12 de dezembro de 2018

A Pensar Alto... A Feira de Natal.

A palavra feira, dia santo ou feriado, mostrava na sua fase inicial a ligação entre o comércio e a religião, pois as pessoas aproveitavam as festas religiosas para reunirem e trocarem mercadorias. Com o andar dos tempos tornaram se locais de espaço de cultura popular, trocas comerciais e muita afetividade, perdendo a matriz religiosa.

Em Arouca ao longo do ano temos sempre várias feiras mantendo a tradição ainda muito cultivada pelas pessoas em geral de usufruir do espaço público. Temos 2 feiras mensais com data fixa e apesar de não representarem aquele dia de festa, como antigamente, é sempre um bonito pretexto para uma deslocação à sede do Concelho dar uma vista de olhos pelos artigos em venda, conversar um bocado com os amigos que por lá se vão encontrando e fazer aquela compra que se andou a adiar para justificar a nossa presença, mesmo que o preço não seja tão interessante como deveria. E depois existe uma cumplicidade secreta com um ou outro feirante que guarda aquela coisa muito especial e que estava esgotada na quinzena passada. Um shopping ao ar livre sem marcas daquelas que melhoram o status, mas com movimento razoável e onde se junta o útil ao agradável. Desde há algum tempo a Câmara decidiu aumentar a oferta turística e começaram a surgir também de 15 em 15 dias, aos domingos, as feirinhas, junto ao Convento numa fase inicial e agora mais na entrada da Vila ali ao lado do parque debaixo do olhar da Rainha Santa. Primeiro muito timidamente para os pequenos agricultores que ainda restam, terem a possibilidade de escoar e divulgar diretamente os seus produtos, e depois com alguns artesãos e fabricantes de produtos relacionados com a terra a juntarem se lhes compondo numa variedade de ofertas, uma amostra do que somos e do que temos. Têm tido grande sucesso, basta passar e ver a quantidade de pessoas que por lá andam, com sacos, ou de mãos a abanar que uma feira serve também para dar um passeio e descansar os olhos da monotonia e cansaço de muitos dias.
Durante o ano temos mais feiras extraordinárias, o S. Bráz, a Rainha Santa, as Colheitas, não me lembro de mais nenhuma, e a minha preferida, a do Natal. Não sei se é diferente porque é Natal, parece tudo mais bonito, ou se é pelo cuidado com as decorações, com a quantidade de crianças, com os sorrisos mais simpáticos, ou pela proximidade da data que pelos valores que anuncia, é pena não durar todo o ano. Quer esteja frio, quer o dia não queira colaborar e não mostre um pedacinho de sol, quer caia até um pé de água que obrigue a fazer equilíbrios com os guarda chuvas, tudo tem uma justificação sem rancores, estamos mesmo na época das doçuras, e nada estraga aquelas horas de passeio, convívio, uma compra de ultima hora. Até se come um petisco com sabor da quadra como aperitivo para o que aí vem. E então as crianças acolhem se mais aos pais, acreditam no colo do Pai Natal, abrem muito os olhos para não perderem nenhuma luzinha a piscar, entram sem receios naquela casinha construída para eles e ficam felizes e tristes por só terem Natal uma vez por ano.
A nossa feira de Natal, abrigada ao lado do Convento, não poderia ter melhor cenário, é sempre um êxito. Este ano repete-se e mostra que há iniciativas que agradam, com simplicidade e pequenas somas de investimento. O que é bom não dura sempre. Vamos aproveitar.

Umas boas festas para todos.