Quando despreocupadamente nos passeamos pelas velhas ruas da nossa Vila apercebe-mo-nos que muitas das suas casas estão a sofrer diversas obras que alterarão significativamente aquele ar de decadência que se encontrava já nuns lados, e
adivinhava a chegada próxima noutros. Fala-se muito das obras na parte baixa da Vila, as do parque
de estacionamento e feira, os arruamentos próximos, e aguarda se com ansiedade a
conclusão das mesmas. Uns a favor, outros contra, como é normal. De certeza que
aquela parte da Vila vai ficar diferente. As obras concluídas já o mostram e o
resto já se adivinha. Da parte alta, a parte mais antiga, a histórica, fala se
menos mas aí estão a decorrer mudanças, na minha opinião, que ainda há pouco
tempo se julgavam impensáveis. A rua Alexandre Herculano começa a ganhar de
novo vida com as recuperações em curso, e já se vêm por lá aqueles ares
atarefados de antigamente. As obras da Pensão Alexandre estão a concluir se e
começamos a ver uma Vila recuperada a cheirar a fresco. Então e seria oportuno,
aproveitar a maré e tentar criar condições para recuperarmos o nosso Centro. A Praça repleta nos dias de festas é pouco. A rua 1º de Maio, gosto-lhe do nome, é aquela rua sem passeios que mais parece uma estrada enfeitada
para um dia de visitas, ali pertinho da praça no inicio da subida da avenida.
Na minha opinião, deveria ser reclassificada e com circulação automóvel
reduzida. Uma rua para peões com comércio variado e útil, que já tem, com a
possibilidade de instalar duas boas esplanadas de restaurantes com nome feito,
e tudo sem grande despesa. A falta de passeios até ajudava. O quarteirão ficava
novo aproveitando as obras no prédio da Pensão. Essa rua tem ligação para o
centro comercial da Praça que iria beneficiar também, tem a tiracolo a rua
Mourisca com a barbearia na parte mais estreita e que todos sabemos nos recorda
tempos antigos pelo seu ar tímido e de poucas comodidades mas tem a vantagem de
ir cair também na Praça, no fundo, lá perto do chafariz. Tem a meio umas escadas
abandonadas que com um pouco de bom gosto e criatividade, umas pintadelas e uns
mosaicos fazem milagres, dão acesso à sede do Geoparque e prolongam a
permanência na parte mais antiga da Vila, o Centro. A rua 1º de Maio ao contrário de algumas
tem as casas a olhar umas para as outras, tem as medidas adequadas e o
impedimento de trânsito não seria muito difícil de resolver. O estacionamento
dos frequentadores utilizaria o parque atrás da Câmara e por ali próximo e quem
sabe a parte alta da Avenida regressasse também ao dinamismo antigo, agora que
por lá até um bar já temos. À partida tudo para dar certo. As paredes antigas
da nossa Vila estão a habituar-se de novo ao movimento e ganham de novo aquele
ar de satisfação de quem regressa de terras longínqua e traz roupas novas. O
turismo que nos visita e por cá permanece merece e deve poder passar a sua
estadia com ofertas variadas e com momentos que preencham e justifiquem a
deslocação. Não podemos limitar nos a oferecer à “movida” uma rua nada bonita
onde as casas e as pessoas olham para portas de garagens e que em meia dúzia de
passos esgota o interesse. Esta busca por novas e mais ofertas mantém acesa a
chama dos visitantes e prolonga lhes o interesse em estar e regressar
rapidamente. E nós que por cá moramos também o merecemos. Fica a opinião.