23 de janeiro de 2021

Rodrigo Fernandes de Pinho volta a vencer a "Pergunta do Dia!"

Apesar de só terminar amanhã, já é conhecido, desde a sétima pergunta, o vencedor da 2.ª Edição da "Pergunta do Dia!". Depois de já ter vencido a primeira Edição, realizada no ano passado, Rodrigo Fernandes de Pinho, natural da freguesia de Rossas, volta a vencer esta edição da "Pergunta do Dia!".

O desafio colocado nos últimos dez dias na página de Facebook do blog "Defesa de Arouca", também com o objetivo de ajudar a distrair e desanuviar das contingências derivadas da pandemia que estamos a enfrentar, consistiu em 10 perguntas, cujas respostas, mais do que de conhecimento geral sobre Arouca e os Arouquenses, implicavam alguma pesquisa.

Talvez pela necessidade de maior pesquisa, esta edição acabou por não ter a adesão de mais participantes, apesar das estatísticas de visitas e interações geradas pelas perguntas terem estado muito acima da média das publicações habituais nessa página.

Quando falta apenas a pergunta de amanhã, que será sobre a sua freguesia natal, Rodrigo Fernandes de Pinho só não acertou em duas respostas, pese embora tenha andado muito perto de o conseguir. Muitos parabéns e obrigado ao Rodrigo pela sua participação!

As Perguntas foram as seguintes: 

PERGUNTA DO DIA! (1/10) – Recentemente faleceu o professor e autarca José Soares Correia Belém, natural de Silgueiros, Viseu, o qual casou no final da década de cinquenta com a arouquense Irene Monteiro de Sousa. Onde se realizou a cerimónia de casamento?

PERGUNTA DO DIA! (2/10) – Foi eternizado na toponímia da vila de Arouca com patente militar inferior ou pelo menos diferente daquela com que faleceu. De quem se trata, qual a patente com que morreu e onde foi sepultado?

PERGUNTA DO DIA! (3/10) - Após a sua extinção definitiva o Mosteiro de Arouca, para além dos espaços da Paróquia e da Real Irmandade, já foi destinado (independentemente de se concretizarem ou não) a albergar diversas valências, a última das quais uma Unidade Hoteleira na Ala Sul. A quem foi concedido o remanescente do Mosteiro e para que finalidade logo após o falecimento da última monja? 

PERGUNTA DO DIA! (4/10) – Foi há precisamente treze anos que a "Defesa de Arouca" publicou o último número do seu jornal, que se editou quase ininterruptamente desde 2 de Janeiro de 1926. Houve, porém, um curto período em que quase não se publicou qualquer número e perdeu mesmo o direito ao título. Que período foi esse, o que originou essa instabilidade e a que se deveu a perda do direito ao título?

PERGUNTA DO DIA! (5/10) – A atual imagem gráfica do Município de Arouca foi adotada em 14 de Setembro de 2019. No entanto, esta não é já a primeira imagem gráfica utilizada pelo município. Antes desta, existiu uma outra sintetizada numa logomarca sob o lema «Arouca, Vale da Fertilidade». Em que data foi então apresentada pelo município essa logomarca e qual a entidade que ainda hoje faz uso dela? 

PERGUNTA DO DIA! (6/10) – O que significam e/ou a que entidades correspondem ou corresponderam as siglas ou abreviaturas CODA, A4, EXCOMAR, AMC, SICOMAR, ADCA, GACA, CAAEAFCA, ADITUR, AAA, ARDA e SAJU.

PERGUNTA DO DIA! (7/10) – “NON SINE INVIDIA ANNO 1686” diz-se ainda uma das mais remotas e enigmáticas inscrições datadas da nossa vila. No entanto, ao percorrermos a zona histórica conseguimos descortinar pelo menos quatro datas mais antigas. Quais são e onde se encontram inscritas?

