10 de setembro de 2018

Elogio da Defesa

   Tenho muitas e muito carinhosas memórias do semanário “Defesa de Arouca”. Quando nasci, já a Defesa era assinada e lida na casa de meus pais havia décadas. Lá em casa pouco mais se lia do que este periódico. E desde pequeno me habituei a recebê-la na caixa do correio a cada 6ª feira. Líamo-la e comentávamo-la.
   As edições iam andando e pousando entre o pial, o banco e a mesa durante algumas semanas. Depois eram destruídas ou passavam a palimpsestos. Todavia, guardei em recortes e li vezes sem conta parte considerável da série “Arouca: subsídios para a sua monografia”, de Simões Júnior, classificada por freguesias e publicada por inícios dos anos 90. Ainda conservo parte. Ali aprendi muito do pouco que sei da história do nosso concelho.
   Depois, na juventude, vivendo já longe de Arouca, ainda publiquei alguns textos na Defesa e tornei-me seu assinante. Entretanto, a Defesa, como quase tudo nesta vida, acabou. Não é nenhum drama. Passaram 10 anos. A vida continuou e a Defesa não se perdeu, porque “verba volant, scripta manent”. Dei comigo há algum tempo a folheá-la de empreitada nas coleções conservadas em Arouca na Associação de Defesa do Património Arouquense e em Lisboa na Hemeroteca Municipal.
   “Defesa de Arouca” e “Em defesa dos interesses de Arouca e dos Arouquenses” são afirmações claramente programáticas. Recuperar o seu espírito e afirmá-lo com coerência através da escrita implica assumir uma causa e uma militância: escrever (agir pela palavra) em defesa dos interesses dos outros (de Arouca e dos Arouquenses) e não dos interesses próprios. Conseguir fazê-lo é um desafio, que lanço a mim próprio em relação aos textos que vier a publicar nesta plataforma. Um desafio que, se mo permitem, estendo aos demais colaboradores deste projeto.