29 de outubro de 2019

A Pensar Alto... O café, ou esplanada, ou buraco do Parque...

Ou de como se transforma um espaço aprazível num lugar descaraterizado e sem perspetivas. Por razões que não descortinamos, alterou-se a esplanada no parque da Vila, ali próxima do pombal. Gastou-se nessa alteração uma soma considerável de dinheiro e acabou por se transformar um local agradável, num outro que apesar da comodidade e da qualidade arquitetónica, não entusiasma ninguém. Todos sabemos que qualquer obra apesar da bondade das intenções pode ficar aquém do previsto. O poder politico quer alterar, para melhor, claro, os técnicos assumem os projetos e defendem-nos, e aguarda-se que o resultado final agrade aos utentes e às populações que irão beneficiar com elas. Neste caso foi tudo ao contrário. O local anterior era ao nível do solo, no verão era um sitio onde se ouvia música, conversava-se com aquela intimidade tão típica da nossa Vila, as crianças andavam por ali perto em brincadeiras e correrias, um simples olhar protegia-os e todos se sentiam satisfeitos. Os grupos de música que por vezes apareciam, encostavam-se às paredes do pombal e o ambiente criado era confortável pois as velhas paredes contavam-nos segredos enquanto as músicas surgiam fruto também elas da imaginação de um criador. De repente tudo se alterou. Desceu-se o nível do solo, melhoraram-se as condições para a indústria, o mobiliário levou toque de novidade, o espaço ficou amplo, arquitetonicamente se calhar com muito mais qualidade, mas nunca mais se encontraram os ingredientes que tanto prazer davam aos utilizadores do anterior espaço. Os olhos adoram espaços e não gostam de estar aprisionados entre rochas, mesmo que muito bem trabalhadas. E muitos se têm esforçado por recuperar as qualidades do velho lugar. Mas os resultados são desanimadores para os dois lados, para quem explorou e para quem esperava oferecer mais um espaço de lazer com qualidade, para quem nos visita e para todos os que frequentamos a Vila. Agora, há meses que nada se ouve por lá. Arrumaram-se as cadeiras, fecharam-se os armários, as luzes nunca mais brilharam, aqueles grupo musicais que tanto tentaram trazer de novo tempos que não esquecemos, deixaram de se ouvir de vez, e todo o espaço passou de novo para o campo dos projetos. Gastou-se lá uma soma considerável mas tudo tem solução e se encontrarem de novo o êxito daqueles dias de verão tudo compensará a surpresa do inêxito. Não se pode é encerrar o capítulo ou atirar para tempos distantes uma solução com medo de novo engano. Com novas obras, novas ideias, se calhar de novos técnicos, é ponto de honra recuperar o espaço aprazível que por lá existiu. E não se pode esperar toda a vida. Cada dia que passa aumenta  a sensação de se ter desistido de uma solução e considerar o espaço como terra abandonada. A Câmara tem as suas prioridades, os seus orçamentos e este compasso de espera não quer dizer de certeza que o problema está esquecido, mas os dias vão andando e as portas fechadas que tanto demoram a abrir de novo não devem continuar assim muito mais tempo. Nós, os que defendemos com entusiasmo uma Vila cada vez mais bonita e aprazível, prometemos esperar mais algum tempo pela surpresa da reabertura, e nesse dia, vamos lá beber um copo com amigos e pensar que afinal valeu a pena a demora. Tem a palavra o nosso poder politico.