16 de julho de 2019

O “velhote” que foi do Porto a Alvarenga para tomar café.



Não vai assim tanto tempo que um indivíduo residente no Porto, em idade de reforma, cujos dias, com certeza, são passados entre os bancos do jardim, a jogar uma “suecada” com os amigos e a casa onde sempre viveu, talvez pela monotonia desses momentos repetidos, decidiu que naquele dia tudo seria diferente.

A vontade de sair e explorar o mundo que o seu porta-moedas, pequeno, gasto e leve o encorajou, levou-o ao Campo 24 de Agosto e, assim, de peito cheio, corajoso e de um só fôlego, perguntar pelo preço do bilhete para Alvarenga.

A tal impetuosidade, respondeu o administrativo, com alguma intromissão, tentando perceber o motivo da viagem e o tempo da estadia.

E para que interessava saber isso? Que raio?!? O homem só queria aproveitar a vida e fazer aquilo que durante décadas o trabalho e as responsabilidades familiares não permitiram. Viajar! Vamos lá, que a carteira é pequena, gasta e leve e quem tem pouco dinheiro não se pode meter a pensar muito!

Não escondendo a sua surpresa, o administrativo, responsavelmente, alertou o senhor que o autocarro que ia até Alvarenga era o mesmo que regressava ao Porto. Acautelou o homem que o tempo de paragem naquela freguesia de Arouca era apenas o necessário ao descanso do motorista e, que por isso, o tempo despendido para lá do vale do Paiva não daria para muito mais que um café!

Ideal! O preço justificava o passeio. O porta-moedas ainda ficava com alguns trocos.

Assim veio o “velhote” conhecer a terra dos bifes, e lá teve o que contar aos seus amigos da “suecada”, que todos os dias gastam os bancos no jardim de sempre.

Serve esta história, contada por quem trabalha na Transdev, para reforçar a ideia que tenho relativamente ao PART (Programa de Apoio à Redução Tarifária) e que já defendi em artigo escrito neste blogue, em 27 de Março do presente ano.

É, de facto, uma medida que contribuirá para o uso crescente dos transportes públicos e uma maior mobilidade, em particular por parte das classes mais desfavorecidas, que infelizmente são sempre as mais afetadas pelas variações económicas do país. Para além das naturais vantagens financeiras, acrescem as ambientais, pela diminuição do uso de transporte particular.

A comprovar esta tendência do uso cada vez maior dos transportes públicos, promovido pelo PART, referiu-me o funcionário daquela empresa que os primeiros horários de autocarros a sair de Arouca, e que estavam sempre vazios e, por esse motivo, corriam o risco de acabar, agora estão quase cheios.

Ainda bem!