29 de setembro de 2018

Grupos Folclóricos e Etnográficos Arouquenses

Há 74 anos, «um dos números que mais foi apreciado e despertou a curiosidade do público que, em grande número, assistiu à festa que se realizou conjuntamente com a «Feira das Colheitas» foi, sem dúvida, a exibição dos ranchos regionais», como então noticiou a Defesa de Arouca.

Foi aí, sobre o improvisado estrado levantado na vila, que os, não menos improvisados, primeiros grupos folclóricos de Arouca deram os primeiros passos e nestes se inspiraram as formações que se lhe haveriam de juntar e suceder nas edições seguintes. Santa Eulália, Chave, Rossas, Moldes e Canelas foram as freguesias que organizaram os primeiros grupos. O mais genuíno e inspirador, no entanto, terá sido o grupo do Merujal, pequeno lugar da freguesia de Urrô, então isolado lá no alto da serra da Freita.

Hoje, pese embora já não com a vitalidade de há pelo menos trinta anos, quando a juventude núbil aí tinha uma das poucas oportunidades para os seus devaneios, encontros e divertimentos, de que a dança lúdica era a primeira e mais apropriada aproximação dos corpos, mas também ainda longe do fim há muito vaticinado, a tradição folclórica está ainda muito viva em todo o concelho de Arouca.

Elementos do Conjunto Etnográfico de Moldes, por Carlos Belém
Há 15 anos, quando elaborei o pequeno Catálogo de Folclore Arouquense, eram doze as formações existentes e estava a surgir o Rancho Folclórico Infantil e Juvenil de Mansores. Entretanto, são já casadoiros, mas persistentes, os rapazes e raparigas de Mansores que inauguram o palco desta edição da Feira das Colheitas, seguindo-se-lhe o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Santa Cruz de Alvarenga, o Rancho Folclórico de Provesende, o Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Canelas”, o Rancho Folclórico “As Lavradeiras de Mosteirô”, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Arouca, o Conjunto Etnográfico de Moldes de Danças e Cantares Arouquenses, o Rancho Folclórico Juvenil de Lourosa de Matos e o Grupo Etnográfico de Danças e Cantares de Fermêdo e Mato. Um total de nove Grupos, volvidas mais de sete décadas sobre a constituição das primeiras formações. Todos eles, muito mais que folclore, muito mais que meros Ranchos. Muita etnografia, muito traje e adorno, muita ruralidade, muita riqueza, muito de nós, dos nossos antepassados e da nossa terra.

Por isso, e em face das muitas e diferentes oportunidades, do leque de distracções, ocupações de ócio e labor, e alegadas faltas de tempo que caracterizam os nossos dias, esta realidade é digna de destaque e homenagem. Tanto mais quando, diz e desdiz bem do que há muito ficou escrito pelo autorizado etnomusicólogo Virgílio Pereira: «O cancioneiro de Arouca é o mais significativo do país. Vocês, arouquenses, não sabeis a riqueza folclórica que tendes nos cantos populares da vossa gente rural, espécies raras dos velhos «fabordões» e «gymeis»».

Pois, pelo menos estes Arouquenses, resilientes, dedicados e apaixonados, sabem! Bem hajam, por isso!