1 de agosto de 2019

Uma certa saloiada de Lisboa e arredores:

-Em torno da presente polémica que envolve o secretário de Estado da Protecção Civil e respectivo adjunto, que são naturais de Arouca

Relativamente à presente polémica que envolve o secretário de Estado da Protecção Civil e respectivo adjunto, aquilo que, como é óbvio, deve acontecer é que sejam, de modo justo e legal, apuradas responsabilidades e que, nesse processo, tudo seja resolvido, em termos institucionais, de modo justo e legal, para bem do Estado português e de todos os Portugueses.
No entanto, não posso ficar indiferente a muitos comentários e textos de opinião pejorativos e discriminatórios que, no presente, se lêem e se vêem nos «mass media» e na internet relativamente ao facto das pessoas em questão serem de Arouca e ao facto do adjunto ter sido padeiro!...Sobretudo, comentários e textos de opinião provenientes de uma certa saloiada ignorante e petulante de Lisboa e arredores...Falam de Arouca como se Arouca fosse uma espécie de «município de Terceiro-Mundo» de gente rústica e troglodita, auto-interpretando-se como se estivessem numa capital avançada de um país avançado e central do continente europeu: Lisboa!!!!!!!
Conhecendo eu bem Lisboa e arredores como conheço (onde morei vários anos unicamente por razões de formação académica e de investigação científica, onde adquiri alguns graus académicos e onde fui investigador da UNL, entre os anos de 1998 e de 2004 (da era comum)), lamento bastante esses comentários que denotam o típico provincianismo e a  ignorância petulante de uma certa saloiada de Lisboa e arredores, que, infelizmente e focada em termos gerais, sempre foi uma má capital para o País como um todo e que é periférica, quer no contexto ibérico, quer no contexto europeu, com o seu perfil, estruturalmente, sub-urbano e alienante, com falta de qualidade urbana e falta de qualidade ética e cívica, que sobrevive, em grande parte, graças ao ultra-centralismo ultra-parasita que exerce sobre o resto do País, etc.
Em alguns departamentos das instituições universitárias públicas que frequentei em Lisboa (que são das principais, a nível nacional), assisti a várias atitudes e noções típicas desse provincianismo saloio e auto-referente de alguns lisboetas e 'lisboetados' que, apesar de terem erudição nalguns assuntos e matérias, revelam também a sua grande ignorância em relação a outros assuntos e matérias. Podem-se mesmo considerar uma espécie de «ignorantes com erudição». 
Uma delas não resisto em contar, porque provoca grandes gargalhadas, devido, precisamente, a essa grande ignorância petulante:
-num pleno e típico seminário de doutoramento, o principal catedrático de um departamento dizia, aos doutorandos, que, quando escolhessem o orientador, se fosse o Professor Doutor José Madureira Pinto eles sabiam bem quem era. Estava logo identificado pela sua qualidade e relevância na área das Ciências Sociais... Agora, se fosse, antes, «um ‘fulano de tal' de Oliveira de Azeméis» (foi essa mesma a expressão do professor, enunciada em tom pejorativo e discriminatório, quer em relação a Oliveira de Azeméis, quer em relação ao facto do suposto orientador ser de Oliveira de Azeméis), eles não saberiam quem era e não poderia ser, provavelmente, o orientador da Tese!...
Ou seja, ele referia-se a Oliveira de Azeméis de forma similar ao modo como os comentadores acima referidos, no presente, falam de Arouca, como se Oliveira de Azeméis fosse uma espécie de «município de Terceiro-Mundo» de gente rústica e troglodita!...Ou seja, ele opunha a qualidade académica e científica do Professor Doutor José Madureira Pinto (que, de facto, tem mesmo qualidade académica e científica) ao «‘fulano de tal’ de Oliveira de Azeméis», que seria, logo, a priori, visto como um orientador inadequado e, provavelmente, medíocre, o que certamente se deveria, em grande parte, na óptica deles, ao facto desse possível orientador ser de Oliveira de Azeméis!..
Mas (é mesmo uma situação irrisória...) mal ele sabia que o Professor Doutor José Madureira Pinto é natural de São João da Madeira, onde nasceu, residiu e trabalhou, concelho que é vizinho («paredes-meias») de Oliveira de Azeméis!...E que, precisamente, São João da Madeira pertenceu, durante séculos, ao concelho de Oliveira de Azeméis. Só no ano de 1926 (era comum) São João da Madeira se autonomizou do concelho de Oliveira de Azeméis. O nortenho e sanjoanense Professor Doutor José Madureira Pinto é, de facto, na realidade, um académico, economista e sociólogo de valor, catedrático jubilado da FEP-UP e primeiro doutorado em Sociologia por uma universidade portuguesa, cujo arguente principal da sua Tese foi o Professor Doutor Mário Murteira, meu estimado e saudoso Mestre.
É mesmo para dar grandes gargalhadas, perante essa situação!...E este exemplo muitíssimo simbólico, ainda para mais vindo de um catedrático de uma das principais universidades públicas sediadas em Lisboa, revela bem a grande ignorância petulante de uma certa saloiada de Lisboa e arredores relativamente ao resto do País, mesmo em relação a partes do País que são das mais industrializadas e centrais, como é o caso, precisamente, de Oliveira de Azeméis.
Como se sabe, o concelho nortenho de Oliveira de Azeméis é, tal como Arouca, um dos concelhos da Área Metropolitana do Porto e do distrito de Aveiro (onde estão sediadas, entre outras, duas das melhores e das principais instituições universitárias públicas do País: a Universidade do Porto e a Universidade de Aveiro) e tem a particularidade de ser dos mais industrializados e mais produtivos do País, concentrando, sobretudo, as suas actividades económicas nos sectores da metalurgia, da metalomecânica, do plástico e do calçado, que se localizam em várias zonas industriais, sendo de realçar as de Loureiro, de Nogueira do Cravo, de Pindelo, da Costa Má, de Cesar e de Fajões, etc.

