17 de novembro de 2018

Algumas notas a propósito do dia mundial dos pobres


    A Igreja Católica assinala amanhã, dia 18, o II Dia Mundial dos Pobres. A iniciativa de assinalar este dia foi lançada pela primeira vez pelo Papa no ano passado. A sua mensagem para este II Dia Mundial dos Pobres está publicada aqui.
    Há quem pergunte: como podem os membros da Hierarquia da Igreja falar de pobres, se vivem muitas vezes envolvidos em riquezas? Lembro-me de um membro do clero católico, uma vez interpelado sobre a riqueza e o esplendor (os luxos) do Vaticano e o porquê de se não venderem para se distribuir o produto pelos pobres, responder afirmando que a alma humana precisa desses luxos.
    Na edição da Defesa de Arouca de 16 de maio de 1936, na p. 3, há uma crónica da visita do bispo do Porto, D. António Augusto de Castro Meireles, a Mansores, nos dias 5 e 6 de maio desse ano. O correspondente remata a crónica dizendo que o bispo, ao despedir-se terminou por desejar a paz nos lares “onde nunca falte um caldinho quente a fumegar e um bocadinho de pão saboroso”. A linguagem é da época, não restam dúvidas.
    Sobre os pobres e a pobreza não sei falar. Como cristão, interpela-me a consciência ler nos atos dos apóstolos que “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações. (…) Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um.” Só vendo neste “vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos” uma metáfora não me posso acusar.
    Lembro a reflexão de Margarida Rocha “Pobreza em Arouca - Sim ou Não?”, pulicada neste blogue no passado dia 17 de outubro, precisamente há um mês, na ocasião em que se assinalou o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.