29 de abril de 2019

O cerco e a cerca

Mosteiro de Arouca e cerca. Fonte: Revive

   Em Mafra há, mesmo ao lado do palácio-convento, um belíssimo jardim público de acesso livre e gratuito. Chama-se Jardim do Cerco. Jardim botânico, com relvados, parque infantil, espaço de merendas, bar concessionado. Com portaria e jardineiros. A gestão é municipal. Provém da primeira metade do século XVIII. Passei lá neste 25 de abril.
   Em Arouca há uma cerca, a dita cerca do mosteiro, coeva do jardim do cerco de Mafra. Entre outras diferenças, impõem-se as de que no caso da cerca do mosteiro de Arouca não foi nunca nem o será, pelo vistos, de usufruto livre, gratuito, permanente dos munícipes e demais cidadãos que pretendam usufruir dele nesses moldes. Há alguns anos constou que ali fazia horta para uso próprio certa personalidade local que ali teria privilégios de acesso e uso.
   Agora que foi assinado um contrato de concessão por 50 anos da Ala Sul do mosteiro e da quase totalidade da cerca para um empreendimento hoteleiro, ao abrigo do projeto Revive, os cerca de 2,5ha da cerca serão finalmente fruídos. Por alguns, i.e, os hóspedes do “estabelecimento de cariz turístico [que] deverá ocupar a Ala Sul do Mosteiro, os edifícios da antiga Enfermaria, Botica e Apoios Agrícolas, bem como a maioria da área da Cerca, com a exceção do Passal.”
   É verdade..., “Estes espaços podem ser aproveitados e projetados de forma a criar um circuito de visita, para uma melhor fruição da Cerca, bem como para a implementação de um programa de lazer, nomeadamente através da construção de uma piscina e todas as estruturas de apoio necessárias.”
   Continuando…, “Na Cerca pretende-se também a implementação de um plano de arquitetura paisagista que contemple a reabilitação da cobertura vegetal e a recuperação dos elementos existentes, nomeadamente os tanques e a fonte. O muro da cerca deve também ser alvo de obras de manutenção. Nesta zona insere-se a área de possível construção, onde será permitido expandir a área edificada ao nível do subsolo e criar as infraestruturas necessárias para a instalação de um programa de vertente lúdica.”
   Para que não restem dúvidas..., “A recuperação deste imóvel, não será apenas benéfica para a vila, mas também, num âmbito mais alargado, para o concelho, tendo em conta que esta região não dispõe de muitos alojamentos turísticos de elevada qualidade e, principalmente, com as características arquitetónicas singulares patentes no conjunto edificado e cerca, bem como o cenário privilegiado e as potencialidades que este monumento evidência.”
   Para o povo..., “Fica, no entanto, salvaguardado o direito ao acesso público à Cerca, para visitas guiadas e previamente agendadas, em quatro datas comemorativas. Estes dias abrangem a Jornadas Europeias do Património (Setembro), o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios (18 de Abril), o Dia Internacional dos Museus (18 de Maio) e o Dia da Rainha Santa Mafalda (2 de Maio), feriado municipal de Arouca.”
   Todas as citações que faço provêm dos Termos de referência da DGPC anexos ao caderno de encargos do concurso da concessão acima mencionada.

27 de abril de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (XIX)

1483.IV.27 - D. João II, rei de Portugal, confirma Diogo Brandão, filho de Pedro Brandão, como Tabelião do Cível e do Crime dos Julgados de Arouca, Sanfins e Alvarenga.

1860.IV.27 - É apresentado um projecto de lei com vista a serem anexados ao distrito administrativo do Porto, os concelhos de Cinfães, Paiva e Arouca, então pertencentes aos distritos de Viseu e Aveiro.

1864.IV.27 - A Câmara Municipal é autorizada a contrair um empréstimo de 1.000$000 réis para pagamento da expropriação da casa da Hospedaria Real, também dita de Cima, ou das freiras do Convento, com vista a servir de Paços do Concelho e dar acomodação às mais repartições públicas.

1913.IV.25 - Martinho Pinto de Miranda Montenegro, Conde de Castelo de Paiva, na posse do diploma de descobridor legal, recebe a concessão da mina de volfrâmio da capela do Senhor dos Aflitos, em Alvarenga.

1914.IV.28 - O Senado aprova uma proposta de lei sobre a passagem para as freguesias de Rossas e Albergaria das Cabras, dos lugares da Póvoa Reguenga, Souto Redondo, Lourosa de Matos e Merujal, pertencentes à freguesia de Urrô.

1955.IV.25 - O edifício do futuro Hospital Sub-Regional de Arouca é adjudicado a António Ernesto de Pinho Noites, natural da freguesia de Rossas e residente na vila de Arouca, segundo um projecto da Comissão de Construções Hospitalares, aprovado pelo Ministro das Obras Públicas.

1956.IV.26 - Emídio Quintas de Almeida requer licença para instalação de uma serração de madeiras no lugar do Tojal, freguesia de Chave, e António Ferreira da Silva requer licença para instalação de uma serração de madeiras no lugar de S. João, freguesia de Tropeço.

1965.IV.25 - São aprovados os Estatutos da Associação dos Bombeiros Voluntários de Arouca.

1975.IV.25 - Arnaldo Ângelo de Brito Lhamas, da Casa da Porta, freguesia de Santa Eulália, é eleito pelas listas do PPD do Círculo Eleitoral de Aveiro, deputado à Assembleia Constituinte.

1983.IV.25 - Arnaldo Ângelo de Brito Lhamas, da Casa da Porta, freguesia de Santa Eulália, é reeleito pelas listas do PPD do Círculo Eleitoral de Aveiro, deputado à Assembleia da República.

2006.IV.28 - Afonso Gonçalo Brandão de Almeida Teixeira, residente em Várzea, toma posse como presidente da Secção Política Concelhia de Arouca da JSD - Juventude Social Democrata.

2010.IV.27 - Manuel Pizarro, Secretário de Estado Adjunto da Saúde, preside às cerimónias de inauguração oficial do novo Serviço de Urgência Básica (SUB) de Arouca.

25 de abril de 2019

Cores da Defesa de Abril


Embora relativamente surpreendente, não era inédita a falta de papel de jornal. Mas, vista d'hoje, pareceu algo estratégica, tal como o havia parecido também nos conturbados anos da implantação da República. Alguns jornais tiveram de alargar a periodicidade e outros viram-se mesmo obrigados a suspender a sua publicação. O então único semanário de Arouca temeu uma das duas, mas lá se aguentou... Mas, mais do que a aparentemente estratégica falta de papel, salta à vista, como promissora de algo significativo, a cor do papel disponível. A Defesa de Abril de 1974 começou a chegar-nos originalmente colorida, para não dizer mesmo «folclórica».

