português e o antigo Império Português, em termos estruturais e estruturantes...A idiossincrasia identitária milenar de Portugal, o seu 'core' identitário, sempre esteve no Entre-Douro-e-Minho, como continua a estar...Não o contrário...O Entre-Douro-e-Minho é também o território onde a identidade endógena e autóctone de Arouca se insere...Este 'território-berço' está "esmagado", de muitas e variadas formas, há muito tempo, pelo ultra-centralismo e pelo ultra-parasitismo de Lisboa e arredores, que, se fosse uma suposta boa capital administrativa, para o país como um todo, faria com o que o país se desenvolvesse de modo lúcido e harmonioso, de Norte a Sul, bem como os Açores e a Madeira, sem grandes assimetrias e sem grandes problemas, com um sério e responsável sentido de Estado...Mas não é isso que acontece, infelizmente...Aquilo que acontece é que o ultra-centralismo e o ultra-parasitismo de Lisboa e arredores continuam a ser dos graves problemas estruturais que impedem o desenvolvimento frugal do Estado português, para além da cidade 'latinista-romanista-berbere-moura-saloia' de Lisboa (são essas as civilizações que configuraram, em termos estruturais, Lisboa, que nem sempre foi capital: Guimarães, Coimbra, Rio de Janeiro e Angra do Heroísmo também já foram capital de Portugal...), não ter, desde o seu início como suposta capital de Portugal (para onde se deslocou, no século XIII, a Corte, mas sem ter, nessa altura, instituições estruturadas, próprias de uma suposta capital, bem como nos períodos históricos sequentes), a consistência de uma «verdadeira suposta capital europeia de topo»...
    Até porque (ao contrário do que a maioria das pessoas pensa) Coimbra, na realidade, continua a ser a  capital oficial de Portugal. No ano de 1255, D. Afonso III e a Corte mudaram-se de Coimbra para Lisboa. Mas nenhum governante, ao longo dos séculos e até ao presente, assinou qualquer documento que oficializasse Lisboa como capital oficial de Portugal, pelo que, devido a esse facto, Coimbra continua a ser a capital oficial de Portugal.
O Entre-Douro-e-Minho
    Tal como se pode verificar num comentário, na Wikipédia, a propósito de uma célebre frase de um dos principais romances de Eça de Queirós, que sempre foi mal interpretada pelos Portugueses...:
" Uma das frases recorrentes que, na contemporaneidade, em Portugal, é, de modo errado, frequentemente, atribuída a Eça de Queirós, tendo-se tornado um estereótipo português, para afirmar uma suposta vanguarda portuguesa da cidade de Lisboa, actual capital administrativa de Portugal, é " Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. "
  Nunca Eça de Queirós, escritor da Região do Norte e um admirador da cultura urbana centro-europeia e que não se identificava com Lisboa, escreveu esta frase e nunca perfilhou essa noção, visto que, na realidade, sentia um certo desprezo por Lisboa, actual capital portuguesa, localizada na Estremadura, no Sul do país. Na realidade, a origem da frase onde, de modo impreciso e errado, se deduziu essa frase " Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. ", que Eça de Queiros nunca escreveu, reporta-se à passagem da obra Os Maias (1888), que se refere a uma fala de Ega:
  «– Lisboa é Portugal – gritou o outro. – Fora de Lisboa não há nada. O país está todo entre a Arcada e S. Bento!...» (Os Maias, cap. VI). A passagem pretende apenas realçar o centralismo administrativo e político da cidade de Lisboa e criticar esse centralismo. Daí a expressão "O país está todo entre a Arcada e S. Bento!..." , ou seja, entre o Terreiro do Paço e o Palácio de São Bento, edifícios do poder central, político e administrativo. Essa passagem da obra Os Maias (1888) não exalta a cidade de Lisboa e não pretende, de modo algum, defender uma suposta vanguarda da cidade de Lisboa, que Eça de Queirós (escritor com origens familiares nas velhas famílias troncais do Entre-Douro-e-Minho, muito influenciado por essa região berço de Portugal, enquadrada na sua região mais antiga e populosa que é a Região do Norte ), nunca perfilhou, para além de considerar Lisboa uma cidade provinciana e uma má capital, como se pode deduzir a partir da obra A Capital (1925, póstumo).
