17 de maio de 2019

Ainda a propósito dos elementos 'cripto-judaicos' e 'cristãos-novos' em Arouca

Num dos meus textos anteriores, referi aquilo que é um facto: a presença de muitos elementos da cultura «cripto-judaica» e «cristã-nova» em Arouca. Para dar alguns exemplos imediatos: o primeiro rabi das Américas, Isaac Aboab da Fonseca, nasceu em Castro Daire no ano de 1605 da era comum, onde viveu um período considerável da sua vida, muito perto de Arouca...Uma parte da família do poeta Fernando Pessoa, da Quinta do Castelo, de Fermêdo - Arouca, era de origem «cripto-judaica» e «cristã-nova», como o próprio poeta Fernando Pessoa descreve na sua célebre nota biográfica, ao referir a sua origem familiar num «misto de fidalgos e judeus»...
Ontem, continuando esse diálogo com essa familiar próxima, falávamos, também, do facto de grande parte toponímia do território de Arouca ser em Hebraico perfeito, como «Alhabaite» (originalmente, era com 'b' e não com 'v' e os Arouquenses, à semelhança de quase a totalidade dos Nortenhos, pronunciam o nome com 'b' e não com 'v'), em que «Baite» significa, em Hebraico perfeito, «casa» e «Alha», que se pronuncia de modo rápido em Português, é um decalque fonético aportuguesado de «Aliá», que significa subida, colina, monte, altura e nobre, insigne. «Aliá», que significa ‘subida’, é também o modo religioso como se designa quando os Judeus (Povo ao qual pertenço e do qual descendo) retornam para a Terra de Israel, onde se estabelecem.
Casa da Alhabaite, no lugar da Alhabaite, em Arouca
Fonte: olhares.sapo.fotografia on-line


Como se sabe, a localidade da «Casa da Alhabaite» encontra-se numa subida e localiza-se num pequeno monte, numa colina, na zona de transição entre o Burgo e a vila de Arouca, no lugar da Alhabaite. O Hebraico, que conheço relativamente bem, é uma língua absoluta e divina, com uma racionalidade absoluta, quântica, dinâmica e impressionante!!!!!!! Não tem a finitude limitada das línguas europeias, nem a oposição entre as ‘palavras’ e as ‘coisas’: «Debarim» é um termo hebraico que, na Língua Hebraica, designa, simultaneamente, as «palavras» e as «coisas». No Hebraico, um fonema gera uma infinidade de conceitos, que se interrelacionam de modo dinâmico e que incorporam a realidade, os factos, as coisas. «Alhabaite» deriva do Hebraico e significa casa da colina, da subida, do monte, mas também, simultaneamente e de modo dinâmico, casa nobre, casa insigne. Ou seja, o conceito padronizado incorpora uma série de conceitos que descrevem a integridade do fenómeno: o facto da casa ser nobre e ser de família nobre e o facto da casa se encontrar próxima de uma colina e numa subida.
A insigne nobreza portuguesa das famílias troncais do Noroeste Peninsular tem origem na cultura judaica sefardita antiga milenar, que é a cultura dos valores vitais, benévolos, absolutos e sagrados do Próprio Criador dos Céus e da Terra e que é uma cultura endógena do Noroeste Peninsular, que foi perseguida pela malvadez insane e arbitrária da Inquisição/Tribunal do Santo Ofício, gerada e suportada pelo Sul e pelo Centro do País, romanista-latinista, das tumbas e das trevas medievais malévolas e insanes. O Catolicismo Romano/Igreja Católica Romana nada, mas nada e em nada, tem que ver com o sentido originário da Torá Hebraica e com o Judaísmo Ortodoxo e Haredi «Shomer Torá uMitzvot». O Catolicismo Romano/Igreja Católica Romana está nos extremos-antípodas do Judaísmo Ortodoxo e Haredi «Shomer Torá uMitzvot».
Grande parte das congregações das Misericórdias do Norte de Portugal eram antigas sinagogas, que eram propriedade dessas famílias brasonadas do Noroeste Peninsular. Um desses melhores exemplos é a capela da Misericórdia de Vila Real, localidade de onde era originário o Dr. Ângelo Miranda, que é o célebre médico transmontano que, durante o século XX da era comum, se tornou arouquense e que era descendente de Judeus religiosos praticantes, de uma família brasonada. E é com muita comoção que, no caso específico de Arouca, ao ter folheado e estudado, durante anos e anos, os estudos historiográficos do Dr. Simões Júnior, avô do Professor Doutor Manuel Sobrinho Simões (que tem também origem familiar, pelo lado materno, em Judeus religiosos praticantes da Beira Baixa), verifico, com muita comoção repito, que, ao longo dos séculos, muitos familiares meus dinamizaram e presidiram à congregação da Misericórdia de Arouca desde o seu início e a comoção é ainda maior quando verifico que transporto e incorporo os sobrenomes desses meus familiares ancestrais, alguns dos quais emigraram para as Américas, à procura de Liberdade. E esses sobrenomes dos meus ancestrais derivam, quase na sua totalidade, de partículas fonéticas do Hebraico antigo e do Hebraico: a língua sagrada do Próprio Criador dos Céus e da Terra, Bendito Seja O Seu Nome Sagrado.
Aos ‘Sefarad Tahor’ (os Judeus Sefarditas Ocidentais, originários do Noroeste da Península Ibérica, aos quais pertenço e dos quais descendo), em Nova Iorque, onde se fundou a primeira congregação judaica ortodoxa dos EUA, atribuíram-lhe um epíteto bem português, a corroborar essa sua origem nobre e insigne no Noroeste de Portugal: «The Grandees».