Encontrar Abril de 74 nos vários volumes da Defesa não é difícil. É o papel mais colorido em que alguma vez se publicou. Na edição de 30 de Março, um jornal em papel branco, como todos os que o antecederam por quase 48 ininterruptos anos. Na edição de 6 de Abril, um jornal num surpreendente papel rosa. Na edição de 13 de Abril, um não menos surpreendente papel amarelo. Na edição de 20 de Abril, um ainda surpreendente papel verde. Na edição de 27 de Abril, um papel azul, ainda sem nada de explicito ou revolucionário.

Não. O azul de 27 de Abril não era já o da censura ou exame prévio... Pois chegou também azul a de 4 de Maio, com um «Viva Portugal!», dando conta de que «Já o trabalho de impressão do último número deste Jornal ia adiantado quando chegou ao nosso conhecimento o eclodir do golpe de Estado que viria a pôr termo ao anterior regime, estabelecendo uma nova ordem política no País.». A edição seguinte, surgiu já no papel de tradição, mas, daí por diante, com nova direcção e artigos mais explícitos, de emergentes e variadas "tonalidades"...

24 de abril de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (XVIII)

1496.IV.22 - Diogo Brandão, morador na vila de Arouca, é renomeado Escrivão de Sisas dos concelhos de Cabril e Alvarenga.

1742.IV.22 - João Godinho da Costa, Delegado Episcopal, realiza uma vistoria à Igreja de São Bartolomeu da vila de Arouca, para verificar se aquela reúne as condições necessárias para servir de Igreja Paroquial.

1901.IV.24 - Sob impulso de Joaquim Fernandes Quintas e Manuel da Costa Oliveira, que assumiu a regência, é constituída a Banda Musical do Burgo.

1943.IV.24 - Domingos de Pinho Brandão, natural da Casa do Outeiro, freguesia de Rossas, é ordenado sacerdote, na Basílica de S. João de Latrão, em Roma.

1979.IV.22 - Telmo Martingo de Oliveira Pato é reeleito presidente da Direcção da Cooperativa Agrícola de Arouca.

1994.IV.24 - É inaugurada, em Rossas, a 1.ª Edição do "Maio Cultural".

2001.IV.24 - Dá-se o falecimento do padre Adriano de Sousa Moreira (1910-2001). Paroquiou a freguesia de Canelas, de 1933 a 1944, e deste ano aos seus últimos dias prestou serviço nas paróquias de S. Bartolomeu de Arouca e S. Salvador do Burgo. A ele se deve, entre outras obras, a criação do Patronato.

2006.IV.23 - Inicia-se a reimplantação do Memorial de Santo António, na freguesia de Santa Eulália, naquele que terá sido o seu local primitivo. A remoção do local em que se encontrava entretanto, havia começado no dia 8 de Março.

2007.IV.22 - É entregue ao Centro de Interpretação Geológica de Canelas o Prémio de Mérito Turístico, instituído pela Rota da Luz para distinguir a dinâmica empresarial no âmbito do desenvolvimento turístico regional.

2008.IV.22 - A Câmara Municipal de Arouca recebe o Prémio Geoconservação 2008, atribuído pela ProGEO - Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico.

2009.IV.22 - O Geoparque Arouca passa a integrar a Rede Europeia de Geoparques da UNESCO.

2009.IV.24 - Por iniciativa do deputado arouquense André Almeida, a Assembleia da República aprova um voto de congratulação pela integração do Geoparque Arouca na Rede Europeia de Geoparques da UNESCO.

23 de abril de 2019

A Pensar Alto. O ementar das almas. Um ritual da Quaresma em terras de Fêrmedo

Interior da Igreja de Fermedo, Arouca.
Portugal é ainda um país de imensa religiosidade, tendo nestes tempos da Quaresma um sem número de eventos que recriam tradições pascais misturando o religioso com o profano e em muitos casos aproveitando estas comemorações para mais uma forma apelativa do turismo que por cá nos visita. Cá por Arouca e para além das festividades tradicionais da Páscoa, com as missas, confissões, a procissão do Senhor e a visita Pascal ainda muito habitual, dois acontecimentos se distinguem, a Procissão dos Fogaréus na Vila e o Ementar das Almas em Fermêdo, evento não muito conhecido mas enraizado e a ganhar de novo grande importância naqueles espaços. Desde sempre a religião cristã foi pródiga em rituais com uma carga enorme de superstição assimilando com facilidade alguns desses valores, surgindo com naturalidade a ementa ou encomendação das almas, onde o nosso povo entre outras coisas se penitenciava de grandes pecados ou tentava cumprir as promessas feitas em horas de dificuldades, que são sempre uma última solução. De alguns anos a esta parte o Grupo Etnográfico de Danças e Cantares de Fermêdo, na altura da Quaresma, com os seus membros e participantes interessados, faz uma reconstituição desta tradição, e este ano, durante dois dias, repetiu as rezas e seguiu os preceitos de um razoável encomendador. Saindo da porta da igreja de Fermêdo munido da vara adequada e depois de feitas as invocações respetivas às almas, partiu em direção aos montes da vizinhança, em silêncio, sem olhar para trás, entoou uma reza que se seguisse a tradição devia ser ouvida em cinco freguesias e ouviu ele também as pessoas que quiseram colaborar rezando  pelos falecidos e entoando cânticos religiosos, gerando se nos intervalos um silêncio espesso que muito ajuda a uma atitude de reflexão, transformando a noite mesmo amena, numa nascente de receios e tremores. Terminada a volta o ementador regressa à igreja e entrega as almas a Deus, completando este ritual de crença e história das gentes desta região. O atrás descrito não passa de um resumo diminuto e provavelmente pouco esclarecedor de uma das mais interessantes atividades no tempo da Quaresma no nosso Concelho. Fiquei com curiosidade acerca desta realização e logo que possível irei presenciar pessoalmente tal representação de mais esta crença popular, tão perto de nós, e de que poucos ouviram falar. Este pequeno texto tenta apenas despertar a curiosidade e informar, mais nada. Agradeço as informações prestadas pelo Sr. Valdemar da casa da cultura de Cabeçais que me esclareceu com muita oportunidade e consultei também o livro de Marina Perestrelo,”Alma do Povo a que pertenço.” Conhecer a nossa terra é um exercício que nunca devemos dar por concluído, de repente mais uma descoberta e mais um pedacinho da história que nos formou e a que pertencemos também. Se visitar estes lados, aproveite e conheça a igreja de Fermêdo, iniciada por volta de 490 d.C. e com uma bela história a envolvê-la até aos dias de hoje. Se conhecermos o passado enfrentamos o futuro com mais segurança e experiência, daí a importância da nossa história.

Pedra Má - à espera que a tragédia se repita.

Na semana passada, tendo estado de férias por Arouca, passei pela Pedra Má várias vezes. Confesso que tenho sempre muito receio em passar por ali, principalmente depois do desmoronamento que ali ocorreu na Páscoa de 2013, vitimando duas pessoas, minhas conterrâneas, depois de ler que já em Novembro de 1968 ali se havia dado um desabamento de grandes pedras «rente à noite e antes da carreira de passageiros ali chegar», e de quase nada se ter feito entretanto para segurança do local.
É certo que tenho hoje alternativa e não tinha necessidade de passar por ali, mesmo andando a tratar de assuntos logo à frente na Vinha do Souto, da freguesia de Várzea. Mas há muita gente que por ali passa, acreditando na segurança do local, outros sem conhecimento da alternativa e ainda outros por obrigação, como é caso dos transportes de passageiros que por ali têm de fazer carreira. Não interessa as razões. Estando a estrada aberta, todos os que por ali transitam, - como já alguém escreveu -, têm o direito de o fazer com segurança e tranquilidade.

