30 de julho de 2021

45 Anos de Poder Local Democrático

Com as eleições de 26 de Setembro próximo cumprem-se 45 Anos de Poder Local Democrático e 13 idas às urnas para eleição dos respetivos órgãos autárquicos. A foto acima, de um conhecido edifício municipal - sede dos Paços do Concelho entre 1864 e 1933 -, tirada por Adílio Ferreira da Silva e colecionada em "Contributos para o Futuro Arquivo de Arouca", reportar-se-á precisamente à propaganda para as primeiras eleições autárquicas realizadas após o 25 de Abril de 1974, que tiveram lugar em 12 de Dezembro de 1976.

Em Arouca, concorreram a esse primeiro sufrágio quatro forças políticas: o Partido Social Democrata (PPD/PSD), o Partido Socialista (PS), o Centro Democrático Social (CDS) e a Frente Eleitoral Povo Unido (FEPU), de que saiu largamente vencedor o Partido Social Democrata, que elegeu o Presidente da Câmara e três Vereadores, assegurou a eleição da Mesa da Assembleia Municipal, ao eleger 12 deputados diretos, e venceu em 12 Juntas de Freguesia.

A tendência vitoriosa do PSD no concelho de Arouca saiu ainda mais reforçada nas eleições seguintes, de 1979, 1982, 1985 e 1989. Os principais protagonistas deste feito, dada a maior relevância sempre atribuída ao candidato à Câmara, foram Zeferino Duarte Brandão e Joaquim Brandão de Almeida, ambos naturais da freguesia de Várzea, que também presidiram à Assembleia Municipal por vários mandatos, depois dos três primeiros mandatos liderados por Maria Salomé Valente Martingo Serdoura.

Com as eleições de 1993 deu-se uma mudança de ciclo na Câmara Municipal, protagonizada pelo Partido Socialista e, nomeadamente, por José Armando de Pinho Oliveira, até então sempre candidato e eleito deputado à Assembleia Municipal por partidos e coligações mais à esquerda, designadamente, pela FEPU, APU e MDP/CDE-PRD. Nesse primeiro mandato socialista a Assembleia Municipal ainda se manteve social-democrata, mas nas eleições seguintes foi também conquistada pelo PS, cuja lista foi encabeçada por Carlos Alberto Gomes Ferreira. De 1993 para 1997, o PSD perdeu também mais de metade das freguesias.

Desde então, a tendência vitoriosa do PS para a Câmara Municipal consolidou-se e reforçou-se com a eleição e reeleição sucessiva de José Armando de Pinho Oliveira e José Artur Neves, que lideraram o município entre 1994 e 2017, ano em que foi eleita, também pelas listas do PS, Maria Margarida de Sousa Correia Belém, que já integrava o executivo municipal desde 2010.

Nestas próximas eleições, ao que tudo indica, apresentar-se-ão a sufrágio quatro forças políticas: o PS, a coligação PSD/CDS/PPM/IL, a CDU (PCP/PEV) e o ERGUE-TE, cujas listas à Câmara Municipal serão encabeçadas, respetivamente, por Margarida Belém, Vítor Carvalho, Lara Pinho e Anselmo Filipe Oliveira, os quais têm agora o palanque e a palavra, a oportunidade de perspetivarem o futuro e de contribuírem para o desenvolvimento do nosso concelho, e honrar 45 Anos de Poder Local Democrático. Que seja uma campanha construtiva, esclarecedora e mobilizadora!

20 de julho de 2021

Gentil Moreira de Sousa (1929-2021)


Foi com profunda tristeza que recebi na noite passada a noticia de falecimento do meu amigo senhor Gentil Moreira de Sousa, um arouquense que se fez ilustre no outro lado do Atlântico, mais precisamente em Niterói, no Rio de Janeiro, onde foi um empresário de sucesso, reconhecido e agraciado com vários títulos e condecorações pelos Estados do Brasil e Portugal.

Traçar o perfil, fazer a história biográfica e estudar os ancestrais de Gentil Moreira de Sousa é não só um prazer como uma honra. Com efeito, este inveterado arouquense, - que o refere sempre com orgulho -, ambicionando melhores condições do que aquelas que a sua terra natal de então perspetivava oferecer-lhe - dar continuidade ao comércio e indústria de roupas de seu pai -, fez-se ao mundo, mais propriamente às terras outrora descobertas por Álvares Cabral, para onde emigrou na década de cinquenta do século passado, mais especificamente no dia 11 de Maio de 1951, como escrevi no perfil biográfico e genealógico que, a seu pedido, elaborei em 2017.