PERGUNTA DO DIA! (8/10) – Este ano completam-se vinte anos sobre o começo das obras da 1.ª Fase da Variante à EN326. No entanto, são ainda as velhinhas estradas nacionais que nos levam ao litoral. Em que ano começou a rasgar-se a ligação entre Arouca e Oliveira de Azeméis (EN224) e, sabendo que, entre a vila de Arouca e a Farrapa, se fez em quatro lanços e que cada um deles transpôs pelo menos um rio ou ribeiro, entre que lugares se compreendeu o terceiro lanço?

PERGUNTA DO DIA! (9/10) – «Porque a data 6 de Dezembro de 1937 marca a luta dos camponeses arouquenses contra os lacaios (…) dos exploradores do povo trabalhador». Onde podemos ler esta frase e o que é que desencadeou aquela luta que se saldou num morto e vários feridos?

PERGUNTA DO DIA! (10/10) – Dada a excelente participação de Rodrigo Fernandes de Pinho nesta 2.ª Edição da “PERGUNTA DO DIA!”, é justo que a última pergunta seja sobre a sua freguesia natal. Em que data foi criada a escola de ensino oficial primário de Rossas e em que data para ela se nomeou o primeiro professor?

17 de janeiro de 2021

IRS - Taxa Municipal

Os municípios portugueses, através de decisão do seu executivo e aprovação em assembleia municipal, têm a possibilidade de devolver parte do IRS cobrado pelo Estado aos seus habitantes. Chama-se “Participação variável no IRS” e consta no Regime Financeiro das Autarquias e Entidades Intermunicipais. Em Portugal encontramos todas as situações desde municípios que devolvem a totalidade desta taxa até aos que não devolvem qualquer valor. Arouca, mantém uma taxa de participação variável no IRS de 5%, ou seja optou por não abdicar de qualquer parte deste valor em favor dos munícipes.

Recentemente uma força politica local fez noticia de uma proposta para que este valor fosse devolvido aos munícipes, sendo esta opção rejeitada pelo executivo. Este apresentou como parte da argumentação para a decisão de recusa o facto de que só seriam beneficiados com a medida os mais privilegiados economicamente e que o cariz social se esfumaria não tendo impacto nas camadas económicas mais necessitadas da população. 

Concordo com argumentação e percebo-a, no entanto esta situação leva-nos para uma outra reflexão mais profunda. 

Cerca de 50% da população Arouquense não teria qualquer beneficio com esta medida, principalmente os mais necessitados. Isto é o mesmo que dizer que metade da população não tem rendimentos suficientes para serem taxados em sede de IRS. Isto é o mesmo que dizer que o rendimento médio e poder de compra da população Arouquense é baixo, o mais baixo da Grande Área Metropolitana do Porto. É aqui que esta reflexão se impõe. É preciso pensar, refletir, agir e encontrar estratégias e linhas orientadoras para que este ponto fulcral para a qualidade de vida dos arouquenses (o seu poder económico) acompanhe em igual escala o desenvolvimento e destaque que Arouca enquanto concelho tem tido no panorama nacional. Assim não acontecendo, como atrás se descreve, o objetivo último e final da gestão municipal fica por cumprir: o melhoramento da qualidade de vida de todos. 

Nota: Aquando da consulta no portal das finanças das taxas de IRS associadas aos municípios, Arouca misteriosamente desaparece das listagens nos anos de 2020 e 2021, sendo o último dado de 2019. Pode consultar aqui 

15 de janeiro de 2021

A Pensar Alto! 2021 o Ano farol.