Aspecto do desmoronamento de 2013
E, se há meia-dúzia de anos se dizia injusto imputar responsabilidades a quem quer que seja pela tragédia que ali aconteceu, hoje não é mais. Tanto por acção como por omissão. E não importa se já diligenciaram muito ou pouco para que aquele local seja sujeito à intervenção necessária a torná-lo seguro. Nem vale a pena, à Câmara e autarcas das freguesias que ali delimitam, virem "sacudir a água do capote" e dizerem de quem é a competência e responsabilidade, quando, na verdade, já assumiram diligências e ali tiraram fotografias para parangonas, mas até hoje nada se fez, para além dumas prospecções logo após aquela última tragédia, continuando as pedras a cair... oxalá que não a descalçar outras maiores, à espera que a tragédia se repita.

Aspecto do principal descalçamento que se verifica hoje
Se é dado adquirido que todos os que por ali transitam têm o direito de o fazer com segurança e tranquilidade, o mínimo que se espera dos autarcas locais, é que façam tudo o que estiver ao seu alcance (não apenas diligenciar, mas pressionar, muito, as entidades ditas competentes) e em tempo útil para garantir a segurança e tranquilidade de todos, principalmente, dos que habitam, permanecem e transitam dentro dos limites do concelho. Tudo, menos lamentos! E neste caso, também tudo, menos desculpas com a natureza e severidade dos fenómenos, pois o que ali está  a provocar receio foi causado pelo homem, que antes de ousar rasgar a garganta da Pedra que diz Má, passava por onde a Pedra se diz Boa.

Que o desmoronamento ontem ocorrido na ligação entre a ponte da Ribeira de Tropeço a Mansores, da EN-326, felizmente sem danos a lamentar, mas que obriga ao corte da ligação até remoção das pedras e terra, bem como da garantia de segurança da via, seja apenas mais um alerta para o muito que urge fazer um pouco por todo o concelho neste domínio. Principalmente agora, que as limpezas andam a deixar os solos expostos e muitas pedras sem amparo...

A Festa da Liberdade

Em Arouca, em termos institucionais, houve uma transição mais ou menos serena do regime do Estado Novo (que foi uma ditadura corporativa branda, se a compararmos com as outras principais ditaduras europeias da altura, essas sim muito ferozes e sanguinárias) para a Democracia Parlamentar e Representativa. No entanto, em Arouca, tal como aconteceu por toda a Região Norte, houve uma forte e pertinente reacção contra a tentativa, no período pós-25 de Abril de 1974, de se estabelecer, em Portugal, outra ditadura, mas de carácter marxista, colectivista e totalitária, que iria atrasar, ainda mais, o País, num Estado que, infelizmente, ao longo dos séculos, só teve, praticamente, regimes políticos ditatoriais, repressivos e autoritários, alguns deles aliados à organização que está, claramente, na origem do atraso estrutural de Portugal em relação aos países mais desenvolvidos da Europa, gerada e suportada a partir do Sul e do Centro do País: essa organização (que se estendeu a todo o antigo Império Português) foi a Inquisição Portuguesa/Tribunal do Santo Ofício, que foi uma instituição malévola, irracional e insane que, durante cerca de 300 anos, controlou, torturou, perseguiu, exterminou e assassinou, de modo tenebroso, muitos dos bons e benévolos elementos da configuração societal de Modernidade. É mesmo um facto irrefutável: foi a acção malévola, feroz e criminosa da Inquisição Portuguesa/Tribunal do Santo Ofício, da Igreja Católica Romana, que estagnou Portugal e o antigo Império Português.
Em termos institucionais, em Portugal, a Democracia Parlamentar e Representativa só se iniciou, verdadeiramente, com a extinção do Conselho da Revolução no ano de 1982 e não a 25 de Abril de 1974. E o 25 de Abril de 1974, occorrido na Primavera de há 45 anos atrás, terá sido, na realidade, uma 'Revolução' ou um ‘Golpe de Estado’?!...De qualquer modo, conduziu-nos, felizmente, à Democracia Parlamentar e Representativa, que é um regime bom e benéfico de Liberdade, com eleições livres: de Liberdade política e partidária, de Liberdade económica, laboral e sindical, de Liberdade epistémica, científica e técnica, de Liberdade estética e artística, de Liberdade de imprensa e de informação, de Liberdade de aprendizagem e de ensino, de Liberdade religiosa,..., que deve ser sempre acompanhada com a estruturação concomitante de um 'Estado-Providência' forte, dinâmico e eficaz, que nunca falhe em tempos de crise económica, na linha do ‘Welfare State’ e da ‘Welfare Society’ de tradição europeia, de comprovado sucesso. E o Capitalismo e a Economia de Mercado são benéficos para os países e para os seus cidadãos, desde que haja sempre liberdade política e sindical responsável e com sentido responsável de Estado.
Foto/cartaz: Câmara Municipal de Arouca

Liberdade, como é óbvio, nunca significou nem significa desordem, indisciplina, caos, anarquia, libertinagem, ausência de valores e ausência de rumo. Pressupõe deveres e responsabilidades, num exercício de cidadania permanente, porque os cidadãos têm direitos, mas têm que cumprir, escrupulosamente, de modo ético, os seus deveres, para, assim, a Democracia Parlamentar e Representativa amadurecer, ser mais funcional e se aperfeiçoar, porque Portugal, por paradoxo, ainda mantém elementos estruturais medievos e obsoletos (como a Concordata com o Vaticano, renovada, por paradoxo, em 2004, em plena Democracia Parlamentar e Representativa, num acto que é contra aquilo que é garantido e estipulado pela Constituição da República Portuguesa) que têm de ser extintos com responsabilidade institucional.
A influência da Europa livre e civilizada, racional, ordenada e pragmática, nas últimas décadas, foi muito positiva para Portugal, considerada em termos gerais. A União Europeia deve tornar-se, cada vez mais, una e coesa e Portugal, país que sempre se localizou no continente europeu, deve integrar-se, cada vez melhor, na União Europeia, herdando aquilo que os países centrais da Europa têm de melhor. No passado, foram os valores bíblicos protestantes (que nada têm que ver com a cosmovisão medieva e latinista do Catolicismo Romano) que robusteceram os povos dos países do centro e do norte da Europa, porque o sistema axiológico bíblico protestante é aquele que está mais próximo do sistema axiológico absoluto, sagrado, bom e benévolo do sentido originário do Criacionismo Hebraico: a Torá Hebraica, que é o sistema axiológico (perfeito e absoluto) do Próprio Criador dos Céus e da Terra, Bendito Seja O Seu Nome Sagrado.
Contudo, Portugal, a Europa e o Mundo, infelizmente, no presente, andam, em parte, desnorteados, devido à ausência de referências morais e com práticas que não são correctas nem éticas. Perante essa constatação, é necessário que, com urgência, num movimento sólido e de impacto global, os vários Estados, nos seus sistemas de ensino e de educação, ensinem, promovam e divulguem os valores morais noahides do sentido originário do Criacionismo Hebraico, que foram revelados na Torá, pelo Próprio Criador dos Céus e da Terra, Bendito Seja O Seu Nome Sagrado, por intermédio do Povo Judeu, aos seres humanos, num movimento que se iniciou num êxodo de Liberdade, no Médio-Oriente, na Primavera de há 3331 anos atrás e que deu origem à verdadeira Festa da Liberdade, que se está a comemorar durante esta semana: a Pessach. São esses valores axiomáticos universais (que são libertadores e redentores, absolutos, sagrados, bons e benévolos e que se reportam à estrutura ontológica e orgânica de qualquer ser humano) que, na escatologia humana direccionada para a Era Messiânica, destruirão, de vez, as malévolas e insanes trevas medievais e efectivarão mesmo o aperfeiçoamento moral, científico e técnico do Mundo e contribuirão, de modo real, para a paz, para a harmonia e para a rectidão prática e ética entre todos os seres humanos das várias idiossincrasias culturais do planeta Terra.
Qualquer pensamento, noção, acto ou prática que colida com os valores universais das 7 Leis Noahides é um grave retrocesso civilizacional. 

