27 de janeiro de 2020

PORTANTO, É AGORA OU PODE SER TARDE DEMAIS. APROVEITE-SE A 2ª REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL



É recorrente a temática do envelhecimento da população a nível nacional e ainda mais, e já evidente, do abandono ou desertificação do chamado interior. Arouca não foge à regra e é sabido por todos que a população do Município tem vindo a diminuir. Aliás, e pegando nas palavras de um artigo de Vítor Arouca na passada edição do Jornal Roda Viva, “…perdemos 1 habitante a cada dois dias que passam.” Também na mesma edição,  José Carlos Silva no seu editorial faz referência a municípios que se preocupam com a diminuição da população e que vão dando incentivos aos mais jovens para se fixarem e para terem mais filhos.

Olhando para o Município de Arouca, encontramos os dois problemas. Baixa natalidade e migração dos jovens adultos para os centros urbanos do litoral.

Mas, olhando para a Freguesia de Arouca há um ponto interessante e que deve ser analisado e alvo de reflexão por parte dos técnicos que definem a estratégia populacional do território. Esta foi a única que aumentou a sua população nos censos de 2011, certamente e não só pela população que fixou mas também por aquela que atraiu das freguesias do restante Município. E porquê? Porque certamente ainda é a única zona urbana do Município onde se constrói habitação plurifamiliar que permite aos jovens casais fixarem-se em habitações com menos encargos mensais (mesmo que um dos membros do casal ou mesmo os dois tenha que realizar deslocações diárias para trabalhar). Constata-se que à medida que se constroem edifícios plurifamiliares os mesmos são rapidamente absorvidos pelo mercado e, fundamentalmente, pelos tais jovens casais.

Logo, pode Arouca fazer alguma coisa para além de dar prémios a quem tenha filhos para fixar e incentivar os jovens casais a permanecerem na sua terra? Pode. E está no momento propício para o fazer.

Arouca dispõe das principais infraestruturas básicas que dão comodidade à sua população – educação, saúde e serviços. Claro que a falta da via de ligação continua a ser a eterna pedra na engrenagem de um desenvolvimento sustentável. Espera-se agora mais um troço dentro de dois anos, sensivelmente.

Mas voltando ao porquê de este ser o momento propício. Porque neste momento encontra-se o Plano Diretor Municipal na sua 2ª revisão. Tudo o que nele ficar definido traçará  os destinos do Município em termos territoriais para os próximos 10 a 15 anos. Está na altura de perceber que não tem mal nenhum e poderá mesmo ser uma “salvação” para combater ou atenuar a tal desertificação da própria sede de concelho, aumentar a capacidade construtiva na sua área urbana. A construção de mais um piso. O aumento do índice de construção traz não só o aumento da população como tornaria mais rentável o gasto com o rendimento das infraestruturas municipais, para além de se obter com isso mais impostos ligados ao imobiliário.

Temos que nos lembrar que as populações de uma maneira quase maioritária gostam das “cidades”. Gostam de viver em comunidade. Gostam de ter os espaços de lazer e comércio próximos de si. É nas ruas da Vila de Arouca que vemos pessoas durante todo o dia nos seus passeios, nas suas praças e jardins, caminhando em trabalho ou simplesmente saboreando a apreciando a vida em comunidade. Mas fundamentalmente porque as habitações plurifamiliares em prédios são mais baratas. Mais fáceis de obter para quem está em começo de vida e de constituição familiar.

Portanto, é agora. Aproveite-se a 2ª Revisão do Plano Diretor Municipal. De outra forma, lá para 2035 poderemos novamente alterar o rumo do desenvolvimento mas aí poderá ser tarde demais.