12 de março de 2019

Os nossos poetas populares

   Diz-se de Portugal que é país de poetas. Sê-lo-á. Certo é que Fernando Pessoa, celebrado por muitos como o maior dos nossos poetas (e que, segundo consta, tem raízes em Arouca), escreveu um conjunto de “quadras ao gosto popular”.
   O pulsar literário em geral e poético em particular sempre existiu entre os nossos. Na nossa Arouca em que cresci habituei-me a ouvir e ler hinos, quadras populares, cantigas ao desafio, compostas por vizinhos com pouca instrução, mas com veia poética. Bom, a qualidade dessas composições, do ponto de vista do seu valor literário, é muito baixa. Mas de todo não é isso que me interessa. Interessam-me a espontaneidade, a autenticidade, a coragem destes compositores e o que aprendo nas entrelinhas e nos erros ortográficos destas composições.
   Embora ande por longe, vieram-me parar há dias às mãos, numas fotocópias, um conjunto de 42 quadras da autoria de Ramiro Gomes, arouquense radicado em São João da Madeira. Pelo teor das quadras e do texto que as enquadra, dirigido à Rádio Regional de Arouca, creio não violar com estas menções a intimidade do autor nem os seus direitos. Estes textos estão datados de agosto de 2007 quando o autor teria “a bonita idade de 87 anos”. No texto de enquadramento o autor refere “… resolvi fazer umas quadras todas elas feitas da minha autoria sobre a Vila de Arouca, seu concelho, freguesias e lugares onde se pode ver e encontrar coisas muito bonitas e importantes de grande valor para o nosso concelho de Arouca, assim como as suas serras, as suas capelas e santos que existem neste nosso concelho.”
   Agora que estamos a poucos dias do dia mundial da poesia, vivam os nossos poetas!
   E, porque não, um projeto de recolha da poesia popular de Arouca?