12 de novembro de 2018

Fernando Mendes, Alvarenguense e Músico

Porque o tempo mais frio traz consigo alguma melancolia, e porque tenho conhecimento que está prestes a ser editado um livro sobre a Banda Filarmónica de Alvarenga, da autoria do Prof. Madureira, veio-me à memória um homem alvarenguense que, se fosse vivo, teria 90 anos. Chama-se Fernando Mendes e fruto do seu percurso extraordinário na música, continua a ser recordado no panorama nacional das bandas filarmónicas e homenageado pela Banda Filarmónica de Santa Cruz de Alvarenga que faz questão de terminar todas as atuações anuais da festa de S. António, em Alvarenga, com "Alvarenga em marcha", composta por ele, a par com várias outras composições de Fernando Mendes, das quais destaco em particular o "Hino a Alvarenga".

Deixo convosco algumas notas biográficas sobre este homem que se destacou na Música, citando livremente a entrevista que o próprio deu, na altura com 76 anos, disponível em linha e que cito abaixo:

Fernando Mendes nasceu na freguesia de Alvarenga, a 17 de maio de 1928.
É filho de Joaquim Mendes e de Emília Alves Mendes e começou a aprender música porque era necessário formar um grupo de músicos para acompanhar uma missa nova de um padre que se ia ordenar.
Aprendeu solfejo em 1945 com um rapaz de S. Pedro da Cova (Gondomar), a quem chamavam “O Arouca” por trabalhar na extração do volfrâmio em Alvarenga. Quando acabou o Volfrâmio, continuou a estudar de forma autodidata.
Foi “descoberto” por uma senhora da ilustre família Galvão Teles que residia em Lisboa e que estava a passar férias em Alvarenga. Ela tinha o curso de Piano do Conservatório e interessou-se por ele quando o viu dirigir um grupo com obras escritas por ele próprio. Ela pediu-lhe uma partitura sua e levou-a para Lisboa, mostrando-a a um professor de Harmonia do Conservatório Nacional - António Eduardo da Costa Ferreira que lhe dissera que ele teria vocação para a música. A convite dessa senhora, e a expensas da mesma, foi para Lisboa estudar em 1947, matriculou-se no Conservatório e aí fez todas as disciplinas.
Aos 18 anos estudava também solfejo e Harmonia, tendo como professor António Eduardo da Costa Ferreira, muito conhecido do maestro de então da Banda da GNR, Capitão Alves Ribeiro.
Fez carreira na Música: Entrou para a Banda da GNR, inicialmente em Trompa de Harmonia. Concorreu a Cabo em Trompa. Passou para 2º Sargento em Tuba, depois para 1º Sargento em Contrabaixo de Cordas em 1965. Em 1958 já havia entrado para a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, como reforço, até ao ano de 1966. Nesse ano concorreu para o quadro da Orquestra, cumulativamente com a Banda da GNR, tendo ficado na Orquestra até à sua extinção em 1988.