Se fim de ano houve em que os votos de bons desejos para o futuro foram sinceros e carregados de esperança, foi neste passado fecho de 2020. Os votos de bom ano transmitiam a esperança dos regressos e a vontade enorme de não nos esquecer mos do que é um abraço, ou até uma palmada nas costas. De beijos e mais afagos nem quero falar. Fomos atravessando estes dias esperando novidades boas e deitando para o ar as novas regras e todos os impedimentos que 2020 de repente nos atribuiu. Será que basta ter esperança? Pelo menos ajuda e sempre é um fator de auto motivação sem grandes pesquisas. E 2020 nem terminou muito mal. A noticia do primeiro passo para a normalização, com as vacinas a abrir todas as portas para o novo velho mundo, a mudança nos E.U.A. com o regresso da dignidade e do respeito social arredados muito temporariamente por um ignóbil  arremedo de Presidente que tanto queria perpetuar-se, como se fosse possível manter o embrutecimento sem fim à vista. As preocupações com as mudanças climáticas que os períodos de confinamento trouxeram ao dia a dia, tornaram se mais entendíveis e apressaram a urgência em tentar recuperar dos enormes erros cometidos que se devem evitar repetir a todo o custo, e mais noticias boas foram chegando ao final de 2020 mesmo que as ampliássemos para compensar o rol enorme de noticias horríveis que todos os dias nos apareciam e teimam em aparecer por todo o lado, assim a modos daquele cobertor que apesar de fininho sempre tapa algum do frio nas noites invernosas. E como as autoridades facilitaram lá se passou o Natal e o fim de Ano a fingir normalidades, mas com as sensações de que se iriam arranjar sucedâneos, e a felicidade se bem que mais pequena iria ser compensada com essa intensidade. E lá entramos em 2021 a avistar bem longe o farol, mas a avistar e isso é o que importa. Com a mudança veio o frio, frio antigo que nem todos os anos nos visita mas quando volta obriga a rostos espantados e desenhos com as respirações enregeladas. Frio nos corpos mas calor na alma com o futuro já ali, parecia tão próximo. De repente, ainda não é desta, novo passo atrás e vamos confinar de novo. Desta vez somos já experientes, começam a ganhar se hábitos estranhos e a surpresa inicial é o dia a dia. Importa é prevenir e dar o contributo para quem é obrigado a assumir riscos para sobreviver, afinal pouco sacrifício o nosso, se comparar mos com a maioria. Lá fora, as eleições, desta vez, diferentes, sem campanhas, sem grandes ruídos com candidatos desinspirados, fica o prazer de contribuir para uma  escolha  que só a democracia consegue. Espero pelo menos que os candidatos que não atinjam a finalidade para que concorrem, não façam birras, nem ameaças, nem se mostrem adeptos de exemplos que nos aparecem de onde menos se espera. Trumpzinhos há em todo o lado e tristes crédulos vão aparecendo nem que seja para exercitar o ego de quem gosta de viver em situações que lhe permitam dar aqueles passos em que todos fiquem de boca aberta, seja pelo bom ou pelo mau, é igual, logo que não sejam os próprios os prejudicados. Alguns têm umbigos muito sensíveis. De resto, para desanuviar, este confinamento que se inicia por estes dias nem deveria ter esse nome, é assim a modos de uma recolha voluntária para quem quer e pode. Vamos ver os resultados e já temos dois para esperar, as eleições e o confinamento. Neste primeiro dia, dia claro, frio mas com muito sol que aproveitamos para aquecer as emoções e os desânimos. Continuamos a pensar que no fim, bem ou mal alguma coisa se há de arranjar. Fica a esperança, esta é mesmo a ultima coisa a morrer. Em confinamento II.

14 de janeiro de 2021

Sobre os antigos modos de pesca nos rios de Arouca

O texto anterior da autoria de Paulo Teixeira, sobre 'O Guarda-Rios', remeteu-me para a parte de uma Tese académica e científica que defendi no ano de 2002, onde descrevo alguns dos antigos modos de pesca nos rios de Arouca. Por pensar que terá bastante interesse, decidi partilhar essa parte da Tese com os leitores deste blogue «Defesa de Arouca»:
     
