5 de outubro de 2020

Parque Florestal de Arouca

Arouca, a sua área, é maioritariamente agrícola e florestal.

Apesar do peso que estas duas actividades têm na produção de riqueza no nosso concelho não terem o fulgor de outros tempos continuam ainda centenas ou mesmo milhares de Arouquenses directa ou indirectamente a terem uma relação muito estreita com a floresta e com agricultura quer seja como sua principal actividade laboral, quer seja como actividade complementar ou de subsistência quer seja ainda uma ligação à floresta de cariz ambiental e de proteção dos nossos ecossistemas ambientais.

Arouca, à semelhança do resto do país, não tem tido a sorte de ficar à margem dos incêndios que destruíram e queimaram uma grande parte do território nacional. Nos últimos grandes incêndios de 2016 e 2017 terá ardido 65 a 75 % do território florestal do concelho!

A pergunta que se deve e tem de colocar, agora que passaram pelo menos 4 anos será: 

O que de novo, de bom, diferente ou inovador foi feito?

O reordenamento florestal foi assumido como uma das principais prioridades, ou mesmo como a principal prioridade para o nosso concelho.

Já algumas medidas foram anunciadas no âmbito da proteção da floresta sendo que a mais mediática terá sido a corredor florestal da estrada Arouca- Alvarenga, medida que não consegui perceber muito bem em que fase se encontra

Uma grande parte dos montes e encostas que circundam a Norte e Este o perímetro urbano da vila de Arouca são propriedade e geridos a saber por:

Comissão de Baldios Moldes 

Camarários 

Comissão de Baldios de Arouca 

Privados (a mais pequena parcela)

E porque não começar por aqui? E porque não começar por dar o exemplo? 

Porque não criar uma grande mancha de floresta concelhia à base de espécies autóctones e folhosas? Um projecto de arquitetura paisagista acima de tudo exemplar “de como deve ser feita” a recuperação da nossa floresta

A totalidade desta área perfaz um total aproximado de 1500 ha hectares de monte e floresta. 

Estou convicto que tanto da parte da a autarquia como das comissões de baldios deveria ser possível um entendimento fácil e conjunto para este propósito. Estas entidades, que deverão liderar no que toca ao exemplo, não terão como principal factor de decisão de reflorestação o lucro que advém da floresta e devem sim guiar as suas decisões de gestão ambiental por princípios de sustentabilidade. 

A “pressão” de ter que reflorestar com espécies de crescimento rápido, à qual à cabeça surge o eucalipto, para daí tirarem rendimentos do corte e abate dos mesmos a curto prazo, advindo daí enormes manchas florestais que funcionam como barris de pólvora com os resultados que infelizmente se conhecem não deverá influir no que toca à gestão destes territórios.

Deverá a autarquia e as comissões de baldios em conjunto mostrarem como se deve” bem fazer e bem reflorestar” e assumir a liderança no que toca uma nova forma de pensar a floresta por parte dos privados que detêm quase 90 % do território florestal do país.

Acho que nada disto está a ser feito. Existe ainda no monte alguma madeira queimada e por retirar do incêndio de 2016!

Senão for pelas razões já atrás descritas, que por si só deveriam ser suficientes, para elaborar e avançar para um projecto desta envergadura enumero mais algumas como fortes factores de decisão:

Mancha florestal que serviria como barreia de proteção do avanço de fogos entre a zona Sul e Norte do concelho

Mancha Florestal Autóctone com potencial turístico enorme

o Caminhos Florestais

o Percursos pedestres

o Circuitos de manutenção

o Percursos de BTT

o Manutenção e Regeneração de fauna residente

o Embelezamento paisagístico

o Diversidade florestal

A elaboração de um projecto desta índole fará todo sentido se for a complementado com uma correta ordenação e fiscalização do território florestal para que não surjam novamente por todo o concelho plantações de eucaliptos e outras espécies vegetais exóticas em zonas onde anteriormente não existiam, que é infelizmente o que se tem vindo a verificar.