22 de maio de 2019

Futebol Clube de Arouca: ascensão, queda e continuidade...


O Futebol Clube de Arouca, - que antes de o ser já o era, uma vez que o «grupo de desportistas desta vila», ainda antes de, na década de quarenta, alinhar alguns anos como «Arouca Futebol Club», «Associação Desportiva de Arouca» e «Arouca Atlético Clube», se havia denominado já «Futebol Clube de Arouca», cerca de dez anos antes do surgimento do «Ginásio Club de Arouca» e da legalização desta agremiação desportiva em 1952 -, pode atravessar agora a mais delicada fase da sua história.

Com efeito, depois de quase vinte dourados anos em que vertiginosamente atingiu o principal escalão do futebol nacional e até um vislumbre entre os grandes do futebol europeu; com a queda inesperada de divisão logo a seguir, o Futebol Clube de Arouca ficou de tal modo combalido e periclitante que, no passado domingo, não conseguiu evitar nova descida de divisão, confirmando o desdouro futebolístico e ameaçando o desgoverno financeiro da instituição.

Diz a sabedoria popular que “quem mais alto sobe, maior queda dá.” E implícita está uma certa condenação moral pela ambição desmedida, mas, em âmbito competitivo e/ou desportivo nunca é reprovável almejar mais e o topo. Bem pelo contrário. Não é apenas ambição de quem dirige, mas também exigência de quem apoia. No entanto, isso implica um grande esforço e investimento a vários níveis e o sucesso, para além de não ser garantido, tem vários opositores. Muitos até. Pelo que perder e cair faz parte. Agora, é preciso é cair com dignidade e estar à altura de não transformar o orgulho em vergonha. De não permitir que se escreva uma página negra que seja, sobre tantas de história digna, humilde e, principalmente, das destes últimos e gloriosos quase vinte anos, que tanto nos orgulharam e muito contribuíram para apontar e fixar Arouca no mapa de Portugal e do Mundo.

Por isso, mais do que nunca, mais do que ontem e durante todo o tempo de sucesso, é preciso agora estar à altura da história de mais de sessenta anos e da glória destes últimos quase vinte. Haja esperança e determinação! Se o Futebol Clube de Arouca antes de o ser já o era, e tantas vezes superou o espectro da extinção, também não é agora que deixará de o ser. Como consta da sabedoria popular doutro povo que frequentemente gostamos de citar: “caia sete vezes, levante-se oito”, porque, “as dificuldades são como as montanhas: só se aplainam quando avançamos sobre elas”.

Quanto ao mais..., fica um pequeno excerto de um dos artigos escritos em 24 de Dezembro de 1953, em 'O Ginásio', Número Especial de Propaganda do Ginásio Club de Arouca: «Precisa um dirigente ter uma noção perfeita e completa das questões clubistas, e o espírito suficientemente esclarecido para lhes dar a solução mais ajustada. Mas, numa colectividade desportiva, pelo carácter das suas actividades e pela especial qualidade da camada social que forma, o dirigente carece de dispor de mais um bom lote de qualidades pessoais no número dos quais devemos incluir o tacto, um tacto sereno, diplomático, uma energia temperada no espírito de compreensão e de solidariedade, e grande conhecimento de carácter das massas, das suas aspirações e das suas reacções, para que possa aproveitar convenientemente, no serviço da colectividade, o conjunto das enormes forças que nela se desenvolvem.»