As espécies piscícolas que abundam, nos cursos de água da freguesia, são a enguia (Anguilla anguilla), a truta fário (Salmo trutta fario), considerado, pelos autóctones, o peixe mais nobre, por ser o mais difícil de pescar, de temperamento irrequieto e individualista, o escalo (Leuciscus leuciscus), também denominado bordalo, e a boga (Chondrostoma polylesis), estes dois últimos vivem em cardumes e são considerados de menor valor. No curso de água do concelho com maior caudal, podem-se encontrar também o barbo (Barbus barbus) e a carpa (Ciprinus carpio). Se surgiram, nas casas dos lavradores, ao longo do tempo, várias receitas gastronómicas de confecção da truta com algum requinte, os bordalos e as bogas são confeccionados de modo uniforme, normalmente em caldeirada, escabeche ou em fritadas. 
 Várias técnicas arcaicas de pesca ainda hoje se mantêm, nas populações ribeirinhas, como a pesca ‘à chumbeira’, rede muito apertada com pedaços de chumbo nas pontas que é lançada sobre os cardumes, recorrendo a um fio que aperta a rede, aprisionando, desse modo, os peixes; a ‘naça’, saco de rede, com a abertura em redondo, que se puxa em sentido contrário à corrente, entrando o peixe na armadilha donde não consegue sair; o ‘tozom’, saco de rede seguro por dois paus que se arrasta pelas margens do rio, ao mesmo tempo que os pescadores batem nas pedras e nos arbustos laterais que o rodeiam, onde se escondem os peixes; o ‘tramalho’, utilização, no período de Verão, durante o dia e durante a noite, de duas ou mais redes compridas que abrangem as duas margens do rio - em equipa, alguns pescadores seguram as redes e outros afugentam o peixe em direcção ao local onde as redes se encontram armadas; e a captura de enguia com um tipo de anzóis denominados ‘âncoras’, com iscos de bogas ou escalos partidos ao meio e ensanguentados, atados por fios grossos aos arbustos situados nas margens dos rios e que são colocados durante a noite. 
 São técnicas arcaicas de pesca que têm sobrevivido ao longo dos séculos, apesar de serem, quase todas, proibidas pelo poder central do Estado, mas que não desapareceram por fazerem parte dos costumes endógenos das populações autóctones. A técnica de envenenamento do peixe dos rios com uma planta denominada ‘trovisco’ (Daphne Gnadium L.), vegetal arbustivo venenoso da família das Dafnáceas, introduzida em sacos de serapilheira que eram colocados nos açudes, também era uma prática corrente pelos habitantes da freguesia até aos anos sessenta do século vinte, mas que já desapareceu, por ser reprimida pelo poder estatal. 
foto: Mapionet
O rio Paivó, no lugar de Celadinha - freguesia de Moldes - Arouca

 Os rurais atribuem grande importância aos cursos de água por terem sido, durante milénios, uma das condições básicas da sua sobrevivência, para além da relação sagrada que os velhos rurais tinham pelos rios, criando-se vários mitos nos poços mais profundos, de que servem de exemplos, entre muitos, na freguesia de Rôssas, a lenda da existência de uma “grade de ouro" escondida pelos Mouros no fundo de um dos poços do rio Arda ou o facto das populações da freguesia de Espiunca, em épocas de grande seca, costumarem ir, em procissão, à capela de Santo Adrião, localizada na vertente das bacias do Paiva e do rio Sardoura, transportando, depois, a imagem do santo até junto do rio Sardoura, onde praticavam rituais de mergulho da imagem para pedir uma mudança no tempo. 
 Estes fenómenos são um indicador da importância que a água tem para as populações rurais. É na conjugação desses dois elementos físicos, a terra e a água, que o ambiente rural se moldou ao longo dos milénios. As ‘presas’, reservatórios de água com as paredes feitas de terra e com um orifício para a saída de água chamado ‘boeiro’, situadas nas imediações dos aglomerados populacionais, e as ‘lobadas’, desvios de água nos açudes do rio destinada à rega dos campos ribeirinhos e utilizada como força motriz dos moinhos de água, dos engenhos do linho e dos lagares de azeite, normalmente possuída em rateio entre consortes (denominados também ‘quinhoeiros’) de acordo com sistemas tradicionais de partilha, são exemplos paradigmáticos da complementaridade e da dependência entre esses dois elementos físicos nos espaços rurais. "

12 de janeiro de 2021

O Guarda-Rios


A figura do Guarda-Rios faz parte de um passado não muito distante. Os guarda-rios, assim como os guarda-florestais, eram cargos públicos, mas que, por decisão política, foram "desaparecendo" à medida que os indivíduos que desempenhavam essas funções se foram reformando ou deslocando para outros serviços. 

