Agradeço desde já o convite por parte deste blog. Irei, ao longo de alguns pequenos textos
abordar o tema da floresta.
A Floresta, organizada ou não, foi durante milénios a fonte primária de energia da
humanidade. Dada sua abundância e fácil aproveitamento esta fonte de energia tem sido
negligenciada em termos de investimento. O investimento efectuado nas últimas duas décadas
nos sectores eólico e solar é de uma grandeza brutal face ao investimento na floresta.
Padrões, regras, legislação, gabinetes e tudo relacionado com aspectos técnicos e burocratas
são de fácil criação e estão perfeitamente definidos. No mudar de mentalidades é que reside a
tarefa hercúlea. Na cultura do povo português, esta mudança de mentalidade face à floresta,
não passa pela regulação, nem pela fiscalização e muito menos pela admoestação mas sim
pela criação de valor monetário e patrimonial ao proprietário florestal e pela garantia de
segurança desse mesmo valor, de forma a garantir que este zelará e investirá na sua
propriedade florestal.
O principal entrave ao investimento na floresta por parte dos proprietários reside no escasso
retorno que esta proporciona face ao elevado risco de perda do capital investido. O investidor
é avesso ao risco, logo vai exigir ciclos de retorno curtos e mitigação dos riscos mais
previsíveis.
Usando uma relação de causa efeito, esta falta de investimento conduz ao desinteresse,
abandono e desordenamento, que por sua vez, levam ao microfúndio, falta de cadastro, falta
de meios de regulação e fiscalização. Todas estas relações são silenciosas e discretas na escala
temporal, sendo visíveis apenas nos mega incêndios que tem ocorrido em Portugal desde 2003.