3 de março de 2020

A Pensar Alto. A maior ponte do mundo.

foto: Manuel Cruz
Há empreendimentos que muito antes de nascer parecem destinados a ter sucesso. É este o caso. Em Arouca, ali perto dos famosos Passadiços do Paiva, a atravessar duas montanhas que até agora só se olhavam de longe, a sentir aquela vertigem de quem gostava de voar muito alto e no fundo sempre olhou para os pássaros com inveja, a contemplar um rio que desce por uma encosta escorregadia colorida por salpicos sem côr, com esforços  impotentes para abrandar o ímpeto daquelas águas claras que só se tranquilizam lá para os lados do Vau, vamos ter uma ponte, uma espécie de grande pássaro sem asas que nos pode transportar e deixar ver o que só nos sonhos em que voamos bem alto, conseguimos. Vamos ter tudo isto e de pés assentes.Com uma ponte, e logo com a maior ponte do mundo. O tempo foi passando, as dificuldades foram aparecendo, todos sabemos como são as obras neste País, mas quando existe aquela vontade de terminar e cumprir o projeto que de tão estranho causa invejas e maus olhados confirma se que a fé move montanhas ou desta vez a fé constrói pontes, e bem compridas. Finalmente e ultrapassados prazos, e despesas acrescidas parece finalmente começar a ver se a estrutura simples e elegante em que muitos vão gritar de emoção, outros mesmo de mêdo e outros vão deixar os olhares substituir os pés e de longe ainda se vai conseguir ter aquele friozinho que alguns chamam de adrenalina e outros de cagunfa, fica à escolha. Bem sei que as verbas envolvidas poderiam se canalizadas para outras coisas, carências encontram se de modo avulso, mas qualquer responsável politico deve saber encarar o risco e enfrentá-lo depois de ponderar o indispensável. Os caminhos fáceis ás vezes conduzem nos a marasmos e águas paradas e nós sinceramente admiramos o rafting e o ruído de águas bravas que sempre se movimentam. Estamos ansiosos por ver a obra terminada. A nossa ponte vai ficar na história e nós só por isso, como a vimos crescer, como vimos as discussões de quem avalia o futuro, como antecipamos as imagens de quem com os olhos a rebentar de surpresa põe o pé, enche os pulmões e se precipita quase para o vazio, também estamos nesta história. Para além de tudo  pressentimos que vem aí mais uma onda de entusiasmo, as nossas ruas vão continuar a estar repletas, o turismo vai continuara a crescer e com isso os benefícios para todos. Bem sei que isso não será o suficiente mas havemos de provar aos mais descrentes que apesar de sermos poucos e ter mos pouco peso politico lá nos corredores do poder, ninguém vai querer ficar fora desta história e pode ser que nós e todo o interior melhore as condições de vida, desde os acessos aos empregos e ao essencial que ainda falta e que todos tenham finalmente igualdade de tratamento, é só isso. Esperemos que esta ponte tão arrojada una muito mais que dois pontos lá nos altos de Canelas, esperemos que una também um País pequeno, próximo e ao mesmo tempo distante e desigual. Venha a Ponte.