6 de maio de 2019

Elementos 'cripto-judaicos' e 'cristãos-novos' em Arouca

Há uns dias atrás, em diálogo com uma familiar próxima, abordámos vários elementos da cultura ‘cripto-judaica’ e ‘cristã-nova’ que se encontram em Arouca. Habitualmente, grande parte das pessoas não se dá conta da presença desses elementos, que se perpetuaram, durante séculos e séculos, no inconsciente colectivo arouquense e no território arouquense, mas que são elementos relevantes em Arouca, à semelhança daquilo que acontece por todo o Norte de Portugal e pela Galiza. Constata-se que os Judeus Sefarditas Ocidentais (distintos dos Judeus Sefarditas comuns) que emigraram para as várias partes do Mundo, sobretudo devido ao estabelecimento da Inquisição em Portugal (estabelecida a partir do Sul e do Centro do País), eram provenientes do Noroeste da Península Ibérica e tinham e têm os sobrenomes típicos das famílias brasonadas do Norte de Portugal e da Galiza. A Cultura Sefardita Ocidental (dos 'Sefarad Tahor') é uma cultura endógena milenar do Noroeste da Península Ibérica.
Capela da Misericórdia - Arouca
Fonte: SCM Arouca
Um dos elementos claros de herança dessa cultura ‘cripto-judaica’ e ‘cristã-nova’ é a congregação da Misericórdia de Arouca (à qual, desde a sua génese, pertenceram muitos familiares meus, ao longo dos séculos), que, à semelhança do que acontece em muitos locais do Norte de Portugal, é uma típica antiga instituição de origem ‘cripto-judaica’ e ‘cristã-nova’, constatando-se que muitas das congregações da Misericórdia (que tinham e têm uma função de assistência social e de políticas sociais, que é um acto típico da prática religiosa do Judaísmo) eram antigas sinagogas, propriedade dessas famílias brasonadas judaicas ou 'cripto-judaicas'. A ‘procissão dos fogaréus’ que ocorre, em Arouca, na altura da Primavera, que liga a capela do Espírito Santo (situada para os lados do Calvário e de Crasto) à capela da Misericórdia na vila de Arouca, é um típico antigo culto ‘cripto-judaico’, que tem, em termos estruturais, elementos católico-romanos exteriores, mas, na realidade, é um ritual muito antigo, que comemora a Festa judaica de Pessach. Ou seja, a roupagem é católico-romana, mas trata-se da apropriação, pela Igreja Católica Romana, de um antigo culto 'cripto-judaico' muito antigo. Outro elemento presente desse 'cripto-judaísmo' em Arouca, que ficou como prática no inconsciente colectivo, é o facto de, ainda hoje, nessa altura da Primavera, as famílias limparem as casas de modo mais intenso e completo, sendo um claro ritual de origem 'cripto-judaica' muito antigo, próprio da altura da Pessach.
São apenas alguns elementos em Arouca, entre muitos outros que existem, provenientes dessa grande cultura milenar e desse povo notável, nobre e insigne ao qual eu pertenço e do qual eu descendo: o Povo Judeu. Na contemporaneidade, existem muitas provas factuais e irrefutáveis da validade científica do sentido originário do Criacionismo Hebraico. Algumas delas impressionantes!!!!!! O Judaísmo Ortodoxo e Haredi «Shomer Torá uMitzvot» é uma prática do presente e do futuro, a escatologia humana direccionada para a Era Messiânica (que vai ocorrer no futuro, liderada pelo Moshiach Ben David, a partir de Jerusalém, com a construção do Terceiro Templo) é a escatologia judaica, cujo sistema axiológico sagrado, a Torá (que é o sistema axiológico perfeito do Próprio Criador dos Céus e da Terra, Bendito Seja O Seu Nome Sagrado) é também para todos os ‘não-judeus’, para todos os seres humanos, para todas as nações, com a prática das 7 Leis de Noé : os valores morais noahides.
A esse propósito, no próximo mês de Junho, em Jerusalém – Terra de Israel, vai ocorrer a Quarta Conferência Anual Noahide (para a qual fui convidado pelo rabi haredi Moshe Perets), que é uma iniciativa muitíssimo importante, porque, de facto, é muito necessário e muito urgente que todos os Estados, perante a gravíssima e preocupante crise de valores que se verifica na actualidade em Portugal, na Europa e no Mundo, ensinem, de modo consistente, às várias gerações, nos sistemas de ensino e de educação, os valores morais noahides, que são absolutos, perfeitos, sagrados, bons e benévolos e que se reportam à estrutura ontológica e orgânica de qualquer ser humano.