12 de março de 2019

A Pensar Alto... A Estrada 225. Lutemos pela sua requalificação.

Requalificar uma estrada no interior, não é só tirar curvas, esconder retas e apagar buracos, é trazer de volta, na maior parte dos casos, a esperança em dias futuros mais risonhos, em dias que acreditamos irão ser de mais progresso. É acreditar de novo que todos os Portugueses merecem as mesmas oportunidades e têm direito a elas.
É considerada por muitos uma espécie de porta dos fundos, outros nem se lembram que existe. E é pena. A estrada 225 que vai de Alvarenga até a um dos nossos vizinhos, Castro Daire, merecia ser olhada de outra maneira. Há muitos anos já que a nossa fixação é olhar para o litoral. Queremos a variante para o Litoral, queremos sair para o mar e sem querer, só por que a isso somos obrigados, porque lá encontramos tudo, esquecemos que somos também cúmplices na desertificação do nosso interior e vivemos praticamente de costas voltadas para aquelas bandas. Temos a estrada para S. Pedro do Sul que por ter nascido tarde, seria só por isso???, não conseguiu atingir os fins que tamanha obra merecia, temos a estrada ou melhor as estrada para Castelo de Paiva  que pararam em tempos distantes, e vivemos assim afunilados com as entradas e saídas que nos levam a todo o lado, sempre na mesma direção, o litoral.
Comecei a frequentar a 225 há muitos anos, por razões de trabalho, e apesar de tudo via por lá movimento, gentes e trabalhos, escolas e empregos, mas aos poucos foi definhando e nem estar sobranceira ao Paiva lhe valeu. Sim, porque é muito próximo desta estrada que corre o Rio Paiva que se deixa desnudar agora ali para os lados de Alvarenga e tanta notoriedade nos tem dado. Mas desde Alvarenga até Castro Daire, podemos descobrir lhe praias fluviais discretas e com muita daquela beleza que tem cheiros de pinhais, flores, e uma água em que apetece deitar e tentar impedir que continue a correr para longe. É graças a essa estrada que o podemos acompanhar e mostrar ao mesmo tempo o quanto gostamos das nossas terras, sejam elas perto ou longe do oceano. Mas quem a fôr percorrendo, por entre as curvas, os buracos e os perigos imensos de uma estrada antiga encontra ainda muito património a merecer visita, muitas paisagens das que não se esquecem com facilidade, pequenas ribeiras com aquele cantar que nos faz suspirar fundo, aldeias completamente desertas só com as memórias e as casas de pedra sem chaves nem ruídos, muitos pastores que se deixam escorregar da enorme e bela montanha que a traz a tiracolo, as escolas primárias e as velhas igrejas, que lá estão a testemunhar as mudanças, mas não querem abandonar os lugares, e encontra se ainda muita gente, gente que merece ser olhada com a dignidade de quem quer morrer onde gosta de viver e muita dela nasceu, viu nascer os filhos, enterrou os mais velhos, e ganhou o sustento. Gente com esperança, a esperança que vai faltando noutros locais. As raízes não são fáceis de arrancar, pelo contrário ganham forças com as dificuldades. E muitos sonham que um dia se olhe para o interior e se lhe dê o valor respetivo. E a estrada é muito importante para que não morra a esperança nem desapareça o sonho. Por isso lutemos. Nós os de Arouca, que gostamos de mar mas também das serras, nós os de Arouca que acreditamos não se deve abandonar o interior nem a natureza, nós os que acreditamos ingenuamente se pode viver sem ter que ir a correr para a cidade mais próxima, nós que acreditamos que o nosso País deve recuperar o equilíbrio, lutemos para que se requalifique esta estrada. Os amigos vêm se nos apertos e temos por lá espalhados  imensos  amigos e gente da nossa e como nós. E ficaremos até beneficiados com uma nova porta que nos pode levar com facilidade a muitos locais, a muitos negócios e a muito mais equilíbrio pelas ligações que permite. Afinal é uma entrada que serve Alvarenga e os seus lugares, é via de acesso para os Passadiços e para a nova ponte, e só por isso significa muito para Arouca. A nossa autarquia deve pressionar e transmitir as importâncias de tal obra e os autarcas de Alvarenga que só tem a ganhar com um acesso mais condigno para as suas gentes e os seus lugares, devem lutar até ao esgotamento por esta obra. Pela obra que se realizou até hoje, a Arouca não nos basta a Variante, queremos também estar com um pé no interior, queremos olhar para a frente e também para trás. Fica o pedido, justo e mil vezes repetido, requalifiquem a 225, ou coloquem um letreiro a indicar futuro deserto, e ficarão as lembranças.