21 de outubro de 2018

Missão de vida

Celebra-se este Domingo, 21 de Outubro, o Dia Mundial das Missões na Igreja Católica. Trata-se sobretudo duma tradição cristã, é verdade, mas creio que é ocasião para crentes e não crentes refletirmos acerca do sentido mais profundo da nossa vida.
Acho que faz muito sentido escrever estas linhas a propósito desta celebração, porque ela ultrapassa as fronteiras da fé. Se é verdade que é uma jornada em que somos particularmente convidados a olhar para aqueles que partem para terras distantes para anunciar o Evangelho, também é verdade que não devemos perder a oportunidade de olhar para a nossa própria vida e ver em que estamos a gastar os nossos dias e em que valores estamos a apostar como marca indelével da nossa existência. 
O Concelho de Arouca tem dado muitos missionários ao mundo. Não me refiro apenas a padres, freiras ou pessoas consagradas de qualquer religião, mas também a muitos homens e mulheres, sobretudo jovens, que têm deixado as suas terras – por longos períodos ou em experiências curtas de voluntariado – e têm ido ao encontro de situações de carência e de fragilidade, procurando dar algo de si para que este nosso mundo se torne um pouco mais justo e mais humano. É a todos esses arouquenses espalhados pelo mundo em missões humanitárias ou de transmissão da fé que eu gostaria hoje de manifestar toda a minha gratidão e reiterar toda a minha admiração. 
Mas a celebração dum Dia Mundial das Missões leva-me mais longe, porque me parece um momento oportuno para olhar para a vida, para a minha vida e a vida de cada um de nós e vê-la como missão, uma missão que somos convidados a viver intensamente em cada um dos nossos dias.
É, afinal, olhar para a nossa vida e encontrar nela um sentido, um rumo, um sabor próprio. 
Não podemos fazer da nossa vida uma mera sucessão de dias, dias que quase não contamos, dias que vamos passando como se andássemos por aqui a ver andar os outros. Não, a nossa vida deve ser um esforço quotidiano para deixar marca que conta e que interessa, deve ser a vontade de alguma coisa fazer para deixarmos o mundo que recebemos em herança um bocadinho melhor e mais belo do que o encontrámos. Então sim, podemos dizer que a nossa vida é missão, que nós somos missão, e que a nossa existência é verdadeira missão de vida!
P. José Agostinho Sousa