20 de abril de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (XVII)

1838.IV.19 - Dá-se o falecimento de Dom Leonardo de Sousa Brandão (1767-1838), natural do Sobral, freguesia de Várzea, e último bispo da extinta Diocese de Pinhel. Com receio de represálias dos seus perseguidores políticos, foi sepultado pela sua família, de noite e às escondidas, na igreja matriz de Várzea.

1882.IV.19 - Dá à estampa o primeiro número de "O Comércio de Arouca", primeiro jornal publicado em Arouca.

1885.IV.18 - A Administração do Concelho de Arouca oficia o Delegado do Tribunal de Aveiro do Inventário dos Bens do Mosteiro, que descrimina, afim de se proceder à verificação da sua existência.

1915.IV.18 - Dá-se o falecimento de Alberto Carlos Teixeira de Brito (1855-1915), fundador e Juiz da Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda. «Imagem mais pura e perfeita da Lealdade e da Honra, do Bem e do Carácter», segundo o semanário independente "O Povo Arouquense".

1921.IV.15 - Dá à estampa o primeiro número do quinzenário "A Aurora", Defensor dos Interesses de Cabeçais, dirigido pelo professor Álvaro Fernandes, administrado e editado por António de Castro e Sousa, Agostinho Francisco da Silva e Mário de Castro e Sousa.

1944.IV.17 - São aprovados os Estatutos da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Lacticínios de Arouca, por Alvará do Ministro da Economia. Teve a sua primeira sede na freguesia de Rossas, onde se instalou o primeiro posto de concentração de leite, no lugar da Fonte.

1972.IV.15 - Dá-se o falecimento de Manuel Rodrigues de Simões Júnior (1891-1972) que, para além de médico, foi o primeiro director do Museu de Arte Sacra e incansável investigador das origens e história de Arouca. O médico «que só via doentes para sobreviver, pois as suas paixões eram a arqueologia e a etnografia», nas palavras do seu neto professor Doutor Manuel Sobrinho Simões.

1992.IV.17 - Dá à estampa o primeiro número do jornal "Cruz de Malta", sob direcção do padre José da Rocha Ramos e propriedade do Grupo Cultural e Recreativo de Rossas.

1996.IV.20 - A Santa Casa da Misericórdia de Arouca inaugura as novas instalações, de complemento às já existentes.

1997.IV.18 - É inaugurado o actual Palácio da Justiça, numa cerimónia presidida pelo então Ministro da Justiça.

2005.IV.17 - São inauguradas as novas instalações da Escola de Música e Biblioteca, na freguesia de Chave.

2010.IV.15 - É entregue o galardão oficial de reconhecimento da Adesão do Geopark Arouca à Rede Global de Geoparks, sob os auspícios da UNESCO, na 4.ª Conferência Internacional de Geoparks que decorreu em Langkawi, Malásia.

17 de abril de 2019

A importância dos símbolos e dos logotipos para a identificação territorial de Arouca

É, sobretudo, para os visitantes, para os turistas, bem como para as pessoas que residem fora de Arouca e que não conhecem bem Arouca, que a utilização de símbolos e de logotipos identitários, no território e a partir do território de Arouca, é fundamental para a consciência clara e factual da localização do município tipicamente nortenho de Arouca, bem como para a consciência clara e factual do enquadramento identitário de Arouca no actual espaço da Área Metropolitana do Porto, onde o Porto, a «capital da Região Norte», é a sua cidade central e principal, localizada, via rodoviária, a cerca de 35Km do concelho de Arouca e, em linha recta, a cerca de 22Km, em relação à qual Arouca e os Arouquenses sempre mantiveram uma forte ligação umbilical e um forte sentimento empático de pertença.
logotipo: CCDRN
logotipo: AMPorto
Nesse sentido, o Executivo da Câmara Municipal de Arouca deveria colocar, na berma das estradas, no sítio de todas as fronteiras de entrada no concelho de Arouca, novas placas de grande dimensão de «Boas Vindas ao Município de Arouca», bem visíveis e bem elaboradas em termos estéticos, em material muito durável e reflector, em que constasse, de modo principal, a menção ao Município de Arouca, à Área Metropolitana do Porto e à Região Norte, com os seus respectivos símbolos e logotipos. A menção ao distrito de Aveiro também deveria constar, mas sem logotipo e em letras mais pequenas e numa posição secundária, já que, como se sabe, Aveiro, que é uma cidade da Região Centro e da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro e com a qual Arouca tem uma interacção meramente burocrática, não se enquadra nem se insere no território identitário tipicamente nortenho de Arouca, localizado em plena bacia e região hidrográfica do rio Douro. As bandeiras de Portugal e da União Europeia também poderiam constar, por razões óbvias.
Todas as instituições de Arouca e todos os Arouquenses devem empenhar-se (para a localização de Arouca ser muito melhor identificada pelas pessoas exógenas) em relacionar, sempre, Arouca, automaticamente, à cidade do Porto, uma vez que o Porto/Grande Porto (cidade bastante conhecida num contexto global) sempre foi o espaço urbano principal de referência para os Arouquenses e é no território da Área Metropolitana do Porto que se encontram os acessos directos ao concelho de Arouca, via rodoviária, via ferroviária, via aérea, via marítima e via fluvial, estruturados pela auto-estrada A32 e pela variante à EN326.
Como o concelho de Arouca começou a ter visibilidade a nível europeu e a nível internacional, sobretudo devido ao sucesso dos Passadiços do Paiva, é fundamental sempre referir, para o território ser muito melhor identificado a nível europeu e a nível internacional, que Arouca fica perto do Porto (porque fica mesmo perto do Porto...), como já se pode constatar com estes dois bons exemplos:
(1)
(2)

