25 de abril de 2020

Não comemoro Abril nem Maio!

cravos de várias cores...
Respeito muito todos quantos, depois do anterior regime "ter caído", em virtude de uma simples queda, - passo a aparente redundância - fizeram a “Revolução” de Abril, e até muito mais todos quantos por este país fora, com conhecimento de causa sobre o tempo vivido antes, suspiraram e alimentaram a esperança de passar a viver um tempo novo. Afinal, o tempo que ainda hoje vivemos. Este tempo em que nasci e vivo e, pelo que sei doutros tempos, quero, sem dúvida alguma, continuar a viver.

Porém, o tempo que ainda hoje vivemos, não é resultado daquela dita “Revolução”. Quando muito, pode afirmar-se que sem os acontecimentos ocorridos em Abril de 1974 não teríamos os acontecimentos que, em definitivo, levaram à construção e estabelecimento da democracia e liberdade plenas. E assim, se me é permitido, sem temer os habituais e sobranceiros reparos de militantes e adeptos “abrileiros”, comemoro antes Novembro, o 25 de Novembro de 1975! Posso até ficcionar que estamos em Novembro e sair à rua também, mas é isto que comemoro e não aquilo! A Construção e não a "Revolução". A Democracia construída e a Liberdade estabelecida por várias e não por uma só cor!

Comemorar Novembro de 1975, cujo “Golpe” também não teve os contornos que alguns narram, até porque foi mal sucedido enquanto Golpe, e ainda bem, - tal como Abril, que de “Revolução” tem apenas o nome, de que “dos Cravos” nos diz tão bem -, é comemorar a efectiva implantação da democracia e liberdade, da passagem do processo revolucionário (indefinidamente em curso) ao processo constitucional. É comemorar o fim da anarquia e dos conflitos entre grupos de esquerda e direita, instigados no 1.º de Maio de 1974, cujas tradicionais manifestações ainda hoje revelam algum saudosismo. É, quiçá, comemorar o não vivermos hoje ou durante muito tempo um certo social-fascismo.

Contudo, como vivemos em democracia e liberdade plenas, conseguidas em definitivo pelo Novembro de 1975, respeito, e respeito muito - emociono-me até às vezes com certos episódios de homens e mulheres de esquerda e de direita unidos pelo que mais importa... -, mas, dizia: respeito, e respeito muito, todos quantos não ousem apagar e reescrever a história (nenhuma parte dela) e pese embora façam tábula rasa do período entretanto e então vivido, entendam ter razões para comemorar Abril e Maio de 1974.