Há 74 anos, «um dos números que mais foi apreciado e despertou a curiosidade do público que, em grande número, assistiu à festa que se realizou conjuntamente com a «Feira das Colheitas» foi, sem dúvida, a exibição dos ranchos regionais», como então noticiou a Defesa de Arouca.
Foi aí, sobre o improvisado estrado levantado na vila, que os, não menos improvisados, primeiros grupos folclóricos de Arouca deram os primeiros passos e nestes se inspiraram as formações que se lhe haveriam de juntar e suceder nas edições seguintes. Santa Eulália, Chave, Rossas, Moldes e Canelas foram as freguesias que organizaram os primeiros grupos. O mais genuíno e inspirador, no entanto, terá sido o grupo do Merujal, pequeno lugar da freguesia de Urrô, então isolado lá no alto da serra da Freita.
Hoje, pese embora já não com a vitalidade de há pelo menos trinta anos, quando a juventude núbil aí tinha uma das poucas oportunidades para os seus devaneios, encontros e divertimentos, de que a dança lúdica era a primeira e mais apropriada aproximação dos corpos, mas também ainda longe do fim há muito vaticinado, a tradição folclórica está ainda muito viva em todo o concelho de Arouca.
Elementos do Conjunto Etnográfico de Moldes, por Carlos Belém |
Por isso, e em face das muitas e diferentes oportunidades, do leque de distracções, ocupações de ócio e labor, e alegadas faltas de tempo que caracterizam os nossos dias, esta realidade é digna de destaque e homenagem. Tanto mais quando, diz e desdiz bem do que há muito ficou escrito pelo autorizado etnomusicólogo Virgílio Pereira: «O cancioneiro de Arouca é o mais significativo do país. Vocês, arouquenses, não sabeis a riqueza folclórica que tendes nos cantos populares da vossa gente rural, espécies raras dos velhos «fabordões» e «gymeis»».
Pois, pelo menos estes Arouquenses, resilientes, dedicados e apaixonados, sabem! Bem hajam, por isso!