14 de abril de 2019

Reverberações dos passadiços

   A mais de 300 km’s dos Passadiços do Paiva, disse-me hoje a Celeste que foi fazer os passadiços há cerca de um mês.
   A Ângela, que também cá estava em casa, disse que há já bastante tempo tem previsto ir conhecer os passadiços. Só ainda não foi porque o grupo com que faz destas aventuras tem mais de 30 pessoas e tem sido difícil conseguirem disponibilidade de todos. Mas é para ser, é uma questão de tempo.
   A Sónia disse-me na segunda-feira que pensa ir percorrer os passadiços nas férias da Páscoa. Dei-lhe algumas dicas, alertei-a de que há outras coisas além dos passadiços. 
   No dia antes, faz hoje uma semana, a Gilda esteve cá em casa com a família. Tinham ido no dia anterior caminhar nos passadiços. Foram de Cascais aos passadiços numa excursão: cerca de 150 pessoas em três autocarros, cinco horas de viagem para cada lado, com paragens apenas em estações de serviço de autoestrada. Foi sair, chegar, andar, almoçar no final da caminhada e regressar. Rendidos ao conceito. Muitos espanhóis por lá, testemunharam eles, a dizer “muy bonito”, “encantada” e afins.
   A Maria da Luz também por lá (aos passadiços) deve ter ido ou irá em breve com um grupo. Pediu-me dicas e emprestei-lhe alguns livros, guias e folhetos, para que prepare a viagem.
   Mas que fenómeno é este que, qual Meca do turismo-pedestrianismo, leva tanta gente de tão longe a fazer horas de viagem para conhecê-lo? E onde ficam situados esses fenomenais passadiços?

13 de abril de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (XVI)

1092.IV.12 - Dom Crescónio, natural da freguesia de Moldes, filho de Mouqueme Crescones e sua mulher Lovesenda, depois de ter sido Monge de S. Bento e Prior do Mosteiro de S. Bartolomeu de Tuy, é eleito Bispo de Coimbra (1092-1098).

1132.IV.09 - D. Afonso Henriques, futuro rei de Portugal, faz uma doação de terras, em Arouca, a Mónio Rodrigues.

1834.IV.12 - Realiza-se, pela última vez, um Auto de Câmara presidido por Vitorino Augusto Ferraz de Almeida Bravo, de Cela, terminando assim o governo dos partidários de D. Miguel em Arouca.

1905.IV.13 - É ordenada a construção do troço da estrada distrital n.º 83, compreendido entre Arouca e Alvarenga.

1918.IV.14 - A população da freguesia de Covêlo de Paivó remete um abaixo-assinado ao presidente da Comissão Municipal de S. Pedro do Sul, solicitando todos os esforços para que o Governo da Nação anule e dê sem efeito a Lei n.º 653, de 16 de Fevereiro de 1917, que anexou a freguesia ao concelho de Arouca.

1926.IV.08 - O Senado Municipal delibera solicitar a extinção ou remodelação do Posto da Guarda Nacional Republicana, instalado na vila, e do sub-Posto da mesma Guarda, instalado na freguesia de Mansores, atendendo aos lamentáveis e injustificados abusos que vêm sido perpetrados pelos seus oficiais.

1933.IV.08 - A Comissão Administrativa da Câmara Municipal delibera contrair um empréstimo, no valor de 350.000$00, para instalação e produção de energia eléctrica em alta tensão, resultante do aproveitamento da queda de água da Mizarela, sita na freguesia de Albergaria das Cabras.

1955.IV.13 - Afonso Pinto de Magalhães e José Gomes Teixeira, constituem a sociedade comercial "Gráfica Arouquense, Limitada", cujo objecto é a publicação do jornal com o título «Defesa de Arouca», dando assim inicio à 2.ª Série do jornal, que retoma a sua publicação sob direcção de António de Almeida Brandão, da freguesia de Rossas.

1976.IV.14 - O Conselho de Ministros aprova o projecto de construção da futura Escola Secundária de Arouca.

1998.IV.08 - É lançada a obra "O Volfrâmio de Arouca", da autoria do professor António Almeida de Sousa Vilar, natural da freguesia de Santa Eulália.

2005.IV.08 - A Câmara Municipal assina o protocolo de adesão à Rede Nacional das Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos.

2008.IV.13 - O professor Dario Tomé da Conceição, residente na freguesia de Santa Eulália, toma posse como presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arouca, rendendo José Artur Gomes que passa a assumir a presidência da Assembleia Geral.

12 de abril de 2019

Consolidar, cada vez mais, a Euro-região 'Galiza-Norte de Portugal'...

Com o aproximar das eleições europeias, não se deve esquecer que a União Europeia é constituída, e bem, por euro-regiões, que têm de ser reforçadas, cada vez mais. As 'euro-regiões' têm maior coesão identitária que muitos dos Estados institucionais da União Europeia, dos quais um dos exemplos mais óbvios é o de Espanha, que é um Estado com várias nações e macro-idiossincrasias. 
E embora alguns afirmem que Portugal é um país uno e coeso (isso é, claramente, em parte, um artifício retórico e um logro dos ultra-centralistas com os seus interesses oportunistas...), na realidade, na verdade, a Região Norte tem muito, muito, muito mais que ver com a Galiza do que com as outras regiões de Portugal. Entre a Região Norte de Portugal e a Galiza, existe um território identitário contínuo e uma idiossincrasia cultural contínua, com milénios, que devem, cada vez mais, serem reforçados pelos Nortenhos e pelos Galegos. A Região Norte de Portugal com a Galiza é uma verdadeira e real nação identitária, com uma idiossincrasia cultural própria, com validade ontológica, quer no contexto ibérico, quer no contexto europeu.
O processo de Regionalização de Portugal, com as cinco regiões, é um processo de desenvolvimento, bom e benévolo, que tem de, impreterivelmente, avançar com muita urgência, sendo desejado pela maioria dos Portugueses e porque é mesmo muito necessário, para inverter, de vez, a presente situação muitíssimo injusta e perniciosa (sobretudo, muitíssimo injusta e perniciosa para a Região Norte e para os Nortenhos) que é descrita neste texto - o ultra-centralismo e o ultra-parasitismo de Lisboa e arredores, situada na zona saloia da Estremadura:


E, repete-se, porque estamos e estaremos na União Europeia, a Região Norte e a Galiza devem consolidar, cada vez mais, associadas, essa sua forte identidade milenar, que é mesmo una.
E Arouca e os Arouquenses, que são cidadãos portugueses e cidadãos europeus, pertencem à Euro-região 'Galiza-Norte de Portugal'.

