17 de setembro de 2018

Guia turístico para não turistas

   Arouca é hoje uma terra fortemente vocacionada para o turismo. Já o era no passado, mas nunca como nos dias de hoje a vertente turística teve tanta importância na economia e sociedade Arouquense. Arouca é hoje também de quem nos visita e a descobre e já não é só nossa. Os recantos escondidos e desconhecidos, os pequenos segredos da nossa gastronomia, as praias fluviais menos conhecidas, os trilhos mais escondidos são cada vez mais escassos. Escrevo-o não com qualquer pendor pejorativo mas, sim, como uma constatação.
   Ainda assim é possível, hoje, ser-se turista na própria terra sem se cruzar com as centenas de turistas que nos visitam. E, por isso, esta é um sugestão de guia de fim-de-semana por uma Arouca menos turística.
   - Sábado: Pequeno almoço no Alpha 5, onde os funcionários de longa data “Domingos” ou ”Graveto“ nos servem um café e um pastel de nata com canela, enquanto lemos as últimas notícias do jornal comprado no Quiosque do Cruz, mesmo em frente. Para os amantes do desporto uma corrida ou um percurso de bicicleta pelo vários trilhos, - infelizmente ainda não oficialmente traçados e sinalizados,  mas que centenas de Arouquenses percorrem todas as semanas -, ou, então, algo mais calmo como uma caminhada pelo perímetro urbano onde nos cruzamos com várias casas brasonadas e cheias de história, quiçá pela "Vila no meu Pé" tão interessantemente conduzida pelo meu amigo Ricardo Oliveira.
   Após um banho rápido, seguimos para a freguesia de Moldes, mais propriamente para o lugar do Pedrogão, onde a família Quaresma nos aguarda sempre com as suas inigualáveis iguarias, de que se destacam as maravilhosas trutas de rio.
Feita a digestão, e se o tempo o permitir, rumamos ao rio Paivô, não ao Paiva mas sim ao Paivô, e, neste particular, ao recém restaurado açude da Ponte de Telhe, que será, certamente, uma opção que não deixará ninguém defraudado.

   Para o lanche ajantarado, aconselha-se o regresso à vila e, especialmente, à Casa Testinha, onde as “virgens“ ainda são puras e têm o sabor de antigamente, a deixar água no bico para uma dose do melhor frango frito do mundo, acompanhada por uma garrafa de vinho verde da Quinta de Santa Maria do Monte. Se o tempo ajudar, meta-se tudo numa cesta e suba-se ao monte da Senhora da Mó, para saborear a merenda e contemplar o sempre fascinante pôr-do-Sol.
   - Domingo: Acorde e dirija-se aos Passadiços do Paiva, mas, desta vez, não pare. Continue até Alvarenga, aonde no lugar de Trancoso, pode tomar o pequeno almoço n'A Brasileira, e sentir, com mais propriedade, porque era desta freguesia o seu fundador - desta, e das bem mais famosas que fundou, entre outras cidades, no Porto e em Lisboa - a história deste café e do seu fundador. Dirija-se, depois, até ao alto do monte de São Pedro passando pela carreira de moinhos. Alvarenga é a capital do gado Arouquês no concelho de Arouca e facilmente avistamos estes animais a pastar livremente em redor do Marco de São Pedro Velho (o ponto mais alto do concelho). Atravesse toda a zona Este do concelho, de Norte para Sul, passando daqui por Sobral, Meitriz e Janarde e pare somente em Regoufe, onde poderá reservar (por marcação) o almoço no Mineiro, aonde poderá saborear o sempre delicioso cabrito de monte, dos nascidos e criados nesse mesmo lugar.
   Feita a digestão, rume ao antigo complexo mineiro de Regoufe e tente saber mais sobre a história peculiar da exploração mineira em Arouca. O final de tarde passará obrigatoriamente pela Portela de Moldes, aonde o café do mesmo nome não se folga a preparar-nos os seus já afamados petiscos, sempre bem regados a gosto. À noite, opte por jantar no centro da vila, na Assembleia ou na Tasquinha da Quinta. Estes restaurantes fazem já parte do roteiro gastronómico turístico de Arouca, pelo que, num domingo à noite, dar-lhe-ão, certamente, a possibilidade de desfrutar com mais calma da verdadeira posta Arouquesa, sem as típicas filas de fim de semana.