  Os Maias (1888) são, precisamente, uma crítica de costumes que nos mostra uma capital, Lisboa, que se dissolve, incapaz de se regenerar. Assim, essa passagem do capítulo VI d'Os Maias pretende apenas realçar o centralismo político e administrativo do poder central de Portugal, localizado na cidade de Lisboa, sendo uma crítica a esse centralismo excessivo por parte de Eça de Queirós. Cá está o exemplo de uma noção errada, visto que Eça de Queirós nunca escreveu a frase: “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.” Mas essa frase, que Eça não escreveu, passou, para o quotidiano dos portugueses e da sociedade portuguesa, como verdadeira."
   Algumas das características 'não-benéficas' que, em parte, em termos gerais, definem Lisboa e arredores (localizada na província da Estremadura e na região saloia) são o seu provincianismo auto-referente, uma certa mediania pretensiosa, uma certa ausência de uma identidade autóctone de qualidade ética e estética que tenha forte coerência identitária e habitantes enraízados e onde o custo de vida é completamente irrealista e desfasado em relação à pouca qualidade ou à qualidade muito mediana que o território lisboeta e as suas instituições proporcionam, bem como uma certa ausência geral de requinte e de sofisticação próprios de uma capital europeia (Lisboa e arredores são um espaço com muitas partes sub-urbanizadas e degradadas e alienantes, com graves problemas sociais, infelizmente...), que são alguns dos seus principais defeitos (apesar de, como é óbvio, também ter boas características e bons elementos...), que, depois, são impostos e propagandeados, ao resto do país, sobretudo através dos «mass media»...É comum exaltar-se e propagandear-se Lisboa de modo excessivo, atribuindo-lhe um estatuto que não corresponde à sua realidade concreta e quotidiana, etc...Nesse sentido, recordo sempre a célebre descrição da poetisa portuense Sophia de Mello Breyner Andresen, que viveu, em Lisboa, uma parte considerável da sua vida: "Porque nasci no Porto / Sei de cor o nome das flores e das árvores / E não escapo a um certo bairrismo / Mas escapei ao provincianismo da capital".
    E já agora, apelando às estatísticas (que revelam, sobretudo, quantidades), que os lisboetas e os lisboetados tanto gostam de divulgar nos mass media, para se gabar, a dizer que a Área Metropolitana de Lisboa é a região mais rica do País, ainda que seja à custa de parasitar sobretudo a Região Norte...: Convém saber que, no contexto da União Europeia, para o PIB per capita, a Área Metropolitana de Lisboa encontra-se no 97.º lugar. Se considerarmos outros indicadores, como a qualidade das infraestruturas, saúde, educação, emprego, inovação ou governação, a Área Metropolitana de Lisboa cai para o 128.º lugar. Isto apenas no espaço da União Europeia. Se fosse no espaço mais vasto de todo continente europeu, a Área Metropolitana de Lisboa descia ainda muito mais nessa escala e, se fosse no contexto mundial, aí descia muito, muito, muito mais...como que a revelar a péssima cidade e a péssima suposta capital que, na realidade, Lisboa é, como sempre foi.
    Uma capital de um Estado deve ter sempre qualidade e requinte territorial e deve ser sempre onde se localiza o seu 'core' identitário e onde esse Estado surgiu e de onde ele se formou. Uma capital de um país tem sempre de funcionar bem, afim de concretizar, de modo permanente, o desenvolvimento justo e equilibrado de todas as regiões desse Estado, ao serviço dos seus cidadãos e das suas instituições, num movimento real de descentralização e de justiça social. Uma capital de um país deve sempre gerar consensos num contexto nacional e não oposições e conflitos. Como é óbvio, na sequência daquilo que foi descrito, a capital de Portugal devia ser ou em Guimarães ou no Porto: seriam essas as cidades centrais do Entre-Douro-e-Minho e da Região Norte que melhor corresponderiam à idiossincrasia identitária, autóctone e endógena, de Portugal e dos Portugueses, residentes ou espalhados pelo Mundo, sem nunca derivar, de novo, nesse novo local, para a situação perniciosa do ultra-centralismo, que auto-destrói qualquer Estado de qualquer parte do Mundo e que nunca é bom para os seus habitantes.