17 de fevereiro de 2019

A floresta enquanto bem comum - preâmbulo

Agradeço desde já o convite por parte deste blog. Irei, ao longo de alguns pequenos textos abordar o tema da floresta.
A Floresta, organizada ou não, foi durante milénios a fonte primária de energia da humanidade. Dada sua abundância e fácil aproveitamento esta fonte de energia tem sido negligenciada em termos de investimento. O investimento efectuado nas últimas duas décadas nos sectores eólico e solar é de uma grandeza brutal face ao investimento na floresta. 
Padrões, regras, legislação, gabinetes e tudo relacionado com aspectos técnicos e burocratas são de fácil criação e estão perfeitamente definidos. No mudar de mentalidades é que reside a tarefa hercúlea. Na cultura do povo português, esta mudança de mentalidade face à floresta, não passa pela regulação, nem pela fiscalização e muito menos pela admoestação mas sim pela criação de valor monetário e patrimonial ao proprietário florestal e pela garantia de segurança desse mesmo valor, de forma a garantir que este zelará e investirá na sua propriedade florestal.
O principal entrave ao investimento na floresta por parte dos proprietários reside no escasso retorno que esta proporciona face ao elevado risco de perda do capital investido. O investidor é avesso ao risco, logo vai exigir ciclos de retorno curtos e mitigação dos riscos mais previsíveis. 
Usando uma relação de causa efeito, esta falta de investimento conduz ao desinteresse, abandono e desordenamento, que por sua vez, levam ao microfúndio, falta de cadastro, falta de meios de regulação e fiscalização. Todas estas relações são silenciosas e discretas na escala temporal, sendo visíveis apenas nos mega incêndios que tem ocorrido em Portugal desde 2003.