16 de fevereiro de 2019

Os elementos físicos, naturais, humanos e sociais da identidade autóctone e endógena de Arouca

 O facto de não ter ocorrido uma industrialização muito célere, irracional e agressiva, no concelho de Arouca, foi benéfico, porque fez com que muitos dos elementos físicos, naturais, humanos e sociais da sua identidade autóctone e endógena permanecessem até à contemporaneidade. A valorização desses elementos deve ser uma das acções estruturais, de modo racional, científico e sistemático, das instituições de Arouca e dos Arouquenses, porque esses elementos têm muitíssimas potencialidades, grande parte delas ainda adormecidas e por desenvolver, de modo conveniente.
 Meu estimado e saudoso Mestre, o insigne Professor Doutor Mário Murteira, nos inúmeros diálogos que tivemos, insistia (no actual contexto global, em que o Estado português está integrado no espaço político e económico mais vasto da União Europeia) na necessidade de se valorizar a identidade própria de Portugal, ou seja, na necessidade de se valorizar os seus bons e benévolos elementos autóctones e endógenos, porque, como é óbvio, a valorização e o valor dos fenómenos advém, em parte, da qualidade da sua especificidade idiossincrásica e da sua raridade. O Mundo seria muito monótono e desinteressante se o território fosse igual em todas as localidades dos seus continentes...
É claro que existe um sistema axiológico universal, que é absoluto, para todos os seres humanos de todas as nações e que se reporta à sua estrutura ontológica e orgânica (e esse sistema axiológico absoluto e universal são as 7 Leis Noahides da Torá Sagrada do Criador Uno e Absoluto dos Céus e da Terra, Bendito Seja O Seu Nome Sagrado), mas, quando se fala de nações, está-se também a falar de identidade própria, de uma determinada idiossincrasia cultural, cujos elementos bons e benévolos (apurados a partir do padrão absoluto e universal dos valores morais noahides) devem ser valorizados...Tal como deve acontecer, para o caso específico de Arouca, numa direcção em que, como já referi, o impulso de Modernidade reforce, cada vez mais, aquilo que Arouca tem de melhor, em termos autóctones e endógenos, num território que deve ser cada vez mais próspero, ético, sadio e equilibrado, enquadrado no «espaço natural mais vasto de sempre» de Arouca e dos Arouquenses: a presente Área Metropolitana do Porto e a Região Norte, que têm, como capital, a cidade do Porto, que sempre foi a cidade principal de referência de Arouca e dos Arouquenses.
 Esses elementos são, com toda a certeza, uma das melhores riquezas de Arouca e a sua preservação e dinamização serão um indicador de avanço civilizacional e garantia de sucesso para o desenvolvimento acertado do território de Arouca. A esse propósito, convém recordar as palavras do Professor Doutor Robert Aumann, Catedrático da Universidade Hebraica de Jerusalém, numa entrevista publicada no semanário Expresso de 29 de Novembro de 2008, concedida ao jornalista portuense Henrique Cymerman: " Alguém me perguntou, há um tempo, qual é o pior problema que o mundo hoje enfrenta. Não creio que seja a crise económica, mas sim a destruição do meio-ambiente. Milhares de espécies são destruídas todos os anos, desaparecem simplesmente e não as podemos reproduzir. " A referida insistência, com muita razão, de meu estimado e saudoso Mestre, o insigne Professor Doutor Mário Murteira, corresponde a uma forma de resolução desse problema diagnosticado pelo eminente académico e economista, Professor Doutor Robert Aumann, Nobel da Economia de 2005, com quem também tenho alguma ligação institucional, visto que, para dar um exemplo relevante, a valorização e a dinamização das espécies autóctones, domésticas e selvagens, que têm milénios, são um modo de preservar, em termos biológicos, num acto prospectivo de muito longo prazo, um dos melhores elementos identitários de um determinado território e que constituem uma das suas melhores riquezas endógenas, tal como acontece no caso específico de Arouca.