Escritor e poeta, com quatro livros publicados, músico e empresário luso-brasileiro, Gentil Moreira de Sousa, era filho de Adriano Teixeira de Sousa, alfaiate, músico e maestro da Banda Musical do Burgo, e Helena Moreira de Sousa, moradores no lugar e freguesia do Burgo, onde nasceu em 20 de Junho de 1929, sendo o mais velho de sete irmãos. Casou em Niterói com Clarice Pinto Quaresma, natural de São João da Boa Vista, concelho de Tábua, onde nasceu em 2 de Agosto de 1927, de que teve dois filhos e três netos.

O negócio que mais o notabilizou em Niterói foi a Confeitaria Beira Mar, fundada há mais de quatro décadas, contando hoje com cerca de 300 trabalhadores, cuja marca e logotipo ostenta o brasão heráldico do município de Arouca.

Neste doloroso momento de despedida de Gentil Moreira de Sousa, Axel Grael, Prefeito de Niterói, homenageou o legado de Gentil deixado naquela cidade, referido que «Ele será sempre lembrado com muito carinho por nossa cidade».

Gentil Moreira de Sousa foi ainda uma boa referência para muitos familiares, amigos e compatriotas, em geral, que também emigraram para o Brasil, e sempre contaram com a sua boa-vontade e generosidade para singrar naquele país.

Que descanse em paz!

Os meus sentimentos à família e amigos!

19 de julho de 2021

A Pensar Alto! Coisas menores... ou maiores. A Pista.

Começou há dias a circular nos estabelecimentos do Burgo e nas mãos de muitos moradores, um abaixo assinado a enviar à Exma. Presidente da Câmara para alertar para um enorme problema à entrada da Vila e a pedir uma solução que tarda apesar de anteriores alertas. Com a devida autorização dos que tomaram a iniciativa e como morador apresento a minha concordância para a urgência em resolver um problema que a todos afeta. Bastaria elevar um pouco as passadeiras, só isso. Coisa menor que até parece grande...

Abaixo assinado

À Exma. Sra. Pres. da Câmara municipal de Arouca

Nós, abaixo assinados, moradores e frequentadores da estrada nacional 224, atual Av. 25 de Abril, no troço compreendido entre o Cimo do Burgo e a partilha com Santa Eulália, pretendemos desta forma alertar mais uma vez para o sentimento de abandono com que nos defrontamos diariamente ao constatar as situações anómalas de circulação nesse pequeno troço que põe em causa a segurança de todos os munícipes que por cá circulam.

A nossa segurança, dos nossos amigos, dos nossos familiares, de todos os que são obrigados a circular, seja a pé ou nas viaturas, está constantemente em causa pelo incumprimento de muitos que não cumprem minimamente as regras de trânsito circulando a altas velocidades sem respeito pelas próprias vidas e principalmente a dos outros.

Apesar da sua curta extensão, é um percurso com imensos perigos para quem lá circula, para quem tem de percorrer os estreitos passeios, para quem é obrigado a diminuir a marcha ou entrar na via por lá ter habitação, para quem pretende utilizar os serviços da meia dúzia de estabelecimentos comerciais existentes, para todos os utilizadores. Sabemos que existem meia dúzia de passadeiras devidamente assinaladas, existem mais de uma dúzia de rampas de acesso ás residências e estabelecimentos, existem algumas placas, poucas, limitadoras, mas tudo é insuficiente e tudo permite os maiores desmandos aos motoristas pouco cumpridores que por lá demonstram as potências dos veículos e o arrojo de circular a velocidades desaconselhadas a auto-estradas, quanto mais a uma estrada que se vê já como avenida urbana.

Atravessar qualquer uma das passadeiras é um exercício que faz subir a adrenalina tal o perigo de vida que se corre. As autoridades a quem cabe a fiscalização de tais desmandos não podem estar sempre presentes o que facilita a sensação de impunidade. Solicitamos por isso a sua intervenção para a resolução desta situação. Só lhe pedimos como autoridade, que nos permita ter segurança e o mínimo de tranquilidade pois nós como munícipes deste Concelho tão falado pelas iniciativas de sucesso, lhe agradeceremos entusiasticamente. Atravessar uma rua não pode colocar a vida em risco, circular num passeio não deve colocar a vida em risco, entrar nos acessos das residências ou dirigir se a uma casa comercial, não deve colocar a vida em risco. Sabemos que está de acordo e dirigimo-nos a si com fundadas expectativas na resolução deste problema, seja com lombas redutoras, semáforos limitadores, mais e melhor sinalização, aumento de fiscalização, e tudo o mais que normalize esta perigosa situação na entrada da nossa Vila.

