17 de dezembro de 2018

Quem se lembra da Telescola?

   Sim, “quem se lembra da Telescola?” Eu lembro-me, e fui dos que andaram na Telescola. Na Telescola da minha Mansores natal. Quando os comigo nados na freguesia entre fins de 77 e fins de 78 chegámos ao fim do ensino primário, as alternativas eram ir ou ficar: ir para o “ciclo” em Arouca ou ficar na Telescola lá na freguesia. Éramos uns 30, mais ou menos, a maioria ficou na Telescola e ficou-se pela Telescola. Creio que desses cerca de 30 só dois chegámos ao Ensino Superior. As coisas serão bastante distintas hoje.

Foto: Arquivo RTP
   Talvez pela proximidade do Natal e pela distância da natal terra, vêm-me saudades da também distante infância e desses tempos de Telescola, talvez os mais felizes dos anos em que andei de escola em escola. As minhas professoras foram a professora Amélia, de S. João da Madeira, e a professora Áurea Rita, de S. Pedro do Sul. Recordo dois episódios desses tempos:
   - A minha caligrafia era péssima. Escrevia mal, pronto. Um dia a professora Áurea Rita envergonhou-me à frente de todos os colegas. Obrigou-me a usar um caderno de duas linhas. Ora, esses cadernos eram para as crianças dos primeiros anos da primária. Uma humilhação que nunca vou esquecer.
   - Tinha jeito para a Matemática. A Professora Amélia sabia disso. Um dia apareceu de surpresa um inspetor e era dia de teste de Matemática. Lá fizemos o teste perante o olhar preocupado da professora ao lado do inspetor. Ainda consigo precisar o sítio da sala em que eu estava sentado. A professora, mal acabámos o teste, corrigiu o meu e mostrou-o ao inspetor como exemplo de bom resultado. Ela depois agradeceu-me não a ter deixado ficar mal. Gostava muito da professora Amélia. Soube que faleceu entretanto.
   Nas suas distintas configurações e denominações, a Telescola foi lançada em Portugal em 1965 e chegou a Arouca ou nesse ano ou no seguinte, de onde partiu definitivamente em 2001 ou muito pouco depois.
   Quem não se lembrar da Telescola, que vá googlar.