As casas florestais foram botadas a um esquecimento lastimável, a floresta foi negligenciada e os rios ficaram à mercê da cultura ambiental e bom-senso das populações, que, infelizmente, muitas vezes, não abunda.

O Guarda-Rios faz parte da história recente também de Arouca, onde, por exemplo, patrulhava as margens dos rios Paiva, Paivô e Frades, na altura da exploração do volfrâmio. Procuravam, entre outras situações, evitar as descargas ilegais e a poluição das águas e das suas margens.

Arouca tem e terá a breve prazo duas estruturas que têm e terão os rios como ponto fulcral, a saber: os Passadiços do Paiva e a Ciclovia do Arda. Ou seja, dois rios como "cenário" preponderante destas apostas turísticas, mas também de lazer e bem-estar da população.

Porque não voltar a reavivar a figura do Guarda-Rios, que, basicamente, e em termos mais modernos, corresponderá a um vigilante, zelador e controlador do asseios dos rios, suas margens e estruturas?

Fica a sugestão.

10 de janeiro de 2021

103.2 FM

103.2 , Rádio Regional de Arouca, a rádio que gosta de ouvir!

Foi assim que ao longo dos anos me fui habituando a ouvir o "gingle" da rádio de Arouca, quando por vezes a sintonizo no rádio.

Tive conhecimento esta semana de um estudo da Marktest que aponta a Rádio Regional de Arouca como umas das rádios mais ouvidas  e com maior audiência na zona geográfica que engloba os "distritos de Aveiro e Porto e distritos próximos".  A saber a RRA ocupa o 10º lugar da lista, sendo superada na audiência unicamente por rádios de índole nacional. A 9ª classificada deste estudo a rádio Antena 1 tem somente mais 0.2 de share que a RRA. Incrível!!

É a rádio local/regional mais ouvida na zona geográfica do estudo, o que não é coisa de somenos tendo em conta as concorrentes de concelhos e regiões vizinhas! 

Adelino Pinho é a voz e a cara por detrás da RRA desde a sua fundação. Com o seu estilo como  sua imagem de marca,  incute à sua rádio um cunho pessoal que lhe faz hoje alcançar estes resultados. 

Independentemente de ser ou não o fm que mais vezes sintonizamos, é justo reconhecer este fabuloso resultado e dar os parabéns a toda a equipa. 



 

5 de janeiro de 2021

COVID(A) com Humor - Crescei e multiplicai-vos

“Pandemia pode acelerar perda da população portuguesa”, dão-nos conta as notícias recentes, referentes à diminuição da natalidade no nosso país. Não só em Portugal, mas no mundo em geral, parece que o Covid-19 está a fazer com que as nossas futuras criancinhas adiem os seus planos para nascer, deixando para melhores dias.

Este facto vem contrariar o que tanto ouvíamos dizer (por graça? por convicção?) nos tempos em que a quarentena se instalou: “Agora é que vai ser teletrabalhar em série. Daqui a nove meses é que vamos ver nascer meninos”. Pois, se calhar o problema terá sido mesmo esse: teletrabalhou-se demais e trabalhou-se ao vivo e em presença de menos. Deu nisto! Dizia-me, alguém, um destes dias, que “não admira, tem andado tudo com medo de se tocar, até um beijo é perigoso”. Isso ou a regressão económica, a perda de confiança no futuro, o medo de enfrentar uma gravidez covídica… Tantos podem ser os motivos!

O certo é que estão a nascer cada vez menos crianças. Parece que nada as convence a vir a um mundo infestado de vírus por todo o lado, mesmo com coloridos arco-íris a dizer-nos que “Tudo vai ficar bem”, pintados por outras criancinhas que já por cá andavam antes da “bomba” estourar e não tiveram tempo de adiar a viagem para cá. E isto não é nada bom, principalmente para um país tão envelhecido como o nosso. As nossas mais belas flores vão murchando e começa a não haver ninguém para fazer novas sementeiras.

