18 de dezembro de 2018

A Pensar Alto... Historinha de Natal

Esta é a história de uma menina… Para contar a todos os meninos.

Sempre que a menina passava perto daquela linda casa, sentia-se triste ao ouvir o cantar também muito triste de tantos pássaros que adivinhava e depois vira, presos, em gaiolas de muitos feitios, e que sempre que a viam passar, esvoaçavam, piavam, para lhe chamar a atenção de tal situação. E de cada vez, a cada passagem, sentia mais a injustiça de tal prisão e decidiu num impulso tudo fazer para os libertar antes do dia de Natal, pois faltavam já poucos dias, e no Natal também se festeja o amor e as boas ações. Mas a quem poderia pedir ajuda? Uma coisa simples para um adulto, para ela menina ainda muito pequenina era uma enorme tarefa, e pensou, pensou e teve uma ideia. Decidiu pedir ao mais forte aliado de que se lembrou, o vento. E esperou pelo momento oportuno. Logo que o sentisse, nem que fosse leve brisa, ia pedir-lhe ajuda. E assim foi, quando deu por ele, era um fim de tarde de um dia de outono daqueles que raramente são tranquilos, deu pela chegada do futuro aliado, esperava ela, assim como um zumbido, ao cair da noite, mas ainda muito a tempo de lhe fazer o pedido. - Ó Senhor vento tu que és tão forte e sempre tão presente, que me refrescas nos dias quentes de verão e que me aconchegas na lareira com a tua forte voz no inverno, tu que fazes mover as pás dos moinhos, os vira ventos das crianças como eu, que me empurras nas minhas correrias e fazes as folhas voar como qualquer pequeno pássaro, mas que também sabes brincar, ainda há dias, numa travessura, me fizeste esvoaçar o cabelo despenteando-me toda, preciso de um favor teu, preciso que num dia destes em que sopres devagarinho assim a modos de quem vem fazer um passeio à beira mar, abras as fechaduras das gaiolas que enfeitam as paredes desta casa aqui ao lado da minha, e deixes abertas de par em par as pequenas portas para os meus amigos pássaros que por lá estão privados de liberdade, saberem que gostas de ser livre e não queres ver ninguém aprisionado. Como eu não quero também. O vento como que parou por momentos e ao ver tão doce e justo pedido e tão inocente desejo, não podia ficar indiferente e logo abriu com um suspiro que mal se ouviu, as pequeninas portas, que permitiram a imensos pássaros conhecer um mundo novo e muito mais azulado, da cor do céu da nossa terra. E quase de imediato apareceu pelos ares uma nova nuvem, uma nuvem cheia de cantos, penas a esvoaçar de imensa brancura e uma misturada de imensas cores que um arco-íris que nascia ao longe, ficou com um pouco de inveja de ver tal concorrente. Eram os pássaros que voavam numa festa sem fim, sem disfarçar a alegria que sentiam ao voar, cantar e saltar pelos céus para agradecer à pequena menina o grande bem que lhes tinha feito com o pedido ao vento. Eram livres, nunca lhes faltara o essencial, o trigo, a água, o ar, mas faltara lhes sempre o que é tão importante, a liberdade. E a menina não cabia em si de tanta felicidade, de repente ganhara muitos amigos e agora só queria era brincar com eles e partilhar segredos e pequenas canções que aprendera na escola, pois todos sabemos como os pássaros cantam bem estando felizes. Mas como em qualquer história de meninas, as surpresas não ficaram por aqui. Apareceu pelo meio dos pássaros um lindo príncipe, amigo antigo de tão lindos passarinhos e que apesar de muito tentar nunca tinha conseguido libertá-los. E nem os poderes mágicos que possuía lhe tinham valido. Ficou por isso surpreso e muito contente por ter descoberto que o amor de uma menina e a bondade de um pedido, conseguiram muito mais. Num agradecimento a tão lindo gesto logo quis retribuir com algo que nunca mais aquela menina esquecesse. Assim decretou que naquela casa, naquele lugar, sempre que a menina sorrisse e ficasse feliz, logo nasceria uma flor de beleza estranha, são as mais belas, e os jardins espanto dos espantos seriam os mais coloridos de todo aquele burgo. A família e todos os moradores ficaram radiantes com tais noticias ao saberem que iriam viver rodeados do perfume das flores, e desde esse dia todas as manhãs quando o sol começava a espalhar se, viam o resultado pelas janelas das casas e acendia-se-lhes na alma um sorriso tão bonito e tão longo que permanecia até ao fim do dia, contagiado por tanta beleza. Todos lhe agradeceram. Valeu bem a pena a boa ação que tudo originou. Vale sempre a pena uma boa ação. E a história continuou repleta de surpresas que estavam sempre a aparecer. Não vou dizer quais, deixo que cada um que a está a contar, continue esta pequena história à sua maneira, com a imaginação possível, e que nunca a termine, porque nunca são demais os inocentes contos que fazem as crianças dormir com a felicidade estampada no rosto, e terem sonhos de um côr de rosa que permanecerá pela vida fora. Já sabes, tu que és adulto, continua a narrativa, e se tiveres dificuldade aproveita mais uma vez aquele coração de criança repleto de ternura que todos os adultos têm, e às vezes se esquecem ou não querem mostrar. Aproveita-o e sê também mais feliz por isso. É natal. Umas boas festas a todos.