17 de outubro de 2018

Pobreza em Arouca - Sim ou Não?

Porque hoje, 17 de outubro, se assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, comemorada oficialmente pela primeira vez em 1992, com o objetivo de alertar a população para a necessidade de defender um direito básico do ser humano, urge refletir sobre o tema.
A erradicação da pobreza continua, nos dias de hoje e apesar de estarmos num século de modernidade e de tecnologia, a ser prioridade mundial. Parece que a pobreza da maioria da população mundial é o reverso da medalha da progressão tecnológica e económica das potências dominantes e talvez por isso é a primeira prioridade da Agenda 2030, proclamada pelas Nações Unidas.
Para que a pobreza deixe efetivamente de existir, todos os estados, países, regiões e localidades devem contribuir com boas práticas.
Arouca, através das políticas locais, de associações humanitárias como as IPSS e da sociedade civil, tem trabalhado em prol do desenvolvimento social e económico da sua população. Isso é incontestável. Veja-se a valorização do património como recurso económico, a criação de projetos que alargam cuidados de saúde primários à população (como a oferta de dentista no Centro de Saúde de Arouca), projetos que tendem a valorizar a agricultura sustentável, entre vários outros.
Mas será suficiente? Sem querer desvalorizar o que tem sido feito, devemos querer sempre mais, ser ambiciosos e auspiciar o ideal de forma a atingirmos o Bom.
Em Arouca há pobreza? Os dados estatísticos existentes numa primeira análise afirmam que não, que há boas condições de vida. Será verdade?
Penso que inserida na AMP, Arouca continua com atraso significativo de desenvolvimento. Tem uma grande mancha territorial, e o rendimento per capita é dos mais baixos da AMP, derivados sobretudo de serviços e construção (censos 2011).
Falta-nos atrair a indústria para que os jovens e as famílias em idade laboral não tenham de emigrar ou deslocar-se para outros municípios.
Falta-nos uma rede eficiente de transportes que garantam à população bons serviços a preços justos.
Falta-nos assegurar às freguesias mais distantes da vila cuidados primários de saúde, médicos de família e serviços de enfermagem de forma continuada e não apenas poucos dias por semana, como acontece.
Faltam-nos serviços de proximidade com a população de aldeias mais distantes que se sentem isolados, esquecidos, longe de tudo e de todos.
Falta-nos passes sociais para os transportes dos idosos e famílias numerosas, como acontece no Porto.
Falta-me perceber como idosos com cerca de 300 a 400 euros mensais, frutos de pensões de invalidez conseguem fazer face a todas as despesas.
Falta-me perceber como os idosos são efetivamente ajudados e como conseguem tarifas sociais na água e na luz, serviços essenciais.
Pobreza extrema, felizmente não creio existir em Arouca, mas que há várias famílias a sobreviver com muito pouco dinheiro ao fim do mês, isso há!
Deixo aqui este tema, porque não podemos pensar que está tudo feito, que está tudo muito bem.
Temos de pensar que temos todos de continuar a trabalhar porque ainda há muito para fazer, tanto à escala local, como regional, como global.
Em Arouca, há pobreza? Sim ou Não?