9 de abril de 2019

A Pensar Alto... A fotografia e o Movimento Fotográfico de Arouca.

com o João Martins
Surgiram no início do século dezanove e a magia nunca mais parou. As memórias passaram a ter rosto e o encantamento de quem consegue olhar para o passado ainda hoje surpreende. Por cá, há uma dezena de anos fundou-se uma associação que festeja isso mesmo, a fotografia. Formou-se como associação juvenil, adotou o nome que lhe deu de imediato um certo carisma, MFA, Movimento Fotográfico de Arouca, e cresceu com o entusiasmo dos que a ela aderiram e que amam a luz, a imagem e querem imortalizar o presente. Qualquer associação tem muito do seu presidente, para o bem ou para o mal, e neste caso pelos resultados bem visíveis, temos o homem certo no lugar certo. Há meia dúzia de anos já, o MFA tem como presidente o João Martins, acompanhado de outros jovens a quem Arouca deve muito pela divulgação destas terras e pelo carinho que se vê brotar em cada imagem. Como gostam de fotografar Arouca! E nunca se cansam, de dia ou de noite, ao sol à chuva ou à neve. Graças ao seu empenhamento, aos seus conhecimentos, á sua imensa disponibilidade, apesar do prejuízo da vida pessoal e profissional, Arouca e as suas terras nunca foram tão fotografadas e divulgadas com quadros que despertam ainda mais a beleza com que convivemos. Sendo muito habitual, na classe que dirige, fazerem um grande esforço para “aparecer na fotografia”, neste caso, todos querem é partilhar, e com discrição, concretizarem os estatutos que enobrece uma associação, discretamente e sem bicos de pé. Dão-se agora os passos que terminam a assoc. juvenil e nasce uma nova associação, com os mesmos princípios e o mesmo plano de intenções. Os jovens cresceram, rodearam-se de alguns mais velhos mas como o entusiasmo é o mesmo, ou maior ainda, há que alterar para melhorar. Conheci-os há alguns anos e em boa hora aderi a este projeto. Revi locais conhecidos mas com um encanto que não tinha apercebido, fiz enormes caminhadas e aprendi a ver a minha terra com momentos de muita tranquilidade e companheirismo, dei passeios por sítios que nem sabia existirem, regressei  a locais de muitas histórias, imaginei tempos antigos e até consegui respirar ares carregados de vida em locais desabitados. Até nos aventuramos pelo estrangeiro para comparar hábitos e regiões. Sempre com a presença, as ideias, a criatividade, os ensinamentos e a capacidade organizativa do João Martins um jovem que pelas características de quem lidera um tal empreendimento irá fazer parte, estou certo disso, do futuro da nossa terra. Hoje somos todos melhores fotógrafos, mesmo nós os mais velhos quisemos aprender as técnicas mais básicas, as edições, a composição fotográfica, os retratos, um pouco de tudo, mas somos também melhores companheiros. Agora, não há dúvida que quando do lado de lá do visor estão as nossas paisagens ou as nossas gentes as imagens parecem saltar mais rápidas com a vontade enorme de também aparecer e mostrar a todos mais um pedacinho de Arouca, Tudo parece mais simples. A pequena contribuição de cada um aí fica para os vindouros, com instantes que nunca se vão repetir. Esta magia vai continuar. Grato ao João, ao Rafael, ao Luís, ao André, e a todos os que tornam a nossa terra ainda mais colorida. Esta magia vai continuar. Que o Movimento Fotográfico de Arouca continue também.

Clarificação adicional a propósito da Raça Bovina Arouquesa

Devido a algumas reacções ao meu texto anterior, reafirmo aquilo que as teses mais credíveis, na contemporaneidade, demonstram, ao rectificarem aquilo que é óbvio: que a Raça Bovina Arouquesa não deriva, de modo algum, de outras raças bovinas autóctones portuguesas.Tem uma identidade muito distinta e é própria de um território específico. A Raça Bovina Arouquesa tem uma origem milenar, endógena e autóctone, numa parte do território de transição entre a Região Norte e a Região Centro, entre o Douro Litoral e a Beira Alta. Foi nesse território que esta raça antiquíssima sempre existiu.
Durante séculos e séculos, no Portugal antigo, arcaico e rural, o contacto entre os criadores de bovinos das várias regiões era muito escasso. Não se cruzavam, como é óbvio, raças diferentes entre si de diferentes regiões distantes entre si, numa altura em que os contactos eram mesmo muito escassos, devido, em parte, aos muito maus acessos e à ausência de meios de transportes modernos, durante séculos e séculos. A Raça Bovina Arouquesa permaneceu, até à contemporaneidade, com a sua identidade orgânica e anatómica muito vincada e definida, com a robustez da sua rusticidade muito bem adaptada ao meio envolvente, num território sem fortes influências exógenas, nas zonas de vale, de meia-encosta, de planaltos e de montanha. A textura orgânica da Carne Arouquesa é muito distinta da dos outros tipos de carne das raças bovinas autóctones de Portugal.
Não há qualquer exagero em se afirmar que a Carne Arouquesa é das melhores carnes bovinas do Mundo, porque é verdade: é um facto. Mas tem que ser mesmo a Carne Arouquesa real e verdadeira, certificada, que tem muito mais potencialidades e que, em termos económicos, poderia valer tanto como a carne bovina da raça japonesa Wagyu.

Fotografias da Raça Bovina Arouquesa

6 de abril de 2019

ESTA SEMANA NA HISTÓRIA DE AROUCA (XV)

1129.IV.06 - D. Afonso Henriques, futuro rei de Portugal, doa a villa de Saella, actual lugar de Cela, na freguesia de Urrô, a Mónio Rodrigues.

1283.IV.05 - D. Dinis, rei de Portugal, respondendo às queixas apresentadas pelo Mosteiro de Arouca, proibiu que alguém pousasse além de Vila Meã do Burgo contra o Mosteiro.

1753.IV.04 - É apresentada a relação de testemunhas a serem inquiridas no âmbito do Processo de Beatificação de Dona Mafalda Sanches.

1923.IV.02 - Estreia no Salão Central (Lisboa), o filme "Mulheres da Beira" de Rino Lupo. Um filme baseado no conto "Frecha da Mizarela" de Abel Botelho e, na sua grande parte, rodado na vila de Arouca.

1951.IV.01 - São colocados e inaugurados três novos sinos na torre sineira da capela da Misericórdia.

1961.IV.01 - Foi inaugurada a luz pública nos lugares das imediações da igreja matriz de Tropeço.

1978.IV.05 - É constituído o Centro Desportivo e Recreativo de S. Pedro de Nabais.

1980.IV.01 - O Futebol Clube de Arouca sagra-se Campeão Distrital da II Divisão de Aveiro.

1998.IV.04 - É assinado o contrato de elaboração do projecto de obras para o Mosteiro de Arouca, com vista à instalação do Centro de Estudos D. Domingos de Pinho Brandão e aumento do espaço destinado ao Museu de Arte Sacra.

2002.IV.04 - É lançada, na Universidade de Aveiro, a obra Serra da Freita, do Biólogo Armando Reis Moura, editada pela Associação de Defesa do Património Arouquense.

