27 de julho de 2019

Sobre Elísio de Azevedo: "expoente máximo do jornalismo"...

Na sequência de um texto anterior da autoria de António Brandão de Pinho, publicado neste blogue «Defesa de Arouca», que informa o falecimento, no dia 14 de Julho de 2019 da era comum, de Elísio de Azevedo (meu saudoso e estimado tio Elísio), será oportuno citar algumas partes da notícia biográfica, publicada no jornal 'Discurso Directo' (26-7-2019 da era comum), sobre este arouquense ilustre, relativamente à excelência do seu tipo de escrita e à sua paixão pelo jornalismo:
"Nasceu na freguesia de Rossas em 1930. Filho de António de Almeida Brandão, uma das figuras marcantes da Arouca do século XX, e de Florinda Joaquina de Azevedo. Era o terceiro duma prole de oito filhos. Terminada a 4ª classe do antigo Ensino Primário, estudou no Porto, na Escola Raul Dória, onde tirou um curso de contabilista. (...) em plena juventude, cerca dos 20 anos, a vida de Elísio de Azevedo tomava um novo rumo: a bordo do navio Pátria partia para Moçambique. Ali, na antiga colónia, exerceu várias actividades e constituiu família. Ao mesmo tempo sentia uma atracção irreversível pelo jornalismo, que o notabilizou mais tarde como cronista de reconhecidos méritos a ombrear com os melhores da imprensa escrita. Foi colaborador assíduo do Notícias de Moçambique e responsável pela delegação em Nampula. (...) o jornalismo estava-lhe no sangue e assim continuou para o resto da vida. Primeiro na “Defesa de Arouca” e até muito recentemente no jornal “Roda Viva”, Elísio Azevedo marcava a diferença, não se furtava às polémicas, incluindo as de natureza política, não vacilava perante as contrariedades com uma prosa fluente, incisiva, própria da personalidade que todos lhe reconheciam."
Foto: jornal 'Roda-Viva'

E essa excelência na escrita e essa paixão pelo jornalismo surgiram, em Elísio de Azevedo, desde muito jovem, devido, em boa parte, ao tipo de educação familiar que teve na Casa de Eidim, em Rôssas-Arouca, protagonizada pelo seu pai, meu saudoso avô, António de Almeida Brandão...
Como é referido no texto biográfico do jornal 'Discurso Directo', Elísio de Azevedo viveu no Moçambique colonial...E viveu lá durante cerca de 24 anos, entre os anos de 1950/51 e o ano de 1974 da era comum, altura, no 'período pós-25 de Abril', em que regressa, definitivamente, para a sua Rôssas-Arouca natal e de residência definitiva, com a esposa Lucinda, o filho Elísio e as duas filhas, Maria Teresa e Ana Maria... Em Moçambique, trabalhou no jornal 'Notícias de Moçambique' e foi responsável (delegado) pela Delegação de Nampula do periódico moçambicano...E, devido a essa excelência na escrita e a essa paixão pelo jornalismo, Elísio de Azevedo, na actualidade, ainda é recordado, pelos seus colegas moçambicanos, como uma «grande referência do jornalismo» e como «expoente máximo do jornalismo» em Moçambique, tal como descreve o seu primeiro sucessor do Moçambique pós-colonial Vasco Fenita, numa entrevista relativamente recente concedida ao 'Notícias de Moçambique':
      
" P - Quais são as grandes referências de jornalistas do seu tempo?

 R - Na província de Nampula pontificam Elísio de Azevedo (meu antecessor na Delegação do Notícias) e Pires Teixeira (que chefiava a Delegação do Notícias da Beira). Ambos eram, inquestionavelmente, os expoentes máximos do nosso jornalismo. Mas apesar do êxodo de muitos deles por alturas da independência nacional, o país pode vangloriar-se com a presença dos nomes sonantes de Mia Couto, Abel Faife, Mário Ferro, José Catorze e muitos outros de que agora não me recordo. Dá para perceber que se escrevia a língua portuguesa correctamente pelo naipe de jornalistas que o “Notícias” teve o privilégio de albergar na circunstância e cuja mística continua a preservar através dos actuais editores. "

Para além do acervo numeroso de textos e de escritos de qualidade elaborados em Portugal (grande parte deles publicados, mas uma certa parte deles ainda inéditos), Elísio de Azevedo tem também um conjunto significativo de textos e de escritos publicados do tempo em que viveu em África, que deveriam também, como é óbvio, fazer parte de uma compilação dos seus textos e escritos completos, realizada e editada pelas instituições de Arouca às quais Elísio de Azevedo pertenceu e esteve associado.