29 de maio de 2019

E, mais uma vez, se comprova que Arouca não deveria estar integrada no distrito de Aveiro...

As regiões gastronómicas identitárias de Portugal são as das tradicionais províncias de Portugal. Arouca pertence à região gastronómica do Entre-Douro-e-Minho e à região gastronómica do Douro Litoral. E pertence, em termos mais latos e gerais, à região gastronómica do Norte de Portugal.
No concurso 7 Maravilhas Doces de Portugal®, Arouca vai concorrer com os doces 'barrigas de freira' e 'boroa de abóbora', num concurso em que, ao todo, são 140 doces, 7 por distrito e região autónoma. Os doces arouquenses concorrem pelo distrito de Aveiro.
Este concurso tem essa gravíssima lacuna dos doces serem apresentados por distrito, visto que os distritos de Portugal não constituem regiões gastronómicas identitárias. A gastronomia tradicional e endógena de Portugal formou-se vários séculos antes dos distritos serem constituídos no ano de 1835, sendo os distritos portugueses as divisões mais absurdas, mais caóticas e mais arbitrárias do Estado português e que contribuem, em muito, para a alienação e para a anarquia territorial de Portugal. É o que acontece em Arouca: os Arouquenses não estão, EM QUASE NADA, ligados a Aveiro, mas estão, EM QUASE TUDO, ligados ao Porto, que se localiza, em linha recta, a cerca de 22 Km das fronteiras noroeste do concelho de Arouca.
E, mais uma vez, se constata uma grave lacuna estrutural que tem de ser resolvida, em Arouca. O Executivo da Câmara Municipal de Arouca, bem como os demais órgãos autárquicos, os Arouquenses e as várias instituições de Arouca têm de se empenhar em que Arouca passe, em termos administrativos, definitivamente, para o distrito do Porto, se os distritos se mantiverem, à semelhança daquilo que também deve acontecer com Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Espinho. Mas também Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis e Castelo de Paiva.
Bem como têm que se empenhar em que os vários tipos de instituições de Arouca, quer sejam do Estado quer sejam privadas, sempre se insiram, em termos institucionais e legais, nas divisões e nas instituições mais vastas protaganizadas pelo Porto e pelo Norte de Portugal.

Como nos informa, em termos históricos, o colaborador deste blogue António Brandão de Pinho, já, em 1860, era "apresentado um projecto de lei com vista a serem anexados ao distrito administrativo do Porto, os concelhos de Cinfães, Paiva e Arouca, então pertencentes aos distritos de Viseu e Aveiro." A constatação dessa grave lacuna estrutural é já, portanto, antiga e surgiu em 1860, apenas 25 anos depois de Arouca ter sido integrada no distrito de Aveiro e dos distritos terem sido criados. Já nessa altura, havia, portanto, a clara consciência que Arouca estava muito mal integrada no distrito de Aveiro. E de facto, na verdade, na realidade Arouca está mesmo muito mal integrada no distrito de Aveiro.

É mesmo muito necessário que Arouca, se os distritos se mantiverem, passe, com muita urgência, para o distrito do Porto, definitivamente. Para bem de Arouca e para bem dos Arouquenses. Muito tempo antes de ter sido integrada, de modo arbitrário, no ano de 1835, no distrito de Aveiro, Arouca já pertencia, desde o início da nacionalidade de Portugal, durante cerca de 7 séculos, em termos autóctones e endógenos, ao Entre-Douro-e-Minho e à Região Norte, que têm, como cidade central e principal, a cidade do Porto, que sempre foi o espaço urbano principal de referência para os Arouquenses. A ligação dos Arouquenses com o Porto, para além de ser uma ligação identitária, é também uma ligação de empatia, de afinidade e de pertença. No Porto/Grande Porto, moram milhares de Arouquenses e de descendentes de Arouquenses.