São muito frequentes as grandes imprecisões sobre Arouca, difundidas nos «mass media» de impacto nacional, sobretudo dos que estão localizados em Lisboa, que padecem de um certo ultra-centralismo autista, petulante e provinciano de Lisboa e arredores, que, na minha sincera opinião, não é uma boa suposta capital para o país como um todo, em parte, precisamente, devido a esse ultra-centralismo político e administrativo, que é mesmo excessivo, auto-centrado e auto-referente e que, portanto, não é nada benéfico para os cidadãos de Portugal, bem como para o desenvolvimento sadio, equilibrado e justo de todas as regiões do Estado português... Algumas dessas imprecisões são mesmo muito irritantes, dado que são erradas e são repetidas com frequência e podem ser aceites, como verdadeiras, por uma parte considerável das pessoas que as acolhem.
Uma delas, entre outras, prende-se com a nomeação, num tom discriminatório e pouco elegante, que se faz do Futebol Clube de Arouca (e, de modo concomitante, dos seus adeptos, sendo a maioria deles Arouquenses), como o «clube da Serra Freita», o «clube serrano», «os serranos» ou «os aveirenses»... Como se, em Lisboa, também não existissem colinas e montanhas e como se não existissem serras no distrito de Lisboa!... A equipa de futebol do Estoril, que está sediada em Alcabideche, no concelho de Cascais, distrito de Lisboa, está tão próxima da Serra de Sintra (que se localiza nos concelhos de Cascais e de Sintra), como a Vila de Arouca da Serra da Freita. Talvez até mais próxima... Porque é que também não nomeiam, de modo análogo, a equipa de futebol do Estoril como «o clube da Serra de Sintra», o «clube serrano» ou também como «os serranos»?... Aí seriam, como é óbvio, «os serranos da Serra de Sintra» e não «os serranos da Serra da Freita»...
Como se sabe, a Vila de Arouca não se localiza na Serra da Freita, mas sim no Vale do Rio Arda, um vale fértil de grande dimensão onde nasce um dos afluentes estruturais do rio Douro, na Bacia Hidrográfica do rio Douro. A serra que está mais próxima da Vila de Arouca não é a Serra da Freita, mas sim a Serra da Senhora da Mó e o Futebol Clube de Arouca, que está sediado na Vila de Arouca, no Vale do Rio Arda, que representa o concelho de Arouca como um todo, não pode ser vinculado unicamente a uma, entre as várias serras que existem no concelho de Arouca, nem muito menos somente a uma que não é a mais próxima da Vila de Arouca e que não é exclusiva do concelho de Arouca. E, se Arouca tem várias serras, também tem vários vales, vários planaltos e várias meias-encostas, que sempre tiveram mais importância que as serras, como é o caso, precisamente, do Vale do Rio Arda, que tem uma centralidade muito maior que a Serra da Freita, no contexto geral do concelho de Arouca. Para além disso, repetimos, a Serra da Freita não é exclusiva de Arouca, porque também se distende, numa parte considerável, aos concelhos de Vale de Cambra e de São Pedro do Sul.
Seria muito mais adequado e verdadeiro, nesse sentido, apelidar o Futebol Clube de Arouca como o «clube do Vale do Rio Arda» ou o «clube do Vale do Arda». Embora alguns desses «mass media» nacionais já nomeiem (e aí correctamente...) o Futebol Clube de Arouca de «clube nortenho» ou de «emblema nortenho».
Assim, a denominação de «aveirenses», para uma equipa nortenha de um concelho que se localiza apenas a cerca de 35Km, por estrada, da cidade do Porto, em plena Área Metropolitana do Porto, também é muito irritante, porque é muito errada. Os Arouquenses não são, como nunca foram, Aveirenses, para além da sua ligação a Aveiro ter sido sempre escassa e fugaz, ao passo que, em relação ao Porto, a ligação dos Arouquenses sempre foi muito forte e, no futuro, será ainda mais forte. Tanto mais que o insigne Futebol Clube de Arouca encontra-se, desde a sua génese, fortemente ligado ao invicto Futebol Clube do Porto.
Ver, pf: Futebol Clube de Arouca