É recorrente a temática do
envelhecimento da população a nível nacional e ainda mais, e já evidente, do
abandono ou desertificação do chamado interior. Arouca não foge à regra e é
sabido por todos que a população do Município tem vindo a diminuir. Aliás, e
pegando nas palavras de um artigo de Vítor Arouca na passada edição do Jornal
Roda Viva, “…perdemos 1 habitante a cada dois dias que passam.” Também na mesma
edição, José Carlos Silva no seu editorial faz referência a municípios
que se preocupam com a diminuição da população e que vão dando incentivos aos
mais jovens para se fixarem e para terem mais filhos.
Olhando para o Município de Arouca,
encontramos os dois problemas. Baixa natalidade e migração dos jovens adultos
para os centros urbanos do litoral.
Mas, olhando para a Freguesia de
Arouca há um ponto interessante e que deve ser analisado e alvo de reflexão por
parte dos técnicos que definem a estratégia populacional do território. Esta
foi a única que aumentou a sua população nos censos de 2011, certamente e não
só pela população que fixou mas também por aquela que atraiu das freguesias do
restante Município. E porquê? Porque certamente ainda é a única zona urbana do
Município onde se constrói habitação plurifamiliar que permite aos jovens
casais fixarem-se em habitações com menos encargos mensais (mesmo que um dos
membros do casal ou mesmo os dois tenha que realizar deslocações diárias para
trabalhar). Constata-se que à medida que se constroem edifícios plurifamiliares
os mesmos são rapidamente absorvidos pelo mercado e, fundamentalmente, pelos
tais jovens casais.
Logo, pode Arouca fazer alguma coisa
para além de dar prémios a quem tenha filhos para fixar e incentivar os jovens
casais a permanecerem na sua terra? Pode. E está no momento propício para o
fazer.
Arouca dispõe das principais
infraestruturas básicas que dão comodidade à sua população – educação, saúde e
serviços. Claro que a falta da via de ligação continua a ser a eterna pedra na
engrenagem de um desenvolvimento sustentável. Espera-se agora mais um troço dentro
de dois anos, sensivelmente.
Mas voltando ao porquê de este ser o
momento propício. Porque neste momento encontra-se o Plano
Diretor Municipal na sua 2ª revisão. Tudo o que nele ficar definido traçará
os destinos do Município em termos territoriais para os próximos 10 a 15
anos. Está na altura de perceber que não tem mal nenhum e poderá mesmo ser uma
“salvação” para combater ou atenuar a tal desertificação da própria sede de
concelho, aumentar a capacidade construtiva na sua área urbana. A construção de
mais um piso. O aumento do índice de construção traz não só o aumento da
população como tornaria mais rentável o gasto com o rendimento das
infraestruturas municipais, para além de se obter com isso mais impostos
ligados ao imobiliário.
Temos que nos lembrar
que as populações de uma maneira quase maioritária gostam das “cidades”. Gostam
de viver em comunidade. Gostam de ter os espaços de lazer e comércio
próximos de si. É nas ruas da Vila de Arouca que vemos pessoas durante todo o
dia nos seus passeios, nas suas praças e jardins, caminhando em trabalho ou
simplesmente saboreando a apreciando a vida em comunidade. Mas fundamentalmente
porque as habitações plurifamiliares em prédios são mais baratas. Mais fáceis
de obter para quem está em começo de vida e de constituição familiar.
Portanto, é agora.
Aproveite-se a 2ª Revisão do Plano Diretor Municipal. De outra forma, lá para
2035 poderemos novamente alterar o rumo do desenvolvimento mas aí poderá ser
tarde demais.