13 de maio de 2021

A Ponte 516 Arouca será um grande sucesso internacional: -é preciso localizar bem Arouca, no contexto global

Estou a dirigir-me aos Arouquenses e às instituições de Arouca...
Como é óbvio, a nova Ponte 516 Arouca será, com toda a certeza, um grande sucesso, não apenas a nível nacional, mas a nível internacional. Pela sua singularidade, desperta, facilmente, interesse e curiosidade a pessoas de todas as idades, para além de ser também uma obra de engenharia com beleza estética, de onde se pode disfrutar de uma panorâmica impressionante e vertiginosa. Logo nos primeiros dias em que foi anunciada a sua inauguração, muitos «mass media» de várias partes do Mundo informavam o assunto com agrado e interesse. E Arouca e os Arouquenses bem o merecem.
Contudo, há um elemento, em todo este «fenómeno da Ponte 516 Arouca», que não é adequado e pode ser contraproducente para a funcionalidade do acesso directo à nova ponte, no contexto global: -trata-se da menção, que aparece, com frequência excessiva, nos «mass media» e na internet, de ligar a ponte, para além de Arouca, unicamente ao distrito de Aveiro.
Essa ocorrência, que a Câmara Municipal de Arouca e o Arouca Geopark deveriam, impreterivelmente, corrigir, ao descreverem, antes, nos «mass media» e na internet, a ligação da nova ponte ao Porto e à Região Norte, com os acessos a partir do contexto da Área Metropolitana do Porto. E não do distrito de Aveiro. Porque os acessos directos e funcionais, nos vários tipos de transportes, a Arouca, são mesmo feitos a partir da «nossa área metropolitana».
Ao aparecer excessivamente a menção ao distrito de Aveiro (e, como se sabe, os Arouquenses estão pouquíssimo ligados a Aveiro), os visitantes e as pessoas exógenas que não conhecem bem Arouca ficam, erroneamente, a pensar que Arouca e os Arouquenses (que são pessoas autóctones da Região Norte de Portugal) têm uma ligação forte a Aveiro (que é uma cidade da Região Centro de Portugal), quando, na realidade, não têm, como nunca tiveram. Arouca foi, erroneamente, integrada no distrito de Aveiro no ano de 1835.
Arouca não tem acessos directos e funcionais com Aveiro nem tem que os ter urgentemente, até porque os seus acessos directos com o Porto (que sempre foi «a cidade principal dos Arouquenses») são muitíssimo mais prioritários e, infelizmente, por paradoxo, como se sabe, ainda não estão concluídos, com «a já velha e bafienta história da variante à EN326»...
Mas, para além de tudo o mais, entre outros factos, o rio Paiva é, oficialmente, um rio metropolitano do Porto e um dos afluentes estruturantes do rio Douro. A Ponte 516 Arouca localiza-se em plena Bacia e Região Hidrográfica do Douro. A Associação Geoparque Arouca pertence à Associação de Turismo do Porto e Norte de Portugal - Porto Convention & Visitors Bureau. O concelho tipicamente nortenho de Arouca é gerido pela CCDR-Norte. etc. etc.
Então porquê esta insistência despropositada de mencionarem, quase sempre, unicamente o distrito de Aveiro, numa altura em que os distritos pouco representam e, neste caso específico, para os Arouquenses, Aveiro pouco ou quase nada lhes diz?!...
Como é óbvio, na cerimónia de inauguração desta nova ponte pedonal, presidida pela Ministra da Coesão Territorial, a nível das instituições macro que, realmente, dizem respeito a Arouca e que representam mesmo Arouca, estiveram presentes os presidentes da CCDR-Norte e do 'Turismo do Porto e Norte de Portugal'. O Conselho Metropolitano do Porto foi representado pela sua vice-presidente, que é a presidente da câmara municipal de Arouca. Não estava lá ninguém a representar o quase extinto distrito de Aveiro, porque não tinha mesmo nada que lá estar, porque quase nada iria representar de Arouca.
foto: jornal Roda-Viva

Há um artigo de qualidade, publicado neste blogue, da autoria do colaborador Carlos S. Sousa, 'A estrada para o Porto', que descreve, de modo vivido e genuíno, durante o século XX, essa forte ligação empática e enraízada dos Arouquenses ao Porto e território circundante. Nesse contexto vivencial e noutra geração de Arouquenses mais antiga, estou a lembrar-me da descrição de meu avô, António de Almeida Brandão, no seu livro de Memórias, ao referir que, por razões sócio-económicas, eram muitos os Arouquenses que se deslocavam a pé, todos os dias, de Arouca ao Porto, por Fiães, pelo atalho da Devesa da Lebre...Era frequente também deslocarem-se em carros-de-bois...E foi para o Porto que se criaram, a partir de Arouca, os primeiros transportes regulares...etc. etc.

Portanto, que as instituições de Arouca coloquem, de vez, nos «mass media» e na internet, a ligação da nova ponte ao Porto e à Região Norte de Portugal, bem como os verdadeiros acessos directos e identitários ao território de Arouca: que são feitos no actual contexto da Área Metropolitana do Porto. E não do distrito de Aveiro. Ou será que têm de ser mesmo os estrangeiros a lembrar esse facto, como a CNN, para, a nível global, os visitantes localizarem bem Arouca, em termos territoriais e identitários?!:
Não será a partir de Aveiro, mas sim a partir da parte litoral da Área Metropolitana do Porto (onde se localizam os principais locais físicos e identitários dos vários tipos de transportes estruturais de acesso a Arouca) que vão acorrer, ao concelho de Arouca, muitos, muitos e muitos visitantes das mais variadas partes do Mundo, para ver a nova Ponte 516 Arouca, que, para além de se deslocarem por estrada, antes também se deslocarão via aérea (Aeroporto Francisco Sá Carneiro e Aeródromo Municipal da Maia), via ferroviária (Estação Ferroviária de Porto-Campanhã), via marítima (Porto de Leixões e Marina 'Porto-Atlântico') ou via fluvial (Marina 'Douro-Marina' e Marina do Freixo).