2 de outubro de 2018

A Pensar Alto...

Quando de manhã depois de esfregar os olhos que abriam com dificuldade, tal era o frio, vim à janela e olhei para fora senti pela primeira vez como era bonita a terra dos meus avós e do meu pai, Lourosa de Campos. Com os seus campos semeados de verde e branco, dos pingos de geada dessa noite, as suas casas que pareciam ter sido desenhadas em locais próprios, como nos presépios, os fumos que se misturavam e davam um tom de névoa, os cantos de quem já trabalhava a terra, o cantar do gado de criação, a pequena estrada espalhada pelo pequeno vale e aquele sorriso de ouvir a água que rebentava a querer soltar se e espalhar se como sementeira de vida, muita vida eis Lourosa de Campos, um pequeno vale dentro de outro maior, Arouca, que lindo! Foi isto que vi. Chegara do Rio de Janeiro e tinha 8 anos.
Lembrei me disto ao ler o artigo do Paulo Teixeira sobre a desertificação das aldeias serranas. E Lourosa, tão perto da nossa Vila e quase deserta. A beleza natural não basta para termos as regiões repletas de habitantes. Há que criar condições para que o sustento esteja próximo e a partir daí permitir que a qualidade de vida seja melhor. Todos sabemos que é possível viver bem, a conviver com os encantos da nossa terra. Não podemos é passar de geração em geração esta vontade. Arouca já foi a bela adormecida mas apesar da poesia de tal designação, queremos e devemos lutar por uma terra acordada, com condições de vida dignas e possíveis para a maioria. Cada um tem o seu papel e pode contribuir para isso. Mãos à obra.