cravos de várias cores... |
Respeito
muito todos quantos, depois do anterior regime "ter caído", em virtude de uma
simples queda, - passo a aparente redundância - fizeram a “Revolução” de Abril,
e até muito mais todos quantos por este país fora, com conhecimento de causa
sobre o tempo vivido antes, suspiraram e alimentaram a esperança de passar a viver
um tempo novo. Afinal, o tempo que ainda hoje vivemos. Este tempo em que nasci
e vivo e, pelo que sei doutros tempos, quero, sem dúvida alguma, continuar a
viver.
Porém,
o tempo que ainda hoje vivemos, não é resultado daquela dita “Revolução”.
Quando muito, pode afirmar-se que sem os acontecimentos ocorridos em Abril de
1974 não teríamos os acontecimentos que, em definitivo, levaram à construção e estabelecimento da democracia e liberdade plenas. E assim, se
me é permitido, sem temer os habituais e sobranceiros reparos de militantes e
adeptos “abrileiros”, comemoro antes Novembro, o 25 de Novembro de 1975! Posso até ficcionar que estamos em Novembro e sair à rua também, mas é isto que comemoro e não aquilo! A Construção e não a "Revolução". A Democracia construída e a Liberdade estabelecida por várias e não por uma só cor!
Comemorar
Novembro de 1975, cujo “Golpe” também não teve os contornos que alguns narram,
até porque foi mal sucedido enquanto Golpe, e ainda bem, - tal como Abril, que de “Revolução”
tem apenas o nome, de que “dos Cravos” nos diz tão bem -, é comemorar a efectiva
implantação da democracia e liberdade, da passagem do processo revolucionário
(indefinidamente em curso) ao processo constitucional. É comemorar o fim da anarquia e dos
conflitos entre grupos de esquerda e direita, instigados no 1.º de Maio de 1974,
cujas tradicionais manifestações ainda hoje revelam algum saudosismo. É, quiçá, comemorar o
não vivermos hoje ou durante muito tempo um certo social-fascismo.
Contudo, como vivemos em democracia e liberdade plenas, conseguidas em definitivo pelo Novembro de 1975, respeito, e
respeito muito - emociono-me até às vezes com certos episódios de homens e mulheres de
esquerda e de direita unidos pelo que mais importa... -, mas, dizia: respeito, e
respeito muito, todos quantos não ousem apagar e reescrever a história (nenhuma parte dela) e pese embora façam tábula rasa do período entretanto e então vivido, entendam ter razões para
comemorar Abril e Maio de 1974.