23 de novembro de 2019

Mais elementos 'cripto-judaicos' e 'cristãos-novos' em Arouca

Os textos semanais do colaborador deste blogue António Brandão de Pinho são muito úteis para conhecer muitos elementos de Arouca e dos Arouquenses. O penúltimo texto que foi publicado refere que, em “1681.XI.11, Dom Luiz da Silva, bispo de Lamego, acaba com o costume do Imperador que tinha lugar na procissão da festa do Espírito Santo, realizada no Burgo de Vila Meã, e em cuja procissão os habitantes deitavam ao lume tripas cheias de substâncias aromáticas e cuja combustão transmitia ao ambiente um cheiro agradável”.
Pelourinho do antigo concelho do Burgo de Vila Meã
(foto: Visitar Portugal)
A Festa do Espírito Santo e o costume do Imperador (que é a versão portuguesa cripto-judaica da Festa de Shavuot, muito presente no noroeste português, mas também nos Açores e no Brasil, que foram colonizados, estruturalmente, por pessoas do noroeste português) são um dos elementos cripto-judaicos mais relevantes que encontramos em várias partes do território de Portugal continental e, portanto, também existia em Arouca, no Burgo, que foi concelho entre os anos de 1363 e de 1817 (era comum). 
É um elemento muito antigo que foi reapropriado e, depois, infelizmente, num acto malévolo, proibido e extinto pela Igreja Católica Romana, em várias localidades de Portugal. Refere-se ao Ruach Ha-Kodesh hebraico.
O Imperador, nessa festividade cripto-judaica, corresponde ao símbolo do Moshiach Ben David, ao Rei-Messias e à linhagem nobre messiânica, que vai inaugurar a Era Messiânica, no futuro, com a construção do Terceiro Templo, no Monte do Templo, na cidade de Jerusalém, na Terra de Israel, num Governo Monárquico Messiânico para os Judeus (613 Mitzvot) e para toda a Humanidade (7 Leis de Noé), numa nova era de prosperidade e de bem-estar nunca vista, depois de várias transformações físicas que vão ocorrer no ambiente cósmico da Terra. A Humanidade está numa escatologia e essa escatologia é Judaica Ortodoxa «Shomer Torá uMitzvot». Não outra.


Assim, em Arouca e no inconsciente colectivo arouquense, para além da procissão dos fogaréus, na altura da Primavera, que liga a capela do Espírito Santo, localizada na zona do Calvário, à igreja da Misericórdia, localizada no centro da vila de Arouca (que é uma antiga comemoração cripto-judaica da Pessach, com roupagens católico-romanas), temos a informação histórica da existência, no Burgo (nessa altura, vila do Burgo de Vila Meã), desta festa cripto-judaica e do costume do Imperador, em que a coroa (um símbolo de nobreza) era um dos objectos e símbolos principais desse evento. Muitas das congregações, das irmandades e das capelas ou das igrejas da Misericórdia e do Espírito Santo (muito presentes no noroeste ibérico, território endógeno dos Judeus Sefarditas Ocidentais, Sefarad Tahor, que eram e são a nobreza do noroeste ibérico) eram antigas sinagogas e foram, durante séculos, instituições cripto-judaicas, com uma roupagem católico-romana, cristãs-novas, mas com o antigo e eterno significado judaico dos valores eternos da Torá Sagrada do Criador Absoluto dos Céus e da Terra, Bendito Seja O Seu Nome Sagrado. Muitos familiares meus, ao longo dos séculos, presidiram e pertenceram à Misericórdia de Arouca. Tenho origens familiares 'cripto-judaicas' e 'cristãs-novas' muito antigas e consistentes, facto que é corroborado por todos os meus sobrenomes familiares, ao longo dos séculos.
Na segunda fotografia, o rebbe Menachem Mendel Schneerson, de abençoada memória, com a coroa da Torá. O Rebbe é o líder judaico ortodoxo mais importante da contemporaneidade, da linhagem davídica, sendo descendente de milenares famílias judaicas portuguesas que emigraram para o Leste europeu.