Certos que nos lerá com toda a atenção, agradecemos lhe antecipadamente a resolução urgente desta situação. Com cumprimentos, os moradores, e utilizadores que sentem permanentemente as suas vidas em perigo…

Assinaturas:

4 de julho de 2021

Figueiredo Sobrinho e Simões Júnior: dois homens, dois apelidos e duas alcunhas

Escrevo este pequeno apontamento a propósito do ilustre Professor Doutor Manuel Sobrinho Simões e a sua especial afeição pela nossa terra, como se evidenciará na entrevista na "Primeira Pessoa", conduzida por Fátima Campos Ferreira, a ir para o ar esta segunda-feira, pelas 21h00, na RTP1, e que valerá a pena ver, tanto mais que é feita a partir de Arouca.

Apesar de já muito se ter dito e escrito sobre este reputadíssimo e influente “médico”, professor, investigador e, também, sobre a sua ligação a Arouca - o que muito nos orgulha -, nem sempre resulta clara, do ponto de vista biográfico e genealógico, essa ligação, uma vez que, de facto, Sobrinho Simões, ao contrário do pai, do avô e toda a ascendência da avó paterna, não é natural de Arouca nem de Arouca são originários os seus distintos apelidos.

No entanto, apesar de não ser natural de Arouca nem de Arouca serem originários os seus apelidos, foi nesta vila que os mesmos se aprimoraram e hoje melhor o distinguem: Sobrinho, pelo bisavô José Gomes de Figueiredo Sobrinho, com ascendência em Covelo de Paivó (então pertencente a São Pedro do Sul), onde nasceu em 21 de Julho de 1861, e Simões, pelo avô Manuel Rodrigues de Simões Júnior, com ascendência paterna em Anadia, que nasceu em 11 de Setembro de 1891, em Arouca, onde um e outro se ligaram, para além da amizade, pelo casamento deste com uma filha daquele, em 1 de Setembro de 1916.

Dá-se ainda a coincidência e curiosidade de ambos se terem alcunhado para se distinguirem da homonomia de nomes, com o tio, padrinho, padre e autarca, no caso de José Gomes de Figueiredo "Sobrinho", e com o pai, médico, no caso de Manuel Rodrigues Simões "Júnior". Contudo, apesar de assim se terem afirmado e notabilizado, e assim terem sido imortalizados nomeadamente na toponímia arouquense, ao contrário de "Sobrinho", "Júnior", como melhor se compreende, não passou às gerações seguintes como apelido.

Figueiredo Sobrinho e Simões Júnior (na imagem), para além de dois homens, dois apelidos e duas alcunhas, eram qualificadíssimos (por unanimidade e 19 valores) nas respetivas áreas de formação - Direito e Medicina -, e são duas personalidades relevantes e incontornáveis da história e cultura de Arouca, não só pelo exercício profissional a que se dedicaram e pelas causas em que se empenharam, mas também pelos cargos e funções que exerceram e pelos princípios pelos quais se pautaram. Faleceram em 13 de Junho de 1938 e 17 de Abril de 1972, respetivamente.

Do casamento de Manuel Rodrigues Simões Júnior, do Agualva, com Maria Luísa de Figueiredo Sobrinho, da então rua D'Arca, nasceu, em 31 de Março de 1918, o professor e investigador Manuel Sobrinho Rodrigues Simões, que se licenciou e doutorou com 18 valores e, por sua vez, contraiu matrimónio com Maria Alexandrina Martins Coimbra, natural do Bombarral, os quais se estabeleceram na cidade do Porto, onde tiveram, entre outros, o médico, professor e investigador Manuel Alberto Coimbra Sobrinho Simões, nascido pela Senhora da Mó de 1947, o qual não se ficou ao pai nem ao avô e se licenciou e doutorou com 19 valores.

Maria Luísa de Figueiredo Sobrinho, era filha de José Gomes de Figueiredo Sobrinho e Eulália de Sousa Brito, da rua D'Arca, tendo nascido na Praça em 21 de Setembro de 1895; esta, filha de António Soares de Sousa e Ana Emília de Sousa Brito, de Pousada, Santa Eulália, onde nasceu em 26 de Dezembro de 1859, estes com ascendência, gerada e criada no vale de Arouca, tratada e conhecida até, pelo menos, meados do século XVII.