2005.IV.01 - Fica disponível o novo sítio de Arouca na Internet - www.arouca.biz, criado, dinamizado e gerido pelo jovem Rui Duarte, mais conhecido por Rui "Gato", natural da freguesia do Burgo.

2005.IV.02 - A coincidir com o dia do falecimento de Sua Santidade o Papa João Paulo II, são inauguradas na vila de Arouca as ruas "João Paulo II", "Vasco da Gama" e "Rua da Liberdade".

5 de abril de 2019

V- As espécies domésticas autóctones do território de Arouca: a Raça Bovina Arouquesa

A Raça Bovina Arouquesa é uma das principais espécies domésticas autóctones do território de Arouca, tem milénios, o seu nome incorpora o nome de Arouca e liga-se, automaticamente, a Arouca e à gastronomia tradicional de Arouca e à restauração arouquense. É um dos principais e mais nobres elementos da identidade autóctone e endógena de Arouca. A Feira das Colheitas, desde a sua origem no ano de 1944, organizou e promoveu o concurso concelhio de Raça Arouquesa que, há alguns anos atrás, passou a concurso de âmbito nacional e, no ano de 2002, foi fundada, em Arouca, a Confraria Gastronómica da Raça Arouquesa, que cumpre o objetivo de defender, prestigiar, valorizar, promover e divulgar a gastronomia associada à Raça Bovina Arouquesa. No ano de 2008, também se iníciaram, em Arouca, as Jornadas Técnicas da Raça Arouquesa com o objetivo de potencializar esta raça autóctone e cuja segunda edição, neste mês de Abril, vai decorrer no concelho de Cinfães, onde está sediada a Associação Nacional de Criadores da Raça Arouquesa. Também foi projectada a Quinta-Museu da Raça Arouquesa, na freguesia de Alvarenga, que pretende divulgar, ao público, melhor e de modo sistemático, as características desta insigne espécie bovina autóctone milenar.
Exemplares de Raça Bovina Arouquesa
Ao contrário daquilo que foi referido nalgumas teses do passado (que já estão obsoletas e que não têm cariz científico, mas que continuam, infelizmente, a ser repetidas com frequência, apesar de estarem erradas), a Raça Bovina Arouquesa não deriva, de modo algum, do cruzamento de outras raças bovinas autóctones nacionais. A Raça Bovina Arouquesa é uma raça bovina autóctone milenar, existente, há milénios, num território específico, com uma identidade bem definida, tendo um perfil anatómico e orgânico muito próprio, muito vincado e muito distinto das outras raças bovinas autóctones nacionais. Antes do início do impacto de Modernidade (que é recente no Portugal rural...), a mobilidade e o contacto, entre os criadores de bovinos das várias raças bovinas autóctones das várias regiões de Portugal, durante séculos, eram muitíssimo escassos. Na realidade, na verdade, a Raça Bovina Arouquesa é uma raça autóctone muito distinta, endógena, específica e própria das zonas de vale e de meia-encosta e das zonas de planaltos e de montanha de alguns concelhos do território de transição entre a Região Norte e a Região Centro, entre o Douro Litoral e a Beira Alta. Era, sobretudo, nos vales e nas meias-encostas deste território que os exemplares de Raça Bovina Arouquesa eram utilizados, pelos lavradores, como força de trabalho na lavragem dos campos agrícolas, com o auxílio de uma charrua e de outras alfaias agrícolas afins, bem como no transporte de objectos e produtos agrícolas nos típicos «carros-de-bois». Nas zonas de montanha, a criação de gado bovino arouquês destinava-se e destina-se, sobretudo, à produção de carne e era comum ocorrerem as célebres «chegas-de-bois», que, para além de terem uma função recreativa, tinham também a função de apurar a bravura dos melhores bois reprodutores. É uma raça bovina autóctone que, para além do seu padrão geral, tem três ecótipos: os 'Arouqueses Paivotos', os 'Arouqueses de São Pedro do Sul' e os 'Arouqueses Caramuleiros'.
No ano de 1986, foi fundada, no concelho de Cinfães, a ANCRA - Associação Nacional de Criadores da Raça Arouquesa, que congrega mais de 4000 associados, dispersos por cerca de 28 concelhos e cinco Direcções Regionais de Agricultura.
A Raça Bovina Arouquesa dá origem a um produto alimentar de altíssima qualidade, que é
a Carne Arouquesa, um produto DOP - Denominação de Origem Protegida, certificado, na actualidade, pela CERTIS, que corresponde a uma carne de cor rosada e marmoreada, que é uma tonalidade orgânica gerada pela sua gordura intramuscular, num tipo de carne muito suculenta e muito tenra, ligeiramente húmida, com uma textura orgânica de muitíssima qualidade, única no Mundo, apta, sobretudo, para ser assada no forno ou grelhada, de modo frugal, sendo permitidas quatro especificações: vitela, novilho, boi e vaca.
Não há qualquer exagero em se afirmar que a Carne Arouquesa é das melhores carnes bovinas do Mundo.
Em Arouca (concelho onde se come muito bem, tanto em qualidade como em quantidade), esta carne deliciosa, muito distinta da carne das outras raças bovinas autóctones nacionais, é confeccionada em várias receitas tradicionais: nomeadamente, a vitela assada no forno, os célebres bifes de Alvarenga, a posta arouquesa, os medalhões e a espetada de vitela arouquesa, o costelão de arouquês, a vitela arouquesa na púcara ou as costeletas de vitela arouquesa grelhada.
A Raça Bovina Arouquesa também tem aptidão leiteira, cujo leite é especialmente indicado para a produção de manteiga e de queijo.


Área de Dispersão da Raça Bovina Arouquesa

Características da carne de Raça Bovina Arouquesa

Carne Arouquesa - DOP - Denominação de Origem Protegida





" Alguém me perguntou, há um tempo, qual é o pior problema que o mundo hoje enfrenta. Não creio que seja a crise económica, mas sim a destruição do meio-ambiente. Milhares de espécies são destruídas todos os anos, desaparecem simplesmente e não as podemos reproduzir. "
Palavras do Professor Doutor Robert Aumann, Catedrático da Universidade Hebraica de Jerusalém, economista e Prémio Nobel da Economia de 2005, numa entrevista publicada no semanário Expresso de 29 de Novembro de 2008, concedida ao jornalista portuense Henrique Cymerman.

