18 de novembro de 2018

A outra "senhora"

O concelho de Arouca fica geograficamente situado numa zona mais ou menos equidistante a três capitais de distrito: Aveiro, Porto e Viseu.
Se geográfica, administrativa e historicamente o concelho de Arouca esteve e está arrolado ao distrito de Aveiro por outro lado e numa perspetiva de fluxos sociais, religiosos e comerciais o distrito do Porto é desde há muitas décadas a referência para os Arouquenses (excepção da zona mais a Este do concelho que em termos religiosos está arrolada à diocese de Lamego).
Viseu é uma capital de distrito que fica do "lado de lá" da Freita e a importância que tem para Arouca e os seus diferentes fluxos vêm-se esbatendo ao longo dos tempos.
São Pedro do Sul é um concelho limítrofe de Arouca pertencente ao concelho de Viseu. A via rodoviária que liga Arouca a São Pedro Sul foi, num passado não muito distante, assunto de várias acções e desenvolvimentos políticos. Outrora terá tido quase tanta importância como a "estrada" que nos ligaria ao litoral e que ansiosamente ainda hoje aguardámos. É curioso perceber que a importância desta via para os arouquenses acompanhou a realidade do país e a sua exacerbada "litoralização". Arouca, no que tem que ver com esta via, desempenhou medianamente o seu papel. Abriu-se, asfaltou-se e construiu-se uma nova via (com algumas novas pontes) que ligaram praticamente o centro urbano da vila ao limites do concelho na freguesia de Cabreiros. Esta obra, já do século passado, ficou parada e estagnada ali por aquela zona serrana durante vários anos. Há cerca de três anos o município vizinho melhorou um pouco as suas vias, nomeadamente, o troço que desce da aldeia da Coelheira para Santa Cruz da Trapa e mais recentemente um pequeno troço que permite evitar o afunilado centro da aldeia do Candal. 
Associado ao atrás descrito há um facto inegável: São Pedro do Sul possui um dos maiores complexos termais da Europa e o maior de Portugal. Todos os dias, ao longo de todo o ano, milhares de utentes das termas fazem os seus tratamentos termais matinais e são depois "orientados" e "aconselhados" pelas unidades hoteleiras a visitarem em excursões os territórios vizinhos. Viseu e Aveiro são os principais destinos destes milhares turistas. E porque não vêm estes turistas também até Arouca, que tão bem tem sabido capitalizar o seu turismo nos últimos anos? 
A resposta principal é uma: por causa da estrada! 
Primeiramente os autocarros não passavam no afunilado centro do Candal; ultrapassado este obstáculo, continuam a existir alguns desincentivos para que este desiderato se cumpra. O troço que liga o alto da Coelheira ao Candal passando pela Póvoa das Leiras continua a ser muito estreito, com mau piso e extremamente sinuoso, sendo mesmo perigoso para autocarros de turistas.
Poderíamos nesta altura pensar que isto são obras e responsabilidades da autarquia do concelho vizinho, mas nesta fase e com os últimos desenvolvimentos da rede rodoviária do concelho não deveria esta razão ser impeditiva para que se procurem estabelecer parcerias inter-concelhias neste âmbito.
Fica a reflexão e ficam por lá os milhares de turistas que poderíamos atrair para cá.