“Crescei e multiplicai-vos”, disse Deus (Génesis, 9:7).

Pois bem: até agora sempre pensei que este dito de Deus se dirigia a nós humanos. E como eu, penso que muitos outros terão pensado o mesmo. Afinal, naquela altura, Ele falava com Noé e sua família, acabadinhos de ser salvos de um dilúvio que dizimara a humanidade inteirinha, e sem dúvida, era preciso começar a (re)produção em massa para substituir os afogados e repovoar a Terra (imagino a trabalheira que deve ter dado!).

            Mas não! Temos andado, todos estes milénios, completamente equivocados. Não podemos esquecer que, com Noé, na Arca por ele fabricada, estava também um casal de cada ser vivo do planeta, para que a Natureza também ela se refizesse. O engraçado é que, segundo as ilustrações que se divulgaram desde essa altura, e chegaram, sabe-se lá por que meios, até aos nossos dias, acostumámo-nos a ver, na Arca, elefantes, girafas, cobras, macacos, galinhas (não! nunca vimos galinhas, mas certamente teriam de estar lá, se não ter-se-iam extinguido). Sabe-se lá porquê, também nunca vimos, nessas belas ilustrações bíblicas, vacas arouquesas (nem de outra espécie, reparo agora), mas também devia haver. De outro modo, como teriam elas chegado a Arouca? Terá sido nesse dilúvio que se extinguiram os famosos dinossauros? Não, acho que estou a confundir as coisas. Mas também não é de galinhas, vacas arouquesas ou dinossauros que quero falar.

            De quem eu quero falar é desse bichinho estranho que dá pelo nome de SARS-COV-2 (mais conhecido como coronavírus), que, sem qualquer dúvida, também deve ter sido salvo na Arca (mal imaginavam eles as consequências para os descendentes de Noé). Ninguém o viu, mas disso não me admiro nada. Ainda não tinha sido inventado o microscópio.

            Chego agora à conclusão que, ao fim e ao cabo, era para esse famigerado vírus que Deus falava. Só não teria sido preciso o “crescei”. Essa parte está a mais. Este bichinho é tão minúsculo, tão minúsculo, que não há quem o enxergue. No entanto, lá multiplicar-se, multiplica-se ele. Bem mais do que seria de desejar.

Ter-se-á o Deus do Génesis enganado? Teria estado a enganar-nos a nós, fazendo-nos pensar que se nos dirigia, enquanto preconizava o crescimento de uma espécie tão malévola (pelo menos do nosso ponto de vista)? Isso não sei.

O que acho é que, a par das ordens de Deus para que crescêssemos e nos multiplicássemos (e isso, mal ou bem, até fomos cumprindo, porque até nos ia dando jeito) temos andado à ordem dos nossos póprios projetos (ou falta deles, às vezes mais parece), nos quais temos incluido como  meta primordial, a curto e longo prazo, a destruição da nossa habitação planetária, fazendo extinguir umas espécies e contribuindo para a disseminação de outras, a nosso bel-prazer. E pronto: cá estamos com o “crescei e multiplicai-vos”, mas no sentido inverso do que seria aceitável.

O que nos vale é que “Tudo vai ficar bem”, dizem alguns arco-íris que ainda vão havendo por aí, meio desbotados. Esperemos que, antes que desbotem de vez, a Esperança não se esvaia e a Humanidade ainda vá a tempo de crescer noutro sentido.

E já agora… quem tiver idade para isso, logo que estejam imunizados pela vacina (vamos a ver quando será), vá lá, multipliquem-se! Façam criancinhas, que bem precisamos delas.

 Entretanto, cuidem-se. Continuem a manter o necessário distanciamento social e a cumprir todas as regras previstas pela DGS, a ver se saímos desta o mais depressa possível. Já ninguém aguenta!