14 de setembro de 2019

Sobre o novo 'site' oficial do Município de Arouca

 O Município de Arouca tem um novo 'site' oficial na internet, sobre o qual fiz uma primeira leitura muito geral. Em termos estéticos, o novo 'site' é agradável, mais completo e, claramente, melhor e mais moderno que o anterior, mas mantém (é certo, de modo não intencional e porque ainda é muito recente) algumas informações sobre o concelho de Arouca que não são precisas, que já estão obsoletas e que deveriam ser corrigidas.
 Numa primeira abordagem, faço alguns reparos, afim de contribuir para que se melhore e aperfeiçoe o novo 'site':
-Não se deveria referir a noção de que Arouca é um território de transição entre a Região Norte e a Região Centro, porque, na realidade, não o é. Todo o território de Arouca insere-se e enquadra-se, em termos identitários, na Região Norte. Na verdade, o território de transição entre a Região Norte e a Região Centro localiza-se a sul do concelho de Arouca, na zona de Lafões. É, no entanto, correcto afirmar-se que Arouca é um território de transição entre o Litoral e o Interior, ainda que Arouca se insira na área territorial do denominado 'Litoral', para o caso específico de Portugal.
-Não se deveria falar das influências germânica e muçulmana no território de Arouca, porque essas influências nunca existiram, desde que existem seres humanos em Arouca. Isso são teses obsoletas, míticas e «non-sense» de alguns historiadores obsoletos. Quem invadiu e ocupou o território português, a partir do sul, para além dos Romanos, foram os Berberes, do norte de África, que não eram Árabes nem Muçulmanos e que nunca ultrapassaram o centro de Portugal. A influência germânica é também nula: nunca existiu. O 'site' refere, com razão, que não se encontram muitos vestígios da romanização em Arouca, porque os Romanos nunca dominaram o noroeste peninsular. Os Romanos impuseram-se, de modo exógeno, apenas pela via administrativa e do Direito, sendo a Igreja Católica Romana, que é a substituição da estrutura do Império Romano, a sua instituição principal presente no território do noroeste peninsular. A civilização endógena e autóctone, estruturada durante milénios, de onde descendem os Arouquenses, como bem se apercebeu e descreveu o etnógrafo arouquense Albano Ferreira, é a civilização dos castros e das citânias, muito mais antiga, em milénios, que os Romanos e que os Romanos nunca conseguiram dominar, sendo a toponímia do território de Arouca toda ela (menos a urbana moderna, como é óbvio) derivada do hebraico antigo, que era falado por essa civilização milenar dos castros e das citânias, de onde descendem, na realidade, os Arouquenses.
Novo símbolo do 'site' oficial do Município de Arouca

-O novo 'site' tem informações que não estão actualizadas, como o número preciso e actualizado da população da freguesia da sede do concelho e o facto de referir que a NUTS III onde Arouca está integrada é o Entre-Douro-e-Vouga, quando, na realidade, essa NUTS III já não existe, porque foi extinta e substituída (e bem substituída) pela NUTS III da Área Metropolitana do Porto, que funciona também como área metropolitana.
-O novo 'site' tem a grave lacuna de, nos acessos ao concelho de Arouca, não descrever o acesso que é dos mais utilizados (senão mesmo o mais utilizado) na actualidade, pelos Arouquenses e pelas pessoas que entram e saem do concelho de Arouca, que é o acesso do denominado «Fundo do Concelho», pela A32 (Gião) e pela EN 326. Esse será, no futuro próximo, com a construção da segunda fase da Variante à EN 326, entre a Abelheira e a A32, o acesso mais utilizado e directo, para o «espaço territorial mais vasto de sempre» dos Arouquenses: o vizinho 'Grande Porto', onde moram e/ou trabalham milhares de Arouquenses e seus descendentes. Esse acesso deveria, como é óbvio, ser descrito e apresentado, neste novo 'site', como o principal acesso ao concelho de Arouca, porque, na realidade, é mesmo o principal, o mais directo e o mais rápido acesso a Arouca, a partir do Litoral. E, antes desse facto, é o trajecto principal, há séculos, da tendência de mobilidade dos Arouquenses para o Litoral, sobretudo para o 'Grande Porto'.  
-O 'site' deveria mencionar o facto de Arouca estar inserida no distrito de Aveiro apenas de modo muito breve, já que, para me repetir de novo, os Arouquenses, repito, estão, EM QUASE TUDO, ligados ao Porto/Grande Porto, mas não estão, EM QUASE NADA, ligados a Aveiro. É um facto. É uma verdade. É uma realidade. E não é só pelo facto de Arouca estar perto do Porto/Grande Porto que o concelho de Arouca não deveria estar integrado no distrito de Aveiro...Antes disso e como factor de muitíssima importância estrutural, estruturante e nuclear, repito de novo, é pelo facto dos elementos identitários, autóctones e endógenos (físicos, naturais, humanos e sociais) de Arouca se enquadrarem nos elementos identitários, autóctones e endógenos (físicos, naturais, humanos e sociais) e nas divisões territoriais protagonizadas pela cidade do Porto...
 Arouca, repito de novo, muito pouco ou quase nada tem que ver com Aveiro. Por essa razão, Arouca pertence à Região Norte, enquanto Aveiro pertence à Região Centro. Por essa razão, Arouca pertence à Área Metropolitana do Porto, enquanto que Aveiro pertence à Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro. Por essa razão, Arouca, em termos estruturais, localiza-se na Bacia e na Região Hidrográfica do Douro, enquanto que Aveiro localiza-se na Bacia e na Região Hidrográfica do Vouga. Por essa razão, Arouca pertenceu ao Douro Litoral, enquanto que Aveiro pertenceu à Beira Litoral. Por essa razão, no contexto das primeiras divisões territoriais da nação portuguesa, Arouca pertenceu ao Entre-Douro-e-Minho, enquanto que Aveiro pertenceu à Beira. Muito tempo antes de Arouca pertencer ao distrito de Aveiro, Arouca pertenceu, durante cerca de sete longos séculos, ao Entre-Douro-e-Minho, enquadrado na Região Norte, desde que Portugal é Portugal.
 Assim, repito de novo, os Arouquenses, os órgãos autárquicos de Arouca e os vários tipos de instituições de Arouca devem mobilizar, de modo permanente, um esforço pessoal e colectivo, consertado e unânime, para que Arouca, cada vez melhor, se integre, de modo dinâmico, participativo e consistente, nas divisões territoriais que, na realidade, protagonizam, no presente, a inserção institucional e o enquadramento identitário do concelho de Arouca: -a Área Metropolitana do Porto (NUTS III e área metropolitana) e a Região Norte (NUTS II e região), protagonizadas pela cidade do Porto. E, de modo concomitante, "esquecer", de vez, Aveiro, com o qual Arouca e os Arouquenses muito pouco ou quase nada têm que ver.

 Numa primeira abordagem, faço estes reparos para que se melhore e aperfeiçoe o novo 'site', com informações mais precisas e actualizadas, ainda que seja um 'site', claramente, muito melhor daquele que o precedeu...