Decorreram num destes últimos domingos as primeiras eleições
deste ano, estas, para a escolha dos nossos representantes no Parlamento
Europeu. Decorreram com uma tranquilidade absoluta e para mais de 70% dos
eleitores foi um dia normal sem nada de novo e nenhuma vontade de participar na
vida coletiva com as suas escolhas. Em Portugal e por cá, tudo igual. A
campanha eleitoral foi toda ela morna, sem grandes debates, assim a modos de seja
o que Deus quiser. O Partido do poder não perdeu muito tempo com explicações,
nem sequer se distanciou muito dos centros de decisão, preferiu abordar os
preços dos passes sociais, o enorme aumento nas reformas e o futuro radioso que
está ali mesmo ao virar da esquina. Até nisto se vê o que é o interior. Por cá
então foi de uma discrição absoluta, nem um cartaz, nem uma ideia, nem uma
explicação, nada. O principal partido da oposição, andou no mesmo ritmo, falou
e esbracejou com temas que dizem zero acerca do que pretendia defender na
Europa, atacou com ar de profunda reflexão tudo o que lhe parecia interessar ao
eleitorado e divulgou por todo o lado um enorme cartaz com a foto do candidato
a dar um conselho e aviso de grande amigo. Desenterrou até políticos a cheirar
a naftalina e foi o que se viu. O curioso foi que em Arouca, o nosso povo
”entendeu a mensagem” e mais uma vez foi o partido mais votado. Isto, depois de
muitas horas a refletir, com certeza. Os outros, os Partidos do lado esquerdo, um
deles tornou a mostrar como é possível ser oposição e poder ao mesmo tempo e por
cá sempre enfeitou os postes da entrada da Vila com bandeirolas de uma cor meio
arrojeada, que por serem novidade chamaram a atenção e já ficam para as
próximas, tal a mensagem transmitida. O outro consolidou o quarto lugar, sem
grandes festas, só umas feiras e pouco mais. Por cá nem perdeu tempo, esperou
para ver. Do lado direito, os sapatos vela do costume, umas visitas muito
rápidas em mangas de camisa, sempre a pressa de comunicar não se sabe bem o quê
e na nossa rotunda desde cedo um enorme cartaz a dizer que a Europa era ali, o
que causou confusão e até o Marinho Pinto se veio agarrar a tal sombra a ver se
não perdia o lugar. Dos outros, poucas falas, aqueles tempos de antena que quase
ninguém vê e onde numas frases muito rápidas se tenta convencer o povo do
impossível, e depois, deu no que deu. Apesar de tudo eu votei. Apesar de tudo
votaram 25 % dos eleitores, mais coisa menos coisa. Votar significa participar
e escolher, e eu quero ter uma palavra nisso. Pode dar se o caso de não
conhecer-mos os candidatos, não conhecer mos as ideias na sua totalidade, termos
informação insuficiente, ou estarmos desanimados com alguns desempenhos
políticos, mas temos sempre uma próxima vez para uma nova tentativa. O voto não
é definitivo, o voto premeia e castiga mas isso depende de todos acreditarem
que ainda não se encontrou melhor sistema, ou pensam que se não participarem
vai cair do céu um líder qual o desaparecido D. Sebastião, só com qualidades e
virtudes? Esperem que logo vêem. Breve vamos ter novas eleições e estou
convencido que o bom senso reaparecerá para bem de todos. A Europa e tudo o que
tem feito por nós merecia outra atenção. Aproveitemos a Democracia, pois o
futuro é já ali e os nossos descendentes merecem dias ainda melhores.