Perante essas atitudes ignorantes e petulantes de uma certa saloiada de Lisboa e arredores, é mesmo oportuno citar e ouvir o refrão da letra de uma música célebre do grupo lisboeta ‘Ala dos Namorados’:

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
A Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar

O autor da letra é João Monge, que é um poeta de talento e de valor, sendo «uma espécie de Carlos Tê» de Lisboa e arredores. Considerando não apenas essa letra, mas, integralmente, a obra numerosa e de muita qualidade de João Monge, também se prova um facto, de modo simbólico: que, em Lisboa e arredores, há também pessoas de valor e com talento e não apenas uma certa saloiada ignorante e petulante. 
João Monge, o letrista habitual do grupo e um dos seus fundadores, tem mesmo talento e valor e, curiosamente, amanhã, pelas 21h30m, o grupo 'Ala dos Namorados' vai estar no centro da vila de Arouca, na Praça Brandão de Vasconcelos, em mais um concerto «Sons da Praça», acompanhado pela Banda Musical de Arouca. 

P.S. - Relativamente ao facto dessa certa saloiada ignorante e petulante de Lisboa e arredores ironizar com o facto do adjunto do secretário de Estado da Protecção Civil ter sido padeiro, estou a lembrar-me, no contexto desse tipo de problemática, que um dos matemáticos e académicos mais notáveis da História da Humanidade, que tenho a honra de conhecer e de ser muito amigo, o Professor Doutor Eliyahu Rips, catedrático da Universidade Hebraica de Jerusalém, quando, na década de 70 do século XX (era comum), emigrou da sua Letónia natal para Israel, trabalhou, durante uns tempos, numas bombas de gasolina, em Israel. E o facto de ter trabalhado numas bombas de gasolina (embora não por necessidade material, mas por querer colaborar na institucionalização do Estado de Israel) não impediu que fosse e que seja um dos matemáticos e académicos mais notáveis da História da Humanidade, com um prestígio científico e académico inigualável.