25 de setembro de 2018

Marcador do Tempo

Quando me falaram deste projeto de recuperar de alguma forma o título Defesa de Arouca, agora sob a forma de blogue, nesta nova era da informação e da partilha digital, houve um misto de sentimentos que me surgiu espontaneamente, e que me proponho partilhar convosco neste primeiro contributo para o nosso fórum.
O que logo me surgiu foi a saudade do tempo em que folheava esse jornal e ficava a par das notícias do nosso Concelho. Nascido em Alvarenga, saí muito cedo da minha querida terra para ir estudar para o Seminário, primeiro em Rio Tinto, depois em Coimbra, Aveiro, Alfragide, Madeira, Missões em África e na América... Nunca fui assinante do Defesa, porque não tinha possibilidades de o ser. Mas, sempre que podia, lia o nosso jornal em casa de familiares ou de amigos que também tinham deixado a terra rumo às grandes cidades. E sabia tão bem! Era uma espécie de marcador do tempo que passava, permitia que não ficássemos à margem dos principais acontecimentos de Arouca e suas freguesias e paróquias. A par de outros títulos de imprensa regional, fazia-nos estar perto, mesmo longe. 
Vale a pena lembrar que falamos dum tempo em que não havia redes sociais nem comunicação digital, em que tudo era sempre muito distante e muito menos acessível. Obrigado a quem teve a teimosia de nesse tempo manter vivo esse importante marcador dos tempos arouquenses. 
Foi com surpresa que recebi o convite para fazer parte deste projeto de “ressuscitar” o Defesa de Arouca, agora em formato digital, fruto dos tempos novos que são os nossos. Foi uma surpresa agradável, naturalmente! O projeto é outro, mas mantém-se o espírito de manter estreitos os laços que unem todos os arouquenses, estejam no território do Concelho ou em terras distantes.
Que espero deste projeto? Que seja um olhar construtivamente crítico sobre aquilo que se faz, se vive e se pensa no nosso Concelho; que seja um espaço de partilha dos valores que verdadeiramente contam e que nos mantêm genuinamente ligados à terra que nos viu nascer, valores que transportamos para onde quer que os caminhos da vida nos levem. No que de mim dependa, esta será uma comunidade de partilha, de confronto, de discussão... em busca do bem comum de quantos connosco partilham as mesmas raízes arouquenses.
P. José Agostinho Sousa