2 de abril de 2019

43,4% dos Portugueses votariam a favor da Regionalização - estudo da Empresa Eurosondagem para o Porto Canal

A Região Norte e a Euro-região Galiza-Norte de Portugal são as regiões onde o concelho de Arouca se insere e sempre se inseriu, desde que elas existem. O Porto é a cidade principal da Região Norte de Portugal, que é uma região com muita consistência identitária e muito influenciada quer pela margem norte quer pela margem sul da Região Hidrográfica do rio Douro, desde a Foz do Douro até à fronteira fluvial de Portugal com Espanha.
Surpreendentemente, de modo paradoxal, o actual presidente do PSD e líder da oposição, o portuense Rui Rio, que foi das vozes políticas e institucionais que, no passado, mais se insurgiu, de modo correcto e pertinente, contra o ultra-centralismo de Lisboa e arredores, aligeirou esse seu antigo discurso sobre o assunto, referindo que, nesta altura, não faz grande sentido falar sobre a Regionalização: "
Assinámos [o PSD] com o Governo, vai fazer um ano, um acordo que tem em vista a descentralização. Um dos pilares [da transferência de competências] do Estado para as câmaras está a ser executado. Mal, mas está".
Isto significa um grave retrocesso para Portugal e é muito surpreendente ouvir e ler estas palavras de Rui Rio, apesar dele reconhecer que o processo está mal!!! Esse referido 'processo de descentralização' é uma forma suave de manter o ultra-centralismo de Lisboa e arredores, que não vai resolver, em quase nada, aquele que é, seguramente, um dos GRANDES PROBLEMAS ESTRUTURAIS de Portugal, há muito, muito tempo: o ultra-centralismo de Lisboa e arredores, para onde, de modo forçado e contra a sua vontade, se deslocaram e deslocam e residem muitos Portugueses de todas as regiões. Inclusivé, agora, o próprio Rui Rio. Essa dita 'descentralização' suave e retórica parece mesmo ser mais um logro fabricado pelos ultra-centralistas de Lisboa e arredores, para manter esse ultra-centralismo.
Um estudo recente, realizado pela Empresa Eurosondagem para o Porto Canal, mostra que 43,4% dos Portugueses votariam a favor da Regionalização e reagem, fortemente, contra o centralismo. É muito significativo. O processo de Regionalização, previsto e consagrado na Constituição da República Portuguesa, é uma das reformas estruturais mais urgentes para bem do País como um todo. Não se deve apenas descentralizar suavemente, mas sim, antes de tudo, regionalizar e, depois, descentralizar, em termos reais, de modo dinâmico e constante. Os países mais avançados, ricos e desenvolvidos da União Europeia têm governos regionais. O centralismo é um indicador de 'terceiro-mundismo' e de atraso, enquanto que a regionalização e a concomitante descentralização real é um indicador de desenvolvimento e avanço. Em Portugal, a experiência das regiões autónomas dos Açores e da Madeira revela que as regiões funcionam relativamente bem.
Para além disso, um dos problemas estruturais do Estado português é o facto da sua actual capital e o seu Poder Central (em Lisboa e arredores, situada na Estremadura e na região saloia) estarem localizados num território onde não surgiu a nação de Portugal. A capital de Portugal, portanto, não se localiza, há vários séculos, no território certo e apropriado, visto que, na realidade, a nação de Portugal nasceu no Entre-Douro-e-Minho, de onde também se construiu, em termos estruturais, o antigo Império Português. A capital de um Estado deve ser sempre onde surgiu a sua idiossincrasia identitária: no seu 'core' identitário nacional. A capital de Portugal deveria ser no território do Entre-Douro-e-Minho: ou em Guimarães ou no Porto, que é o seu território berço e que é onde se encontra, desde que Portugal é Portugal, o seu 'core' identitário e idiossincrásico.
Como é óbvio, em boa parte, é devido a esse ultra-centralismo de Lisboa e arredores (onde o ultra-centralista Poder Central de Portugal se encontra com o habitual ultra-centralista Orçamento Anual do Estado, a cerca de 312 Km da vila de Arouca) que obras de pequena dimensão, como a variante à EN 326 de Arouca, demoram mais de vinte anos a construir, num concelho que se insere e se enquadra na região mais populosa de Portugal, sendo a que mais exporta e a que mais contribui para o PIB: a Região Norte.
Em boa parte, é devido a esse ultra-centralismo de Lisboa e arredores, onde o ultra-centralista Poder Central de Portugal se encontra, com o habitual ultra-centralista Orçamento Anual do Estado, que obras de pequena dimensão, como a variante à EN 326 de Arouca, demoram mais de vinte anos a construir...

1 de abril de 2019

A história do último capitão de Rossas é também a história do último capitão-mor de Arouca

É verdade. Uma das várias histórias genealógicas e biográficas paralelas à do último capitão de Rossas, tratada em "O ÚLTIMO CAPITÃO", é a história genealógica, biográfica e militar do último capitão-mor de Arouca.
Com efeito, o último capitão de Rossas, Feliciano António Ferreira de Vasconcelos, trineto materno do afamado Alexandre de Vasconcelos e Cirne, do Morgadio de Terçoso, daquela mesma freguesia, do qual se desconhecem filhos legítimos do seu casamento com Francisca Teresa da Silva, natural do Porto, mas se contam vários filhos bastardos, entre os quais, pelo menos dois que teve de Clara Godinha, solteira, do lugar da Fontela, a saber: Bernardo de Vasconcelos e Cirne, que foi casar à cidade do Porto e rumar daí ao Brasil, onde faleceu; e Damiana Teresa de Vasconcelos, que desencadeou um processo, pelo qual pretendeu receber, como única herdeira, a herança deixada por seu irmão. Esta, ainda solteira, teve por filha Josefa Joaquina de Vasconcelos, que faleceu solteira, e um outro filho de seu nome António Soares de Vasconcelos, a favor do qual sua mulher Josefa Francisca redigiu uma Procuração. Deste, e de Maria de Almeida, do lugar de Sequeiros, era Francisca Teresa Joaquina de Vasconcelos, da Fontela, que aí teve Margarida Joaquina de Vasconcelos, que casou no lugar da Leira, com José de Pinho, filho de José de Pinho e Maria de Pinho e, também, Feliciano António Ferreira de Vasconcelos, a que sua mãe, no acto de baptismo e para ficar registado no respectivo assento, «deu por pai a Bernardino António Teixr.ª Pinto, da Vª do Burgo».
Ou seja, Feliciano António Ferreira de Vasconcelos (1791-1873), último capitão de Rossas, era filho ilegítimo de Bernardino António Teixeira Vaz Pinto (1766-1834), último capitão-mor de Arouca. Ascendência esta que, mesmo ilegítima, nunca antes fora equacionada e estabelecida, em virtude de não resultar reconhecida ou expressa em qualquer outro documento conhecido para além do próprio assento de baptismo e uma procuração em que o próprio Feliciano António assina o seu nome com os apelidos Vaz Pinto - a que por felicidade tivemos acesso -, podendo assim, ainda que com as devidas salvaguardas, legitimamente, estabelecê-la.
Aproveitou-se, pois, o ensejo e a insuficiência ainda existente na nossa historiografia e até em documentação particular, para traçar o perfil genealógico, biográfico e militar do último capitão-mor de Arouca.
A história do último capitão de Rossas, que se sepultou à entrada lateral da igreja matriz de Rossas para ficar a ver as pernas às cachopas da Cavada, é, pois, também a história do último capitão-mor de Arouca, que morreu em resultado de uma alegada emboscada que os seus inimigos políticos lhe fizeram quando, certo dia, descia a serra da Freita montado no seu cavalo.