23 de abril de 2019

Pedra Má - à espera que a tragédia se repita.

Na semana passada, tendo estado de férias por Arouca, passei pela Pedra Má várias vezes. Confesso que tenho sempre muito receio em passar por ali, principalmente depois do desmoronamento que ali ocorreu na Páscoa de 2013, vitimando duas pessoas, minhas conterrâneas, depois de ler que já em Novembro de 1968 ali se havia dado um desabamento de grandes pedras «rente à noite e antes da carreira de passageiros ali chegar», e de quase nada se ter feito entretanto para segurança do local.
É certo que tenho hoje alternativa e não tinha necessidade de passar por ali, mesmo andando a tratar de assuntos logo à frente na Vinha do Souto, da freguesia de Várzea. Mas há muita gente que por ali passa, acreditando na segurança do local, outros sem conhecimento da alternativa e ainda outros por obrigação, como é caso dos transportes de passageiros que por ali têm de fazer carreira. Não interessa as razões. Estando a estrada aberta, todos os que por ali transitam, - como já alguém escreveu -, têm o direito de o fazer com segurança e tranquilidade.

Aspecto do desmoronamento de 2013
E, se há meia-dúzia de anos se dizia injusto imputar responsabilidades a quem quer que seja pela tragédia que ali aconteceu, hoje não é mais. Tanto por acção como por omissão. E não importa se já diligenciaram muito ou pouco para que aquele local seja sujeito à intervenção necessária a torná-lo seguro. Nem vale a pena, à Câmara e autarcas das freguesias que ali delimitam, virem "sacudir a água do capote" e dizerem de quem é a competência e responsabilidade, quando, na verdade, já assumiram diligências e ali tiraram fotografias para parangonas, mas até hoje nada se fez, para além dumas prospecções logo após aquela última tragédia, continuando as pedras a cair... oxalá que não a descalçar outras maiores, à espera que a tragédia se repita.

Aspecto do principal descalçamento que se verifica hoje
Se é dado adquirido que todos os que por ali transitam têm o direito de o fazer com segurança e tranquilidade, o mínimo que se espera dos autarcas locais, é que façam tudo o que estiver ao seu alcance (não apenas diligenciar, mas pressionar, muito, as entidades ditas competentes) e em tempo útil para garantir a segurança e tranquilidade de todos, principalmente, dos que habitam, permanecem e transitam dentro dos limites do concelho. Tudo, menos lamentos! E neste caso, também tudo, menos desculpas com a natureza e severidade dos fenómenos, pois o que ali está  a provocar receio foi causado pelo homem, que antes de ousar rasgar a garganta da Pedra que diz Má, passava por onde a Pedra se diz Boa.

Que o desmoronamento ontem ocorrido na ligação entre a ponte da Ribeira de Tropeço a Mansores, da EN-326, felizmente sem danos a lamentar, mas que obriga ao corte da ligação até remoção das pedras e terra, bem como da garantia de segurança da via, seja apenas mais um alerta para o muito que urge fazer um pouco por todo o concelho neste domínio. Principalmente agora, que as limpezas andam a deixar os solos expostos e muitas pedras sem amparo...